Society, you’re a crazy breed – parte 1

Visceral. Este post não vai revelar mais do que você precisa saber. Aliás, tudo que você precisa saber é que é lá no excelente Cine Bombril que você vai encontrar a arrebatadora adaptação cinematográfica de Into The Wild, livrão do escritor e jornalista Jon Krakauer (autor do também excelente “No Ar Rarefeito”). Em apertadíssima síntese, o velho Krak publicou em janeiro de 1993 na Revista Outside um artigo sobre um tal de Chris McCandless. Quem? Um jovem estudante norte-americano que decidiu largar tudo, botar uma mochila nas costas e se aventurar pelos Estados Unidos em direção ao Alasca. A história era tão boa que fez um enorme sucesso e motivou ainda mais o autor a prosseguir em suas pesquisas sobre a trajetória do garoto, o que rendeu no mínimo um excelente livro e um belíssimo filme.

Logo de cara somos apresentados a McCandless, já em seu destino final se virando como pode morando num ônibus abandonado onde estoca comida e se protege dos perigos da floresta. Feita a introdução, a história retrocede ao início de tudo: o garoto recebe seu diploma a contra-gosto, almoça com a família a contra-gosto e resolve abandonar tudo com muito gosto. Doa o dinheiro da faculdade, recusa um carro novo em folha, discursa contra o consumismo exagerado em que todos à sua volta estão mergulhados e cai no mundo abandonando sua vida segura de garoto de classe média para viver na estrada, pedindo carona e convivendo com estranhos.

O desenrolar da história é bárbaro. Acompanhamos a trajetória do jovem McCandless livres para julgar cada passo que ele dá, cada pessoa que ele conhece e abandona, cada coração que machuca antes de partir e cada mente que ele enriquece quando discursa. Os personagens são tão vivos que você se apaixona de forma instantânea e sente saudade assim que eles vão embora. Sim, a perspectiva do rapaz é totalmente original, questionadora, humana, real. Sean Pean não poupou esforços para evitar clichês, fugir das cenas fáceis e escapar da pieguice. O filme é deslumbrante visual, estética e intelectualmente. Penn dirige feito veterano. É seguro, preciso.

O elenco é um show à parte. Emile Hirsch encarna o jovem destemido de tal forma que não é possível delimitar o que é real e o que é arte. William Hurt e Marcia Gay Harden emocionam como os pais inconformados do garoto e Jena Malone (de “Orgulho e Preconceito”) também supera espectativas como a saudosa e querida irmã de Chris. Vince Vaughn se sai muito bem como um grande amigo que Chris faz pelo caminho, Catherine Keener impressiona com sua hippie emocional e carivante, mas absolutamente nenhum deles pode com Hal Holbrook (de “Cine Majestic”): o velhinho ranzinza que Chris conhece antes de partir para o Alasca. Ele vai te fazer chorar e você não tem escapatória.

Ah sim, a trilha sonora é de Eddie Vedder, noventa porcento voz e violão. Tinha como ser ruim?

headphone OUVINDO: Eddie Vedder – Into the Wild
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2 comentários em “Society, you’re a crazy breed – parte 1”

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