Conheça a (desconhecida) Bueno Brandão-MG

Júlio Bueno Brandão foi um político mineiro, nascido em Ouro Fino em 11 de julho de 1858. Não cursou nenhuma faculdade de Direito, mas mesmo assim foi juiz de Direito de Camanducaia, juiz municipal e delegado de Ouro Fino. Segundo o historiador Antônio de Paiva Moura, trata-se do “mais bem sucedido autodidata da magistratura mineira” e ficou conhecido por governar por duas vezes o estado de Minas Gerais durante a República Velha. Em 1838 virou nome de cidade, batizando um simpático vilarejo localizado na Serra da Mantiqueira, que conta com altitudes de até 1600m. A temperatura média anual é de 16,5°C, com máxima no verão de 32°C e mínimas de até -4°C nos invernos mais rigorosos. Leve, portanto, roupas para ambas as estações, pois a regra geral é friozinho à noite e solzão durante o dia.
Bueno Brandão fica no Sul de Minas, a míseros 175km da cidade de São Paulo. É inacreditável que ainda não tenha evoluído o suficiente para atrair mais visitantes decididos a enfrentar suas estradas de terra e falta de sinalização, pois seus atrativos naturais contam com várias trilhas e mais de 30 cachoeiras de água gelada e límpida! Melhor assim, já que é um dos poucos destinos próximos de São Paulo que podem ser frequentados tranquilamente aos fins de semana e feriados, sem turbas de turistas ensandecidos e barulhentos.

Para quem vem de Sampa City, recomendo seguir pela Fernão Dias até Bragança Paulista e de lá pegar a estrada que segue para Socorro. Em Socorro é só seguir 6Km até o trevo de Bueno Brandão. De lá são mais 14km a BB, metade de terra em boas condições. Atenção:existe  apenas uma placa indicando o caminho no trevo, apontando para o Bairro de Lavras e Bueno Brandão. O trecho de terra é absolutamente tranquilo para qualquer 4×2.

Para lá, recomendo  ir de carro. As estradas são longas, as atrações são distantes, a sinalização é bastante precária e em vários trechos simplesmente inexiste. Os caras ainda estão engatinhando no ecoturismo e mesmo o Centro de Informações Turísticas não fornece informações confiáveis. Me deram um mapa lá em novembro de 2009 que não marcava distâncias, nem nomes de ruas ou bifurcações, ou seja, de nada servia. O melhor mesmo é escolher as atrações previamente e sair perguntando aos locais, sempre muito prestativos porém com uma noção de distância um tanto peculiar. Encha o tanque. rs

Por lá visitei boa parte das atrações principais. Algumas deram trabalho, outras não. Vamos lá:

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Rumo ao Sul: Dia 12 ( Urubici – SC )

Deixamos o sul com alegria e ainda mais empolgados para ver as belezas da serra catarinense e compará-las com a gaúcha. Lages, no nosso caminho para Urubici, é uma cidade com altitude máxima de 1.200m, o que já indica a qualidade cênica e climática da região. Fundada em 1766 como pouso de tropeiros que vinham de São Paulo em direção ao sul, a antiga Lajes (cuja grafia era a correta) rivaliza com Urubici como atração da serra. Tempo curto, como a primeira tem seus mais de 160 mil habitantes e a segunda não passa de 11 mil, decidimos visitar a cidade menor, que é mais a nossa cara e combinava melhor com o espírito ecoturístico da trip. Outro caminho que liga a serra gaúcha a catarinense a chamada “Rota dos Campos de Cima da Serra”: toma-se a estrada Cambará do Sul – São José dos Ausentes, conhecida por suas péssimas condições de terra e cascalho, sendo a maioria dos trechos em condições muito ruins e intransitáveis em épocas de chuva. Em compensação a paisagem é linda, repleta de campos, animais selvagens, flores e mata intocada. No caminho, o Pico do Monte Negro, ponto mais alto do estado do Rio Grande do Sul, em local de difícil acesso, mas de beleza rara. Caso disponha de tempo, de um 4×4 ou fôlego para ir à pé, o caminho é obrigatório.

Urubici normalmente é fria para os padrões brasileiros, com temperatura média de 13 graus e mínima em torno dos 17 graus negativos. Pela proximidade de São Joaquim, esperávamos mais frio que no sul, mas o destino nos reservou agradáveis e inesperados 20 graus durante nossa estada por ali. Além da temperatura inusitada, surpreendeu-nos a resistência dos governantes da região em aceitar turistas autônomos, que não gostam de contratar guias turísticos tagarelas/despreparados e preferem explorar tudo sozinhos. À exceção da Cachoeira do Avencal, algumas grutas sem graça, cachoeiras distantes e pequenas como a Véu da Noiva e mirantes como o Morro do Campestre e a principal atração – o Morro da Igreja – mais nada pode ser feito sem guia, o que inclui o Canion do Espraiado, o Campo dos Padres, a Cachoeira Rio dos Bugres, a caverna de mesmo nome e o Parque Nacional. A todo tempo os funcionários municipais lembram que esses passeios tem de ser pagos e agendados, não informam como chegar nessas atrações e alertam para os perigos quase sobrenaturais de realizar passeios sozinho por esses locais. Não há placas, roteiros ou guias para essas atrações, apenas folhetos publicitários de agências e guias que fazem os trajetos. Opção simples e barata em vez de sinalizar o local e confeccionar mapas para as atrações, nem todas tão isoladas e perigosas assim. Descartamos.

A Cascata do Avencal é a atração mais próxima do centro. Chega-se facilmente (e de carro) à parte de cima da cachoeira, local com uma visão interessante da serra e da queda, que normalmente cobra entrada (vimos placas) mas tinha guarita e estrutura abandonados em maio de 2009. Há trilha para descer à base da cachoeira que não tem sinalização (nem guias para conduzir, nessa época). Vale a pena passar por lá e depois conferir as inscrições rupestres no entorno, também não sinalizadas, mais ou menos 5km à frente na mesma estrada.

A atração principal, imperdível, é o Morro da Igreja, ponto mais alto e frio da região. Para chegar, saindo da cidade enfrenta-se 10km de estrada de cascalho tranquila e mais 16km de bom asfalto até a entrada da base militar do CINDACTA que fica no topo. De lá, avista-se a Pedra Furada, curiosa formação geológica em torno de paredões cobertos de bonita vegetação e rochedos imponentes. Dali é possível andar bastante no entorno, tirar fotos dos paredões e conferir a beleza da serra. Uma hora de caminhada é o suficiente para explorar todo o morro fora dos muros do exército. Vá cedo para evitar hordas de turistas, inclusive excursões escolares que freqüentemente levam as crianças de escolas próximas para conhecer e aprender mais sobre a região. Para descer à Pedra Furada, só com guia e nem tente perguntar: não há como chegar sem conhecer a região. Não duvidamos disso e já cansados da trip, deixamos para outra ocasião.

Para comer, recomendo a Pizzaria Cor da Fruta (Rua Adolfo Konder, 651) que serve a la carte e rodízio. O rodízio custa R$13 e tem ótima  qualidade, muito superior a várias pizzarias a la carte por aí e melhor que todas as que atendem em rodízio que já frequentei. Duas peculiaridades: o proprietário é viciado em Pendragon (trilha sonora rara para uma pizzaria) e o rodízio na baixa temporada é feito a pedido: você escolhe a pizza que deseja e quando ela chegar, em formato brotinho, já escolhe o próximo sabor e assim sucessivamente, sem esfriar a pizza ou correr o risco de só aparecerem sabores desinteressantes. Outra atração é a truta na chapa do Zeca´s Bar (Rua Adolfo Konder, 522) com buffet variado, aberto até meia-noite.   Para ficar, escolhemos uma opção barata e simples: Pousada Café no Bule, bem localizada, com cama box, suítes, tv e café da manhã por R$85 na baixa temporada. O café da manhã é razoável e por incrível que pareça: não tem café no bule, só solúvel. rs

No dia seguinte, um dos mais belos trechos rodoviários do país: Serra do Rio do Rastro e Serra do Corvo Branco!

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Rumo ao Sul: Dias 8 e 9 ( Bento Gonçalves )

Bem-vindo a capital brasileira da uva e do vinho, terra de boa comida, habitantes simpáticos e hospitaleiros, muita beleza, cultura e diversão à moda italiana. Passei dois agradáveis dias na região e gostei de absolutamente tudo que vi, tomei, comi, ouvi e presenciei. De início, informo que os 110 km que separam Gramado de Bento Gonçalves estão bem conservados e sinalizados, não oferecendo qualquer dificuldade, mesmo à noite. Na chegada da cidade, no chamado Pipa Pórtico (uma pipa de vinho, de 17m de altura) há um centro de informaçõees turísticas bastante completo, as quais você pode adiantar aqui.

A cidade é grande e bem estruturada. Tem agências bancárias do BB, Bradesco, Real, Banrisul, CEF, HSBC, Itaú, Unibanco  e Santander, vários caixas eletrônicos e a maioria do comércio aceita cartões de débito e crédito. Há muitos pontos turísticos, suficientes para se passar ao menos uma semana por ali. Destaque para a Via del Vino, Museu e Monumento do Imigrante, a Calçada da Arte, o passeio típico de Maria Fumaça, o Palácio Municipal, a Fundação das Artes, o Parque Temático Epopéia Italiana,  diversas igrejas de valor histórico e os quatro grandes roteiros: Vinhos de Montanha, Vale do Rio das Antas, Vale dos Vinhedos e Caminhos de Pedra, com destaque para esses dois últimos que descrevo abaixo.

O Vale dos Vinhedos é sensacional. Legado dos imigrantes italianos, tem uma paisagem linda, pessoas simpáticas, sinalização perfeita e inúmeros parreirais que enfeitam a visão e provêm ótimos vinhos. É indispensável um mapa (conseguido em qualquer casa de apoio ao turista da cidade) para seguir as atrações das dezenas de vinículas do vale. Não deixe de visitar as vinículas grandes como a Aurora, a Miolo e a Casa Valduga, onde você aprende muito sobre vinhos e ainda pode abater os valores pagos pela visita guiada nas lojas de vinho ou trocar por taças personalizadas e conheça também as pequenas, como Cave de Pedra e as familiares, como a Dom Cândido. Nas grandes você aprende muito, faz visitas guiadas e interessantes e trás bons presentes para casa, enquanto nas pequenas você faz amizade, tem tratamento personalizado, aproveita preços melhores, come bem e a bom preço e aprende sobre os costumes do local. Há também muitos hotéis, restaurantes e queijarias. Procure comprar vinhos com a indicação do IPVV, que identifica produtos com procedência da região.

Os Caminhos de Pedra também valem a visita. Trata-se de um roteiro cultural e gastronômico na zona rural de BG, onde pode-se entrar em contato com a cultura italiana das famílias que chegaram há mais de um século na região, sem um tostão no bolso mas com muita vontade de trabalhar. A cultura dos trabalhadores, a religiosidade das famílias e as casas com queijos, molhos e mates fabricados artesanalmente podem ser visitadas em uma tarde ou com calma, num dia inteiro.

Casa fundada em 1900, na Casa da Erva Mate Ferrari, curti muito a demostração de como é feita a erva-mate num processo artesanal,  movido a roda d’água, com degustação do chimarrão, lojinha artesanato e artigos diversos para chimarrão. O mate dos caras é muito bom e a conversa da Sra. Jaqueline é ainda melhor.  Na Casa da Ovelha ( http://www.casadaovelha.com.br ) não deixe de provar e aprender sobre os queijos pecorino toscano (prove o fresco e o maturado!) e feta e o doce de leite de ovelha, muito saboroso e diferente. Mais informação aqui. Visite também o El Cantutio del Pomodoro e della Gasosa, cujo nome já o apresenta (molhos caseiros caros, mas excelentes, como o Pesto e de Tomate Seco) e se quiser saber um pouco mais, converse com o Célio e a Maristella, que certamente lhe darão uma aula de molho de tomate.

Para ficar, escolhi a Pousada Santo Antonio. Quartos simples, porém aconchegantes, atendimento show de bola, estrutura muito boa (café da manhã, estacionamento, garagem, internet, sinuca, sala de tv e som, indicação de pontos turísticos e reservas de passeios) e preço excelente (de R$70 a R$110 por casal, variando época e tipo de apartamento). O proprietário foi muito atencioso conosco, buscando-nos na entrada da cidade e fazendo um delicioso pinhão na chapa nas noites frias. Para comer bem e barato na cidade, procure o Tigrão, bem próximo da pousada, que serve almoço, jantar, lanches e a la carte (Rua São Paulo, nº 311, Bairro Borgo) ou consulte o guia gastronômico da cidade. Não deixe de pedir as direções no hotel antes de sair, pois o centro tem trânsito confuso e não é tão bem sinalizado quanto às principais atrações.

Passei dois dias na região e parti para Urubici-SC, última parte da trip rodoviária pelo sul antes do retorno a São Paulo. Na saída, comprei bons vinhos a preços ridículos nas vendas à beira da estrada e provei ótimos sucos na Casa do Suco, que fica na estrada Bento-Farroupilha (RST 452 – Km. 115,4). Alerta: essas lojinhas da estrada no sentido norte parecem feitas para encher o porta-malas!

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Morro de São Paulo Econômica

Muito comum nas rodas de conversa entre mochileiros é a discussão sobre como seria o destino perfeito para mochilar. Cada um tem seu ponto de vista, mas características como ausência de carros, belas paisagens, muito espaço para caminhada, povo acolhedor, boa comida, pontos turísticos interessantes, calma e tranqüilidade durante o dia e alguma bagunça à noite são quase unanimidade.

O fato de ser fácil de chegar (duas horas de catamarã a partir de Salvador ou meia-hora de lancha rápida de Valença) não deixa dúvidas: descansar por lá só é viável na baixa temporada. Felizmente passei pelo local numa belíssima e ensolarada semana de abril, escolha arriscada porém bem calculada para aproveitar o que a ilha tem de melhor. Como em quase todo o Estado da Bahia, lá não faz frio e as águas são calmas, mornas e límpidas o ano todo. Bem-vindo a Morro de São Paulo, paraíso do mochileiro praieiro!

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Salvador para Mochileiros

Feita a introdução e apresentada a realidade, vamos ao melhor da festa. Abaixo, seguem informações verdadeiramente relevantes, atualizadas e voltadas para o turismo-mochila. Lembre-se dos cuidados, bote a mochila nas costas, arme-se de bom humor e bom proveito!

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