Relato: Uma semana no Deserto do Atacama

Se você chegou até aqui primeiro, conheça também o post com apresentação e dicas gerais do Deserto do Atacama para mochileiros. 

Nesta página, apresento um pequeno relato dessa viagem incrível pelo deserto mais alto e seco do mundo, que rolou em abril/2014. Fique a vontade para usá-lo como roteiro base ou início de suas pesquisas. Relembro aqui que não sou de planejar milimetricamente meus trajetos, nem horários, mas gosto de viajar com uma boa base de informações do lugar que vou visitar, sua história, lugares indicados para comer, dormir e atividades interessantes. Sabendo onde está e do que se gosta, é bem mais difícil se frustrar com o resultado. Funciona para mim, nem sempre vai funcionar para você. Só testando mesmo que se aprende.

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DIA 01 – São Paulo  – Santiago – Atacama

Ao contrário da minha última viagem ao Chile, dessa vez deixei Santiago de lado e peguei um voo da LAN de São Paulo para Calama, a cidade com serviço de aeroporto mais próxima de San Pedro do Atacama, com apenas uma escala em Santiago.

Entre Calama e Santiago são 1.227 km, que a LAN faz em cerca de 2h. Há 57 voos por semana entre as duas cidades, então provavelmente você não terá problemas para chilebenvenidoscomprar sua passagem aérea. Como já disse aqui, comprei com alguma antecedência para ter a viagem melhor planejada, já que a velha dica de deixar para comprar a passagem em Santiago não funciona mais. Em abril, comprando num fim de semana de promoções da TAM e/ou da LAN, você pode conseguir essa passagem por cerca de 500 reais ida-e-volta. Foi mais ou menos o preço que paguei. Os voos correram normalmente, sem qualquer problema.

A imigração foi feita em Santiago como de costume. Saindo do avião, segui as placas com indicações em inglês e espanhol até a fila de controle de passaporte. Tudo muito rápido e sem qualquer pergunta ou constrangimento (ao contrário do que aconteceria, dias depois, no meu retorno ao Chile pela Bolívia). Já havia preenchido o formulário de imigração que me deram no avião, que foi dividido ao meio pelo oficial, que ficou com a parte de cima e me retornou a outra metade dentro do passaporte, desejando boa viagem. Sempre fico nervoso nessa parte, com medo de perder a minha via e ter que responder perguntas, pagar multas extorsivas ou ter problemas para deixar o país. Felizmente, como sempre, deu tudo certo , retirei minha mala na esteira e segui o corredor até a fila do scanner da alfândega. Depois de tirar dinheiro num cajero automático (caixa eletrônico em espanhol – você pode sacar com seu próprio cartão brasileiro se ele tiver o logotipo “plus” na face detrás) procurei um lugar para fazer um lanche. Assustado com os preços do La Pausa e do Gatsby, tomei um café no Dunkin Donnuts mesmo, dei aquela esticada nas pernas e  redespachei minha mochila cargueira no guichê da LAN.

Já em Calama, aeroporto minúsculo, retirei as malas e dei uma olhada no lugar. Em reformas drásticas na época, estava tudo empoeirado e bastante bagunçado, porém com indicações suficientes para até um cachorro encontrar seu destino. Rapidamente visualizei o  balcão da empresa Licancabur, que havia reservado uma semana antes, paguei a viagem ida-e-volta e em meia-hora já estava a caminho do grande deserto.

Só esse trecho de estrada entre o aeroporto e o povoado de San Pedro já arrepia. A paisagem vai ficando árida, as casas vão sumindo, o asfalto chileno bem cuidado e brilhoso vai se tornando rapidamente um intruso na paisagem e quando menos se espera, San Pedro já te abraçou com suas ruas de areia, casas de adobe e aquelas bandeirinhas multicoloridas pra todos os lados.

A van me deixou na porta do Campo Base por volta das 15h. Informações coletadas, dicas anotadas, larguei minha cargueira no armário do quarto, tomei uma ducha rápida e me mandei pro centro para pesquisar entre as agências. Tinha muito a fazer: pesquisar preços dos passeios do Atacama, da ida ao Salar de Uyuni na semana seguinte, encontrar a agência da Space Orbs, trocar boa parte dos meus dólares por pesos chilenos, conseguir um bom lugar para um bom jantar e quem sabe encontrar alguém para dividir os rolês pelo deserto.

Levei cerca de 3h para percorrer as principais agências e dar uma boa olhada no centro. Com as boas empoeiradas e o rosto suado, comi uma empanada e tomei uma cerveja na rua principal, já com tudo fechado para a primeira semana da viagem. Ao voltar ao hostel depois do pôr-do-sol para pegar uma blusa e descarregar a papelada, dei com meus companheiros de quarto tomando banho, conversando e trocando ideias sobre os atrativos da região. Brasileiros, franceses, americanos, todos ficamos conversando até tarde no redário e entornando alguns vinhos que compramos no centro. Ótimo primeiro dia.

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