Cananéia: Primeira Cidade do Brasil?

Aproveitando a discussão iniciada com o lançamento do ótimo 1808 , este post rápido também é sobre o que não se aprende na escola.

Todo mundo sabe que o título oficial de primeira cidade (ou vila? vide comentários abaixo) do Brasil pertence a São Vicente, cidade hoje um tanto quanto esquecida ali no amontoado de municípios que sofrem com crise de identidade no litoral sul paulista. Entretanto, cresce cada vez mais o time de historiadores que defendem a exuberante (e também um tanto quanto desconhecida) Cananéia em sua briga pelo tapetão da história.

Em síntese, no ano de 1531 o português Martim Afonso de Souza foi enviado ao Brasil pelo governo português com a missão de fixar uma colônia projetada.  Ao apontar na região de Cananéia, o português teria encontrado um vilarejo em pleno crescimento, chefiado por outro português,  Gomes Fernandes, que vivia ali amasiado com uma índia de nome Caniné desde 1502.  Caniné… Cananéia… manja?

Afonso de Souza teria passado quarenta e quatro agradáveis dias no pequeno povoado, seguindo viagem pelo litoral até a tal São Vicente, onde fundou oficialmente o primeiro município brasileiro. Mas o mapa-múndi do belíssimo Monumento dos Descobrimentos localizado em Lisboa, que demonstra cravadas em mármore as rotas dos navios naquela época, atesta a segunda chegada de portugueses no Brasil em 1502, exatamente na cidade de Cananéia.  Tá lá. Não há muito o que discutir, não?

O fato é que quando Souza aportou em Cananéia o fez na hoje denominada Ilha do Cardoso, estabelecendo um marco da coroa portuguesa no local. Hoje há uma réplica em seu lugar, feita em cimento, no alto de um rochedo que pode ser alcançado com algumas horas de caminhada.

Leia mais aqui sobre a discussão. Veja aqui outra versão. E aqui, sobre qual é a da tal ilha e seus atrativos mais interessantes para os mochileiros de plantão. Boa leitura!

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Perca um livro

A idéia é sensacional. O projeto O “Perca um Livro” consiste basicamente em  “perder” um livro em qualquer lugar público que você escolher, que será achado e lido por outras pessoas que, então, farão o mesmo. Grátis, simples, fácil assim. Para começar, cadastre seu livro aqui, imprima a etiqueta e cole-a no livro. A partir daí você pode rastrear o livro e descobrir para quais lugares ele viajou, fazer amigos deixando recados no livro, enfim, as possibilidade são infinitas.

A idéia é inspirada em projetos europeus similares e foi trazida ao Brasil pela editora Zeiz , que já “perdeu” 150 exemplares do livro “A Unidade dos Seis – O Herdeiro Especial” ( primeiro volume da trilogia A Unidade dos Seis) . Os livros “perdidos” contém orientações que ensinam o próximo leitor a repetir o mesmo procedimento e por aí vai. A idéia é os livros criem uma corrente que incentive outras pessoas a fazerem o mesmo com outros livros, disseminando entre as pessoas o hábito da leitura. Taí um grande, útil e criativo viral!

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Sexta-feira 13 e um olhar diferente sobre os cemitérios paulistas

Quando tinha 12 anos, numa noite estrelada, eu e um amigo passeávamos de motocicleta defronte ao cemitério da Goiabeira, na Lapa, quando o veículo pifou. Paramos para consertar, quando eu olhando para cima vi umas estranhas formas flutuando sobre o cemitério. Meu amigo também viu e não bastou um segundo para, empurrando a motocicleta, corrermos até nossas casas. A partir daquela noite não conseguia mais dormir de luz apagada, não saía sozinho à noite e estava chegando à beira da loucura. Ao completar 18 anos, disposto a casar e sem conseguir livrar-me da horrível visão, encorajei-me a um tratamento de choque: numa noite de sexta-feira, sozinho, pulei o muro do cemitério da Consolação e comecei a caminhar para a Cruz das Almas. Era verão e a noite estava estrelada. Quando olhei para o alto, tornei a ver as estranhas figuras. Apesar de todo o terror, continuei, cheguei próximo ao túmulo de onde saiam as figuras e por eles passei, sem que nada me acontecesse. No dia seguinte comecei a procurar uma explicação cientifica para o fato. Falei com religiosos, cientistas e amigos. Mas só num livro, na biblioteca municipal, que descobri algo sobre fogo-fátuo. E achei uma explicação que me satisfazia. A partir desta data José Mojica Marins passou a crer apenas no poder do pensamento. Isto sim, acredita demais.

Aramis Millarc, originalmente publicado em 10 de janeiro de 1975

Sexta-feira 13, blablabla, as reportagens são sempre as mesmas. Esse ano, entretanto, o iG resolveu inovar e substituir os velhos textos requentados sobre lendas e mitos relacionados por uma curta porém interessante reportagem sobre os cemitérios de São Paulo e seu desconhecido valor turístico. Eu que já tive uma fasezinha dark na vida (e ainda hoje cultivo uma pequena veia gótica no dedão do pé) lembrei de um tour que fiz cerca de uma década atrás no Cemitério da Consolação. É, no cemitério mesmo.

Muita gente estranhava naquela época e alguns até passaram a me olhar de um jeito meio desconfiado desde aquele dia, mas o fato é que conhecer aquele cemitério encravado no coração da capital paulista foi uma experiência sensacional. Cemitérios sempre chamaram minha atenção em qualquer destino que visito, porque os enxergo como um norte da história local, uma bela e autêntica fonte de informações sobre a cultura do lugar. Infelizmente, poucas pessoas pensam assim.

Segundo informações da Revista de Estudos Turísticos da ETUR, uma série de manifestações artísticas nos túmulos e lápides podem ser encontradas Brasil afora, mas quase todas perdem o seu encanto e beleza pelo tom fúnebre e sombrio dado aos cemitérios pela crendice popular. Obras de escultores renomados como Victor Brecheret valem uma fortuna, são expostos com pompa e cerimônima em salões nobres e praças públicas bem localizadas, mas existem esculturas do mesmo autor que permanecem sobre túmulos de cemitérios aleijadas de segurança, cuidados e visitantes, demonstrando que o espaço em que a obra está localizada influencia significativamente no valor que a sociedade lhe atribui.

Infelizmente faz parte de nossa cultura ignorar os antepassados e incentivar os jovens em sua cega avidez por velhas novidades repaginadas, incutindo na memória popular total desprezo pela tradição. É uma pena, pois essa visão limitada incentiva cada vez mais o consumo inconsciente, esse comportamento zumbi destrambelhado que arrasta o século XXI para um fim duvidoso. Pregar o equilíbrio e a racionalidade está fora de moda, definitivamente. Enxergar o antigo como ele é – antigo – não deveria ser um fardo para os novos de hoje. Quem sabe pindurando um abadá na escultura?

Olhar para o passado ruim é evitar que se repita e admirar o que foi feito de bom é inspirar-se para fazer mais, mas a jovem sociedade brasileira infelizmente ainda relega sua memória ao esquecimento. Não importa, com o tempo aprenderemos a importância de respeitar o que é relevante e um dia nossa mentalidade mudará para melhor. E os cemitérios estão aí, como um retrato cruel da situação de penúria que a cultura brasileira vive hoje.

Interessou? Comece pelo filé: o Cemitério da Consolação.Verdadeiro museu a céu aberto, o cemitério foi oficialmente aberto em 15 de agosto de 1858 e lá estão enterradas diversas personalidades de nossa história, cercadas de obras de arte por todos os lados. Túmulos de unanimidades como Monteiro Lobato, Ramos de Azevedo, José Bonifácio, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, esculturas de Victor Brecheret, Alfreto Oliani, muita caminhada, cultura e história para contar aguardam os turistas, supersticiosos ou não.

Atualmente a Prefeitura de São Paulo incentiva o estudo de arte tumular e possui diversos projetos em andamento, como as visitas monitoradas às obras do cemitério da Consolação.Vai lá que eu garanto que você não vai se arrepender. No site da prefeitura você também encontra textos sobre os costumes e rituais funerários na antigüidade e informações sobre os escultores e suas obras. Recomendo também três trabalhos sobre arte e exploração turística e de lazer dos cemitérios paulistas, disponíveis em PDF aqui, aqui e aqui. Boa leitura e boa viagem, no bom sentido, claro…

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Consumir menos para viajar mais

Hoje pela manhã tive a oportunidade de ler um excelente artigo do Conrado Navarro sobre inteligência financeira que explorava alguns conceitos interessantes, perfeitamente aplicáveis ao tema deste blog. Navarro comentava de uma conversa com Reinaldo Domingos (autor dos festejados  “Terapia Financeira” e “O Menino do Dinheiro”) sobre dicas de como se pode viver melhor, durante mais tempo e com mais dinheiro. Sim, mais tempo e mais dinheiro significam mais viagens. O foco do artigo não era esse, mas alguns conceitos são universais e podem ser aplicados ao planejamento de viagem, motivo pelo qual vou compartilhá-los com vocês.

Hoje em dia planejamento financeiro e investimento para o futuro são obrigatórios, então por que não aproveitar a mesma disposição para planejar melhor suas viagens? Em termos práticos, não adianta culpar o momento de crise pela dificuldade em investir uma parte de sua grana. O fato é que a crise afeta a todos, mas com um objetivo claro e definido é possível. É sempre possível.

O artigo menciona que em geral os brasileiros “sonham pouco e almejam menos ainda”, com muitos vivendo uma vida aparentemente saudável e completa, mas incoerente com sua realidade financeira e incapaz de sustentar seu padrão de vida. Isso se traduz também na vida mochileira. Se o objetivo é fazer uma viagem internacional importante – sonho de muita gente – obter recursos financeiros para tanto é absolutamente factível para quem tem ao menos um emprego fixo.

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Conheça a Nação Mais Jovem do Mundo

Um dia, um rapaz encontrou um jovem crocodilo a tentar atravessar a lagoa para entrar no mar. Estava muito fraco. O rapaz teve pena dele e levou-o nos seus braços até ao mar.

O crocodilo ficou-lhe muito grato e prometeu que se lembraria para sempre da sua bondade. Disse ao rapaz que se alguma vez quisesse viajar que deveria chegar-se à beira do mar e chamar por ele, que o ajudaria.

Algum tempo depois, o rapaz lembrou-se da promessa do crocodilo. Foi à beira do mar e chamou o crocodilo três vezes. O crocodilo disse ao rapaz que se sentasse nas suas costas e durante anos viajaram.

Embora o crocodilo e o rapaz fossem amigos, o crocodilo continuava a ser um crocodilo e sentiu uma vontade irresistível de comer o rapaz. Mas isto incomodava-o e decidiu pedir conselhos a outros animais. Perguntou à baleia, ao tigre, ao búfalo e a muitos outros animais, todos lhe disseram “O rapaz foi bom para ti, não o podes comer.” Acabou por ir visitar o macaco sábio. Depois de ouvir a história, o macaco praguejou e desapareceu.

O crocodilo sentiu-se envergonhado e decidiu não comer o rapaz. Em vez disso levou o rapaz nas suas costas, e juntos viajaram até o crocodilo ser velho. O crocodilo sentiu que nunca poderia retribuir a bondade do rapaz e disse-lhe, “Em breve morrerei e formarei uma terra para ti e para todos os teus descendentes”.

O crocodilo transformou-se na ilha de Timor que ainda hoje tem a forma de um crocodilo. O rapaz teve muitos descendentes que herdaram as suas qualidades de bondade, amizade e sentido de justiça. Hoje, o povo de Timor chama “Avô” ao crocodilo, e quando atravessam um rio gritam sempre, “Crocodilo, sou teu neto – não me comas!”

Sensacional, não? Poucos sabem, mas amanhã –  28 de novembro – é o data em que se comemora o aniversário da Proclamação da Independência do Timor Leste, o único país de língua oficial portuguesa na Ásia, que é por diversos aspectos um país irmão do povo brasileiro.

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Vicky, Cristina e… Barcelona!

Sobre a má vontade dos intelectuais em geral com o novo filme de Woody Allen eu já falei lá no UmPoucodeTudo. Todos sabem que não se trata de um de seus melhores filmes, mas não me parece razoável tentar tirar mais do filme do que ele realmente quer ser. Se quiser mais, é só conferir o post.

Por aqui trago o link para uma reportagem muito interessante que saiu no Estadão da semana passada. Um texto leve e interessante, que comenta o filme e traça todo o roteiro cultural das americanas, apontando os pontos turísticos pelos quais elas perambulam em Barcelona, Oviedo, Ávila e Gozón. Dá também alguns links interessantes para quem ainda não se decidiu pela viagem e remete a reportagens recentes do jornal sobre a capital da Catalunha. Depois do cartão postal filmado pelo velho Woody não há como não começar a planejar…

Blogs pra fuçar: Vou pra BarcelonaAchados –  Mosaicos de BarcelonaSagrado e Profano BarcelonaMallaYablogJuaniworld

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Viajologia

Às vezes questiono se estou em débito com o blog ou comigo mesmo. Há meses não viajo, não fotografo, não escrevo. Apenas estudo, estudo, estudo e o faço com um objetivo muito claro: acabar logo para voltar a viajar! Mas enquanto isso não acontece, passei para dizer um oi e avisar que entre um livro e outro eu costumo ler (e bastante) alguns blogs. Um dos meus preferidos é o do Centro de Viajologia (www.viajologia.com.br), uma iniciativa que reconhece a viagem como uma escola dinâmica, onde o conhecimento é acumulado através do contato direto com outras culturas.

Recomendo fortemente que vocês o visitem. Haroldo de Andarahy Faria Castro, seu mantenedor, possui mais de 30 anos de experiência profissional como fotógrafo, jornalista, produtor e diretor de documentários e estrategista de comunicação.

O cara já trabalhou com a Conservação Internacional (CI) em Washington, é um dos papas do jornalismo ambiental, é o criador do Prêmio de Reportagem sobre Biodiversidade (www.premioreportagem.org.br), já dirigiu mais de 40 documentários, seus programas ganharam mais de 40 prêmios mundo afora e blablabla, acho que vocês já tem idéia do que os espera no blog do cara. E ao chegar lá tenho certeza de que terão uma impressão ainda melhor. Boa viagem!

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La Poderosa 2 – “Diários de Motocicleta” na Web

No clima do post anterior, juntei alguns links interessantes sobre o assunto. Pra começar, no site oficial você encontra algumas fotos, entrevistas com Walter Salles e Alberto Granado e uma ou outra referência de elenco. Muito pouco para tudo que o filme representa, tanto pelos assuntos que aborda quanto pela arte de sua construção. Então vamos ao que interessa!

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