Mochila nas costas: São Paulo a Foz do Iguaçú de ônibus

De carro, de ônibus ou  à pé, todas as viagens têm seu lado fascinante. De carro, o ponto forte é a liberdade de ir e vir a qualquer hora, ficar quanto tempo quiser e ir embora assim que enjoar, mas a preocupação é constante com a procura de locais seguros para deixar o veículo e todos os cuidados que implicam uma viagem longa (combustível, óleo, manutenção etc.). Viajando de ônibus essa preocupação acaba e o viajante fica só, com a mochila nas costas, decidindo se pega uma condução ou se vai à pé. Como em 2009 viajei muito por aí de carro, optei por fazer um pouco mais de exercício dessa vez e fazer uma megatrip de ônibus. Os detalhes vocês conhecerão a seguir.

Inicialmente, a idéia era aproveitar as férias para conhecer direito o litoral catarinense, mas a exemplo da viagem ao sul do ano passado, o tempo não ajudou e tive que adiar esse destino mais uma vez. No início de março desse ano, as única regiões brasileiras com sol eram o oeste do Paraná e o nordeste. Como deixei para decidir na última hora e não haviam passagens para o nordeste, optei pela alternativa mais próxima: Foz do Iguaçú! Acabo de votar e afirmo categoricamente: experiência inesquecível. Confirmei muitas informações colhidas na internet pelos colegas forumeiros e agora aproveito para deixar minha contribuição com todas informações atualizadas. Espero que aproveitem bem.

Foz do Iguaçu, com toda a sua diversidade de atrativos, representa um dos mais belos destinos turísticos do mundo e hoje é a segunda cidade  mais visitada do Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. Possui riquezas naturais incomparáveis, como o Parque Nacional do Iguaçu, tombado como Patrimônio Natural da Humanidade e onde estão localizadas as maravilhosas Cataratas do Iguaçu. Seus parques são administrados com esmero e servem de modelo em todo o país, a usina hidrelétrica de Itaipú, maior hidroelétrica do mundo em produção, é modelo de gestão compartilhada entre países no mundo inteiro e consegue a façanha de ser tão interessante quanto os atrativos naturais da região. A região ainda tem inúmeras opções de diversão, como trilhas interpretativas, rafting, rapel, escalada em rocha, arvorismo, passeios de barco em meio às quedas, sobrevôo das Cataratas de helicóptero, o lindo Parque das Aves, o Marco das Três Fronteiras, o encontro dos rios Iguaçu e Paraná e por aí vai. Nem acredito que demorei tanto tempo para conhecê-la!

Primeiro, um resumo rápido da viagem. Depois, todas as informações “técnicas” e dicas.

DIA 1 – TERÇA

Peguei o busão da empresa Pluma às 16:00h no Terminal Rodoviário da Barra Funda.
Tempo estimado de viagem: 16 horas. Tempo real: 15 horas e meia.

DIA 2 – QUARTA

Após incessantes paradas para embarque e desembarque de passageiros, o ônibus apontou na rodoviária de Foz do Iguaçú às 08:30 da manhã. Na rodoviária olhamos mapas, tomamos um café preto rápido e pedimos orientação no Centro de Informações Turísticas da Prefeitura. Pegamos um ônibus ao centro e chegamos ao hotel por volta das 09:00h da manhã. Bem recebidos, nos instalamos, tomamos um café da manhã reforçado e seguimos para as Cataratas brasileiras. Chegamos do rolê por volta das 18:30 horas. Banho, cochilo e janta no restaurante em frente. Cama às 22:30h.

DIA 3 – QUINTA

Saímos do hotel, de café tomado, por volta das 10:00 horas. Muito tarde para o passeio que queríamos fazer: cataratas argentinas + centro de Puerto Iguazú. Mesmo assim, insistimos e corremos para o ônibus. Pegamos o primeiro até a fronteira, lá carimbamos passaportes e resolvemos cambiar a grana, o que nos fez perder o ônibus (detalhes abaixo). Tomamos outro até a rodoviária argentina e de lá mais um até as cataratas, onde chegamos por volta das 11:00 horas. Visitamos praticamente o parque todo (menos a Isla de San Martin, que estava fechada por conta do grande volume de água do rio). Chegamos de volta à rodoviária argentina por volta das 18:00 horas e andamos por mais uma hora pelo centro de Puerto Iguazú. Compras feitas, fizemos o caminho de volta ao hotel em Foz, pegando um ônibus até a fronteira, carimbando passaporte e voltando ao ônibus rapidamente (agora sim!) e depois hotel. Tudo feito, chegamos por volta das 19:00 horas. Banho e jantar, cama às 22:00 horas.

DIA 4 – SEXTA

Saímos por volta de 09:30 horas com destino a Ciudad del Este onde passamos o dia todo. Não há necessidade de carimbar passaporte, nem descer do ônibus, então perde-se bem menos tempo. Chegamos cedo ao hotel, por volta das 17 horas. Exaustos, a noite rendeu só um rolezinho pela região, jantar e cama.

DIA 5 – SÁBADO

Dia de acordar tarde, saímos do hotel depois das 10:30 horas. Pela manhã andamos pelo centro (Av. JK, Av. Brasil) para fazer compras e conhecer a vida local. Almoçamos por volta do meio-dia e pegamos o ônibus para a Usina de Itaipú às 13:00 horas. Chegamos por volta das 13:50h na usina e completamos o tour às 16:15 horas. De volta ao centro, quarenta minutos depois, foi o tomar banho, andar um pouco no centro, comprar a passagem de volta do dia seguinte e jantar.

DIA 6 – DOMINGO

Compras pela manhã, barzinho à tarde e ônibus às 18:45 horas. Com atraso de meia hora, ainda chegamos uma hora antes do previsto: às 09:00 h da segunda-feira (hoje), chegamos a rodoviária do Tietê. Fim da trip.

Agora, o mais importante:

1. Transporte

De São Paulo a Foz do Iguaçú, a oferta de vôos não é tão grande, provavelmente por conta do aeroporto modesto (li num jornal local que estão lutando para ampliá-lo). Isso diminui a chance de obter passagens a preços promocionais interessantes, então depois de uma busca exaustiva nos sites das empresas aéreas, optei por ir de ônibus mesmo. São basicamente duas opções: Expresso Kaiowá e Pluma. As duas, atualmente, saem do Terminal Tietê e a Pluma também tem opção do terminal Barra Funda. Por motivos pessoais, optei pelo terminal Barra Funda e pela empresa Pluma. Saí numa terça-feira às 16:00 horas, o que me proporcionou preço promocional: R$136,62 pela passagem só de ida. Achei muito caro, pois o ônibus era muito velho e sujo, as paradas foram muitas e os o local escolhido para jantar (uma parada de meia hora) foi péssimo. Na volta, optei pela Pluma novamente porque o guichê da Kaiowa na rodoviária de Foz estava sem sistema. Dessa vez paguei o preço “cheio”, de R$151 mangos. O ônibus da volta era melhor, mais novo e limpo, porém com ar condicionado sem regulagem, o que fez com que todos congelassem durante a noite. Sofremos com o grande número de sacoleiros no horário (domingo, 18:45 horas). Quem gosta de sossego, sugiro evitar a todo custo retornar nessas condições. Especialmente aqueles que não gostam de ter a mochila esmagada com a imensa quantidade de muamba trazida do PY pelo pessoal barulhento. De resto, viagem tranqüila, com bem menos paradas que na ida. Tanto na ida quanto na volta havia uma caixa térmica com água, que nas primeiras quatro horas de viagem fica gelada, nas oito seguintes fica ambiente e nas quatro últimas fica quente. Eu tentaria a Kaiowa, mas não posso recomendar porque não consegui a passagem. A Cruzero del Norte, bem recomendada em fóruns e sites relacionados, não mais opera a partir dos terminais paulistanos, infelizmente.

Em Foz o transporte viário é muito organizado, limpo e pontual (se comparado ao de Sampa). Chega-se de ônibus tranquilamente às cataratas argentinas, às cataratas brasileiras, a Usina Itaipú, Paraguay, Puerto Iguazú etc. A passagem municipal custa atualmente R$2,20 e a internacional (PY e PI) custa R$3,00. Esta última aceita pesos e dólares também, na ida ou na volta. Caso você se hospede em algum ponto em que a parada de ônibus não atenda a todos os locais que deseja visitar, é só pegar um ônibus para o Terminal de Transporte Urbano (conhecido por TTU) e de lá pegar o ônibus certo, gratuitamente. Todos os funcionários das linhas, inclusive as internacionais, foram muito prestativos, educados e solícitos tanto em relação a informações quanto ao jeito mochila de andar (cargueira nas costas atrapalhando todo mundo, pedidos desconexos de informações, solicitação incessante de dicas etc.).

2. Hotel e Alimentação

Como fui com a namorada, queria sossego à noite e por isso descartamos os albergues, optando por um hotel. Como fomos de ônibus, segui recomendações dos colegas do site Mochileiros e escolhi o Hotel Rouver. Praticamente só tenho elogios a fazer: atendimento educado e prestativo, quartos e banheiros limpos, toalhas novas acompanhadas de sabonetinhos sem miséria, televisão à cabo, internet wi-fi, café da manhã completo (dois sucos, café, leite frio e quente, chocolate, cinco tipos de bolos, cinco tipos de frutas, ovos mexidos e salsicha no molho de tomate e cebola, balinhas à vontade, doce de leite, margarina e três tipos de pães ). Tem também transfer grátis para algumas atrações, absolutamente todas as informações atualizadas sobre os pontos turísticos locais (o Sidney, da recepção, é gente finíssima e manja muito), fica bem localizado, muito próximo de um ponto de ônibus onde passam TODOS os ônibus para as principais rotas (Puerto Iguazú, Cataratas, Paraguai, TTU e Usina Itaipú), em frente a um supermercado (da rede “Super Muffato”) que abre todos os dias e tem um ótimo buffet de comida à quilo,  próximo de vários barzinhos e restaurantes de tudo quanto é tipo (pizzarias, bares, mc donald´s, subway, pizza hut etc.). Tudo isso por 70 reais na suíte pequena e 80 reais na grande com sacada. Ambas tem ar condicionado, diferenciando-se a segunda por contar com mais espaço e um frigo-bar. Caso alguém tenha dificuldade para dormir, peça um quarto dos fundos porque na madruga do fim de semana sempre tem uma manezada fazendo barulho na avenida. Vai por mim que o hotel é show!

Para comer, recomendo o citado restaurante do Supermercado Super-Muffato, que abre para almoço e jantar, cobrando por quatorze pilas pelo quilo. A comida é muito saborosa, o local é limpo e tem ar-condicionado. Caso queria algo diferente no jantar, duas boas opções são o bar Jardim da Cerveja (ótima porção de filé na chapa com farofa, R$20 para duas pessoas) e a Oficina do Sorvete (com dezenas de opções a la carte e a  quilo), todas na mesma Avenida Jorge Schimmelpfeng, separados por uma ou duas quadras.

3. Cataratas

Já que é comum a polêmica, vou dar minha opinião pessoal: o parque argentino dá um pau no brasileiro. É muito maior, oferece visão mais próxima e interessante das cataratas e oferece o passeio de barco que te leva para debaixo delas pela metade do preço, não vejo compararação. Então, se você só dispuser de tempo para ir a um dos dois, escolha o argentino. Se tiver tempo para ambos, não deixe de ver os dois, pois só assim terá uma idéia completa do que é aquela imensidão de água. E dá orgulho de ter um parque tão bacana em território brazuca. Eu já andei muito por aí e não vi nada parecido. E tanto o nosso quanto o deles são muito bem estruturados, inacreditavelmente limpos, bem sinalizados, organizados e lindos. E cobram por isso: $45 pesos no argentino e R$22 no brasileiro, sem direito a meia da carteirinha de estudante. O passeio de barco pelas cataratas dura 12 sensacionais minutos e na minha opinião é imperdível. Do lado brasileiro chama-se Macuco Safari e do lado argentino chama-se Aventura Nautica (cheque os preços atualizados em Macuco Safari e Iguazu Jungle), mas aviso que nesse momento, o custo do passeio argentino é de quase metade do que é cobrado pela empresa brasileira). Ambas as empresas operam outros tipos de passeios, que combinam caminhões, jipes, botes, trilhas e outros atrativos, que talvez você queria conhecer. Vale a pena se informar pelos sites antes de ir para lá. Por fim, informo que tanto as lojas de souvenirs quanto as lanchonetes e restaurantes de ambos os parques são caros. Para o mochileiro menos abonado, vale levar um lanchinho e deixar para comprar no máximo a bebida por lá ou deixar para comer no Parque das Aves. Em caso de emergência, há serviços digitais por toda parte (cartões de memória, cds, computadores para transferência de arquivos etc.). Souvernirs você encontra mais barato no centro de Foz (no topo da Avenida Brasil, numa feirinha de artesanato e algumas poucas lojinhas) porém sem a mesma qualidade.

DICA 1: Não tente fumar dentro de nenhum dos parques e não alimente os quatis ou outros animais que avistar, caso contrário pode tomar uma senhora advertência ou ser multado. Há placas para lembrá-lo disso por todos os lados. E por falar em quatis, cuidado com eles: se você comer na frente dos bichos, eles vão dar uma disfarçadinha ridícula e avançar em você no minuto seguinte. As garotas se assustam bastante e eles podem machucar, apesar de não ser sua intenção. Cuidado para não estragar o passeio.

DICA 2: Para ir ao parque argentino a partir de Foz, deve-se tomar o ônibus para Puerto Iguazú. O ônibus seguirá até a fronteira e vai parar duas vezes : na primeira descem apenas os residentes de fora do MERCOSUL para carimbarem seus passaportes, na segunda descem os demais para conferência de documentos (pode levar seu passaporte ou RG – não são aceitas carteiras de motorista ou quaisquer outros documentos). O ônibus não espera os estrangeiros, mas espera alguns (poucos) minutos pelos brasileiros na saída da fila do passaporte. Portanto, apresse-se para sair do ônibus e dirija-se à fila com seu passaporte (ou RG) o mais rápido possível. Feita a conferência pelo funcionário argentino, saia do prédio e verá o ônibus te esperando, alguns metros à frente de onde te deixou. Atenção: o ônibus não espera além desse tempo, portanto, se não quiser pegar outro, nada de comprar Quilmes na lojinha de conveniência ou trocar moeda na casa de câmbio que estão ali ao lado.

DICA 3: Este mesmo ônibus te deixa na rodoviária de Puerto Iguazú, onde há um guichê da empresa El Pratico, que vende ingressos para os passeios da empresa Iguazú Jungle (Gran Aventura, Aventura Nautica etc.) pelo mesmo preço do parque, porém sem filas e também vende a passagem de ônibus para o parque argentino. A passagem custa $10 (pesos) por pessoa e o ônibus pode ser bom ou ruim, depende de sorte. Aceita também reais e dólares. Compre ida e volta para não se preocupar ao retornar. Na volta, já na rodoviária, caso pretenda voltar a Foz no mesmo dia, verifique o horário dos ônibus – para não perder o último – e dê uma volta pelas redondezas. Há uma sorveteria sensacional ali perto, além de casas regionais que vendem alfajores, camisas de times de futebol argentinos e outras coisas bacanas. Vale a pena andar um pouco por ali.

DICA 4: Não deixe, de forma alguma, de conhecer o Parque das Aves. Fica bem próximo a entrada do parque brasileiro, menos de cinco minutos à pé. Me diverti muito lá, quase tanto quanto nas cataratas. A quantidade das aves é impressionante e é possível entrar nos viveiros e interagir com tucanos, araras e outros tantos pássaros. Parece um pouco caro (ingresso por pessoa para brasileiro: R$ 18) mas vale cada centavo. Programe-se para chegar bem cedo às cataratas brasileiras e por volta da hora do almoço (dá pra ver tudo com calma até lá) vá para o parque das aves. Você vai seguramente passar a tarde toda lá e ainda poderá comer na lanchonete, que serve lanches excelentes a preços justos (um chesseburguer bem servido sai por menos de quatro mangos, por exemplo). Vale muito a pena!

4. Câmbio

Muita gente costuma trocar os reais por pesos na casa de câmbio Libres S/A, que fica ali na aduana argentina (fronteira BRA-ARG) que é conhecida por ter uma boa cotação, mas se você a utilizar e estiver de ônibus, vai perdê-lo e terá de esperar pelo próximo e pagar novamente por ele. Por experiência própria, recomendo trocar seus reais por pesos na Fitta DTVM (Av. Brasil, 1251, Centro de Foz do Iguaçú), que também tem boa cotação e é muito segura. Troquei meus reais por dólares ali antes de ir ao Paraguai e gostei do lugar, que inspirou confiança, está bem localizado e me passou notas novas e bem conservadas. Sobre o Paraguai, optei por cambiar reais por dólares para facilitar as compras, mas se você não tiver tempo de fazer isso, recomendo DE JEITO NENHUM que o faça em Ciudad de Leste. Há notas falsas demais circulando por lá e não vale a pena, mesmo porquê a grande maioria das lojas paraguaias aceita reais e não costuma usar uma cotação tão desfavorável assim.

5. Paraguai

Como decidi fazer a trip de última hora, não pude pensar direito no que queria trazer de lá, então aconteceu o óbvio: fiquei perdidasso. Ciudad del Este é só lojas, de tudo quanto é coisa, cercadas por camelôs, muita bagunça e gritaria. Para quem conhece Sampa City, a coisa toda é uma mistura perfeita de Brás, 25 de Março e Santa Efigênia, porém bem mais apertada e com a galera gritando de tudo, a todo momento e em todas as línguas possíveis e inimagináveis. O que me salvou foi o mapa das lojas nesse link. Imprima e leve com você. Pelo que vi, compensa comprar perfumes, cosméticos, bebidas, relógios e tabacaria na Macedônia, , bebidas, jóias, bolsas, calçados, eletrônicos e informática na La Petisquera (principalmente informática no box do centro da loja, consulte preços antes no site da loja), basicamente as mesmas coisas e principalmente relógios, vinhos e apetrechos para bebidas no Shopping Americana (são muitas lojas de relógios, genéricos e originais, e perfumes e bebidas a preços excelentes, especialmente na loja Americana S/A, que fica no segundo piso) e camisas de times de futebol do mundo todo e vestuário em geral na Casa China. Informática não tem pra ninguém: Shopping Lailai. Como disseram, não se assuste com a aparência externa das lojas: normalmente do lado de dentro é melhor (às vezes é pior também, rs) e tente fazer as compras com calma, sem atropelos. Se não vai comprar nada nos camelôs, ignore-os, pois um mínimo de atenção (até mesmo um “não, obrigado”) pode te condenar à danação eterna. Para comer, segui a dica de uma amiga e comi no último piso do Shopping Americana: uma Budweiser argentina e um pedaço de pizza napolitana gigante custaram cerca de 10 reais. Se não tiver tempo, esqueça Shoppings como Mega e Monalisa, que tem preços similares aos brasileiros. E reserve ao menos um dia para as compras, porque na volta o trânsito pára e você perde bastante tempo na fronteira. Ah sim, segui as dicas de amigos que foram e comprei tudo dentro da cota de 300 dólares (se você passar dela, terá que pagar 50% de imposto sobre o excedente). O ônibus FOZ – CDL não para nem na ida, nem na volta, a não ser no posto da Receita Federal, quando sobe um fiscal que pede para que todos abram suas malas e confere meio à olho o que você está trazendo. Saí às 09:45h do hotel em Foz e retornei a ele às 17:00h. Talvez se já soubesse o que queria tivesse feito tudo em menos tempo.

6. Usina Itaipú Binacional

As cataratas eu já sabia que eram fantásticas e vi que são mais lindas ainda do que imaginava. Ciudad del Este eu já sabia que era confusa e vi que era mais ainda quando cheguei lá e vi aquilo tudo. Mas o que eu menos esperava era gostar tanto da visita a usina! São diversos tipos de passeio por lá, com preços e durações variadas. Escolhi o Circuito Especial e não me arrependi. Esse rolê inclui a visita completa ao exterior e ao interior da barragem, um excelente atendimento com monitores bilIngües, exibição de um filme sobre Itaipu e meio ambiente e um ônibus bem bacana que faz os trajetos externos, com água gelada incluída e a vontade. Dura umas 2 horas e meia e tem sete etapas, que vão desde a visita panorâmica ao coração da geração de energia. Os caras deixam fotografar o tempo todo e são bem atenciosos. Confira tudo passo a passo aqui. Abre todos os dias, com saídas às 8h30, 9h, 10h30, 11h, 14h, 14h30, 16h e 16h30, podendo reservar com antecedência no 0800 645-4645 ou reservas@complexoitaipu.tur.br . Eu liguei no 0800 de lá mesmo, pelo celular e fui prontamente atendido. Tudo isso, entretanto, tem um preço: R$ 37 para adultos, e R$ 18,50 adolescentes (14 a 16 anos), idosos (60 anos), estudantes com carteirinha, e brasileiros residentes em municípios próximos.

DICA: Os cara não deixam de jeito nenhum ir de chinelos ou sapatos de salto e até tem alguns sapatos lá para emprestar, mas são poucos e se não sobrar, você terá que esperar o próximo horário (se houver).

Para fechar, recomendo a leitura de um livro bem bacana que encontrei no lobby do hotel: Os Varões Assinalados, de Tabajara Ruas. Publicado pela L&PM em 1985, o livro é a principal das obras de ficção brasileira que recria as lutas e as batalhas da Revolução Farroupilha (1835-1845), a mais longa guerra civil ocorrida no Brasil. A insurreição teve como ápice a proclamação, em 1836, da República do Piratini, dissolvida nove anos depois pelo Tratado do Poncho Verde. Segundo o site da LP&M, “Tabajara Ruas foi rigoroso na construção histórica desta obra, baseando sua epopéia na figura de personagens reais que se tornaram míticos, como o comandante Bento Gonçalves, o general, Giuseppe Garibaldi e os italianos Rossetti e Zambicari. Outros personagens carregados de força dramática são reconstruídos de forma literariamente admirável. Neste livro, homens rudes se misturam com generais sofisticados e atos de traição se mesclam com bravura e heroísmo”. Curtiu?  Vá atrás!

E é isso. Fiz tudo em cinco dias, sem pressa e com gosto. E curti muito, muito mesmo. Recomendo a todos fazer essa viagem e descobrir porque o Brasil não é feito só das praias do Rio de Janeiro e do Nordeste. Os estrangeiros já descobriram isso e me arrisco a dizer que a região hoje recebe mais turistas vindos de fora que brasileiros interessados em sua beleza e receptividade. Hora de mudar isso, né? Boa viagem!

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15 comentários em “Mochila nas costas: São Paulo a Foz do Iguaçú de ônibus”

  1. Dica : em Puerto Iguaçu tem uma loja de vinhos chamada “Oda” que tem preços EXCELENTES.

    1. Obrigado Rosemary! Se você tiver alguma dica atualizada, escreva pra gente. Já faz algum tempo que não tenho notícias da região e foi uma viagem que eu gostei muito de fazer. Abraço!

  2. nossa essas dicas serão preciosas em breve, rs. Só um comentário, na verdade mais uma dúvida. Eu sempre vaiajo com namorado e fico em albergue, mas em quarto de casal e com banheiro no quarto. No Brasil não tem essa opcão ou v nem chegou a pesquisar?

    O bom é que vc tem privacidade ao mesm tempo conhece uma galera que está na mesma onda que vc.

    1. É uma excelente opção! Eu também cogitei ficar em albergue quando fui, nas época o Hotel Rouver estava com preços melhores e localização mais interessante pelo meu roteiro. Lá há pelo menos três Hostel Paudimar Campestre (0xx45) 3529-6061, Hostel Paudimar Falls 3028-5503 / 3574-5503 (o mesmo hostel, porém mais próximo das cataratas e bem distante do centro), Hostel Bambu (www.hostelbambu.com) e o Klein (www.kleinhostel.com) pra citar os mais famosos. Vale a pena dar uma olhada, principalmente se a pegada for fazer amizade. Foz está lotada de estrangeiros de tudo quanto é lugar e é parada obrigatória para os gringos que vem fazer a América. Depois me conta!

  3. Menino, vc nem imagina a quantidade de vezes que já planeje de ir pra lá e nã deu certo!!! Um vergonha, rs

    beijao

    1. Eu sei como é. Estava ensaiando uma trip pra lá desde 1999!! Mas nunca é tarde pra fazer, né? A década de espera valeu a pena! Está tudo lindo, limpo, organizado e interessante! Vá!

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