Rumo ao Sul: Dia 12 ( Urubici – SC )

Deixamos o sul com alegria e ainda mais empolgados para ver as belezas da serra catarinense e compará-las com a gaúcha. Lages, no nosso caminho para Urubici, é uma cidade com altitude máxima de 1.200m, o que já indica a qualidade cênica e climática da região. Fundada em 1766 como pouso de tropeiros que vinham de São Paulo em direção ao sul, a antiga Lajes (cuja grafia era a correta) rivaliza com Urubici como atração da serra. Tempo curto, como a primeira tem seus mais de 160 mil habitantes e a segunda não passa de 11 mil, decidimos visitar a cidade menor, que é mais a nossa cara e combinava melhor com o espírito ecoturístico da trip. Outro caminho que liga a serra gaúcha a catarinense a chamada “Rota dos Campos de Cima da Serra”: toma-se a estrada Cambará do Sul – São José dos Ausentes, conhecida por suas péssimas condições de terra e cascalho, sendo a maioria dos trechos em condições muito ruins e intransitáveis em épocas de chuva. Em compensação a paisagem é linda, repleta de campos, animais selvagens, flores e mata intocada. No caminho, o Pico do Monte Negro, ponto mais alto do estado do Rio Grande do Sul, em local de difícil acesso, mas de beleza rara. Caso disponha de tempo, de um 4×4 ou fôlego para ir à pé, o caminho é obrigatório.

Urubici normalmente é fria para os padrões brasileiros, com temperatura média de 13 graus e mínima em torno dos 17 graus negativos. Pela proximidade de São Joaquim, esperávamos mais frio que no sul, mas o destino nos reservou agradáveis e inesperados 20 graus durante nossa estada por ali. Além da temperatura inusitada, surpreendeu-nos a resistência dos governantes da região em aceitar turistas autônomos, que não gostam de contratar guias turísticos tagarelas/despreparados e preferem explorar tudo sozinhos. À exceção da Cachoeira do Avencal, algumas grutas sem graça, cachoeiras distantes e pequenas como a Véu da Noiva e mirantes como o Morro do Campestre e a principal atração – o Morro da Igreja – mais nada pode ser feito sem guia, o que inclui o Canion do Espraiado, o Campo dos Padres, a Cachoeira Rio dos Bugres, a caverna de mesmo nome e o Parque Nacional. A todo tempo os funcionários municipais lembram que esses passeios tem de ser pagos e agendados, não informam como chegar nessas atrações e alertam para os perigos quase sobrenaturais de realizar passeios sozinho por esses locais. Não há placas, roteiros ou guias para essas atrações, apenas folhetos publicitários de agências e guias que fazem os trajetos. Opção simples e barata em vez de sinalizar o local e confeccionar mapas para as atrações, nem todas tão isoladas e perigosas assim. Descartamos.

A Cascata do Avencal é a atração mais próxima do centro. Chega-se facilmente (e de carro) à parte de cima da cachoeira, local com uma visão interessante da serra e da queda, que normalmente cobra entrada (vimos placas) mas tinha guarita e estrutura abandonados em maio de 2009. Há trilha para descer à base da cachoeira que não tem sinalização (nem guias para conduzir, nessa época). Vale a pena passar por lá e depois conferir as inscrições rupestres no entorno, também não sinalizadas, mais ou menos 5km à frente na mesma estrada.

A atração principal, imperdível, é o Morro da Igreja, ponto mais alto e frio da região. Para chegar, saindo da cidade enfrenta-se 10km de estrada de cascalho tranquila e mais 16km de bom asfalto até a entrada da base militar do CINDACTA que fica no topo. De lá, avista-se a Pedra Furada, curiosa formação geológica em torno de paredões cobertos de bonita vegetação e rochedos imponentes. Dali é possível andar bastante no entorno, tirar fotos dos paredões e conferir a beleza da serra. Uma hora de caminhada é o suficiente para explorar todo o morro fora dos muros do exército. Vá cedo para evitar hordas de turistas, inclusive excursões escolares que freqüentemente levam as crianças de escolas próximas para conhecer e aprender mais sobre a região. Para descer à Pedra Furada, só com guia e nem tente perguntar: não há como chegar sem conhecer a região. Não duvidamos disso e já cansados da trip, deixamos para outra ocasião.

Para comer, recomendo a Pizzaria Cor da Fruta (Rua Adolfo Konder, 651) que serve a la carte e rodízio. O rodízio custa R$13 e tem ótima  qualidade, muito superior a várias pizzarias a la carte por aí e melhor que todas as que atendem em rodízio que já frequentei. Duas peculiaridades: o proprietário é viciado em Pendragon (trilha sonora rara para uma pizzaria) e o rodízio na baixa temporada é feito a pedido: você escolhe a pizza que deseja e quando ela chegar, em formato brotinho, já escolhe o próximo sabor e assim sucessivamente, sem esfriar a pizza ou correr o risco de só aparecerem sabores desinteressantes. Outra atração é a truta na chapa do Zeca´s Bar (Rua Adolfo Konder, 522) com buffet variado, aberto até meia-noite.   Para ficar, escolhemos uma opção barata e simples: Pousada Café no Bule, bem localizada, com cama box, suítes, tv e café da manhã por R$85 na baixa temporada. O café da manhã é razoável e por incrível que pareça: não tem café no bule, só solúvel. rs

No dia seguinte, um dos mais belos trechos rodoviários do país: Serra do Rio do Rastro e Serra do Corvo Branco!

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