Ilha de Páscoa para Mochileiros : Uma Semana em Rapa Nui

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Agora que você já sabe tudo sobre o incrível vulcão Rano Kau, já leu sobre a história, a cultura e os atrativos da ilha de Páscoa e já tem uma boa ideia do que são aquelas pedras imensas chamadas moais, segue a sugestão de um roteiro de uma semana inteira na ilha – tempo que considero ideal para aprender, caminhar e curtir a ilha com calma.

PRIMEIRO DIA

Como você inevitavelmente chegará no meio do dia, vale a dica tradicional: ambiente-se! Procure um guia, dê uma olhada nas agências, passeie pelo centro, visite os moais próximos da costa no complexo Tahai (vista perfeita para o pôr do Sol), conheça o Vai Te Mihi, localize restaurantes, farmácia e mercado, peça um mapa no seu local de hospedagem e dê uma boa olhada nele, saia para jantar com calma, converse com os locais e descanse bastante do voo porque seus próximos dias serão bem puxados. Foi assim que eu fiz e não me arrependi!

SEGUNDO DIA

Acho fundamental contratar um guia, ao menos para esse primeiro dia de exploração, pois assim você terá uma boa noção do que vai encontrar e poderá interpretar o que vê, não correndo o risco de os moais lhe parecerem amontoados de pedras antigas sem sentido. Como falei lá no primeiro post, contratei o Kako, um rapa nui gente boa que já morou no Brasil, conhece a história de sua gente e molda o roteiro de acordo com o que o grupo pede. Infelizmente perdi o contato dele no facebook, mas o pessoal do Kona Tau pode  fornecer seu telefone ou localizá-lo para você. Todos na ilha o conhecem, pois ele faz parte do tradicional Kari Kari – grupo de dança folclórica local.

Pois bem, me integrei a uma galera, rachamos o aluguel de um carro e partimos pra explorar a ilha sob a supervisão do nativo.

Como tinha bastante tempo, achei bacana visitar com ele os lugares que requerem mais informação: Rano Rarako, Ahu Tongariki, Setor Akivi, Ana Te Pahu, Ana Kakenga e Caverna das Duas Ventanas. Um show de informação num roteiro tranquilo e interessante.

TERCEIRO DIA

Dia de caminhar:  Orongo, Rano Kau  e Ana Kai Tengata.

Saindo do centrinho de Hanga Roa e pegando a estrada à direita do Aeroporto são 6km de estrada de terra bem conservada ou 3,5km por trilha demarcada. Não há o que pensar: da trilha se tem uma vista incrível da orla de Hanga Roa, percorre-se um campo florido muito bonito (e excelente para fotografar) e aproveita-se o passeio de forma muito mais interessante e segura. Em cerca de 2h se alcança a cratera do vulcão, caminhando com calma e fotografando bastante. Caminhantes mais experientes percorrem todo o trecho, bem tranquilo, em pouco mais de uma hora.

Alcançado o vulcão, pode-se perder (ou ganhar) tanto tempo quanto se quiser apreciando a paisagem, tirando fotos, caminhando livremente pelas bordas. Dali, mais uma caminhadinha e alcança-se a aldeia cerimonial Orongo – complexo com museu, centro de visitantes, ruínas restauradas e mirante para a famosa ilha da competição do Homem-Pássaro, onde o manutara colocava seus ovos.

QUARTO DIA

Acorde de madrugada (informe-se sobre o horário do nascer do sol perguntando no seu hotel ou usando uma ferramenta online) e percorra a estrada sul, que margeia o oceano, até o Ahu Tongariki – o ahu restaurado com os famosos quinze moais, local onde você vai curtir o nascer-do-sol mais louco da sua vida. Mas cuidado nesse trecho, pois não há iluminação e há muitos cavalos soltos que podem atravessar a pista de repente! Sugiro que saia, preferencialmente, pelo menos duas horas antes do horário indicado para percorrer a estrada com calma, sem pressa e com toda segurança. Muitas operadoras vendem esse passeio também, caso você prefira não alugar um carro.

Mas se você optou pelo coche, volte pela mesma estrada e entre no acesso à Rano Raraku, a fábrica de moais. Lá você pode se divertir à valer pelo resto do dia, caminhando entre moais nos seus mais diversos estágio de construção e conservação, tirar fotos de toda a enseada e dos campos do lado oposto, conversar com os guarda-parque ou simplesmente explorar cada canto da montanha. Se você já visitou o lugar com guia no primeiro dia, pode tirar a tarde para explorar toda a costa ao redor do Ahu Tongariki, que foi o meu caso. Carcaças de cavalo secas, grutas, petrogrifos, monumentos, sítios arqueológicos e até alguns pontos de entrada no mar são algumas das atrações que você vai encontrar nesse canto da ilha.

QUINTO DIA

Vá de carro até o início da estrada que leva ao Ahu Akivi. O começo é ruim, mas não se assuste: fica pior. Caso as condições do tempo sejam ruins, é um roteiro a ser evitado pelos menos experientes, porém altamente recomendado para quem gosta de jogar um 4×4 na lama.

Logo no início passa-se pelo escondido Ahu Uri A Urenga, seguem-se Puna Pau, Ahu Akivi (o único conjunto de moais que olham para o mar), o complexo de cavernas Ana Te Pahu (leve lanterna), Ahu Te Peu e o gran finale:  por-do-sol em Ana Kakenga (também conhecida como caverna das “duas ventanas”, a mesma que visitei com o guia no primeiro dia, mas aqui feita com calma). Na volta, já quase no escuro, não perca de vista o complexo Tahai, especialmente sinistro com pouca luz.

SEXTO DIA

Nesse dia eu peguei um táxi para ir até o extremo oposto da ilha, onde fica a belíssima praia de Anakena. Lagartixei por lá por algumas horas, nadei e caminhei nas redondezas,  almocei bem numa das barracas e tomei umas cervejas para relaxar. Na volta, 6h de estrada à pé até Hanga Roa. Foi um dos pontos algos da trip: andar sozinho, pelas estradas loucas cheias de paisagens únicas, cavalos soltos trotando à esmo, ruínas de casas antigas, moais caídos e de quebra uma visitinha a  Ovahe, o Umbigo do Mundo e a vizinha Papa Vaka (petrogrifos a dar com pau).

Se você não quiser ficar tanto tempo na praia ou não tiver pique para fazer a travessia da ilha à pé, vale combinar um táxi na volta ou mesmo fazer o roteiro de carro. Ovahe é bem perto de Anakena e você vai à pé de qualquer forma. Na volta, próximo ao eixo que vai ao Tongariki você localiza por uma placa na estrada o famoso o Ahu Te Pito Kura (umbigo do mundo, pedra com propriedades magnéticas ao lado de um moai gigantesco, infelizmente caído e degradado há muitos anos). O complexo Papa Vaka, entretanto, não está sinalizado, o que exige muita atenção se você estiver de carro (procure por um sendero que parte da estrada, com algumas rochas empilhadas dos dois lados).

SÉTIMO DIA 

Dia de chill out. Na minha despedida larguei as empanadas que me acompanharam nas trilhas e me dei de presente uma boa refeição, tomei mais alguns pisco-sours e fiz uma exploração completa de Hanga Roa, com direito a souvenirs na feirinha, visita ao museu (interessantíssima!) e mais um tanto de boas fotos no Tahai.

Infelizmente, por causa de fortes chuvas dos meses anteriores, a trilha para o vulcão Teravaka estava fechada. Se você puder ir, sugiro que aproveite porque é o ponto mais alto da ilha e a vista deve ser sensacional.

Outra atividade que não fiz por falta de tempo foi o mergulho. Orca e Mike Rapu são as duas operadoras locais, tradicionalíssimas. A primeira foi fundada por um integrante do grupo de Jacques Cousteau , que teria abandonado o Calypso e seu comandante para se casar com uma rapa nui. Mike Rapu, que leva o nome do proprietário, campeão sul-americano de caça-submarina e recordista de apnéia com lastro constante, tem a fama de ter equipamentos mais modernos e ser um pouco mais cara. Ouvi dizer que a visibilidade é incrível por ali, então se tiver oportunidade (e cash!)… já sabe.

E é isso. Espero que os post tenham sido úteis. Desejo a você que chegou até aqui uma excelente viagem e coloco-me à disposição  para tirar as dúvidas.

A Ilha de Páscoa é um lugar que não vai sair jamais da minha cabeça e tenho certeza de que você que me lê sentirá o mesmo caso se proponha a visitar o lugar como merece: com calma, respeito e admiração. Divirta-se!

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4 comentários em “Ilha de Páscoa para Mochileiros : Uma Semana em Rapa Nui”

  1. Olá, meu nome é Ronaldo, estou planejando fazer a viagem em outubro desse ano. Suas informações foram muito válidas, obrigado. Mas gostaria de saber se você tem idéia do preço dos mergulhos, se é ideal já ter reserva de hospedagem ou se consigo encontrar lá na chegada sem problemas (de preferência hostel/camping)…e tenho mais algumas dúvidas que caso tenha tempo, gostaria que me ajudasse por email. Segue o meu: segunndo_4@hotmail.com
    Desde já agradeço. Abraços.

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