Rumo ao Sul: Dias 14 e 15 ( de Urubici a São Paulo, passando por Curitiba)

Três Estados num só dia seria o título para o capítulo final dessa epopéia pelo sul do Brasil, mas no fim da viagem optamos por fechar a conta de forma mais tranquila e quebramos novamente o trajeto. Basicamente, eram três a opções para deixarmos Urubici para trás em direção a São Paulo, lembrando que descartei a BR-116 pelas dicas colhidas de conhecidos e de sites diversos da internet:

a. Asfalto, em direção ao norte, com 2,5 horas de viagem pela SC-430, chegando à BR-282 e depois na região de Florianópolis, na BR-101 (171 km no total).;
b. Terra, descendo a Serra do Corvo Branco (49km até Grão Pará – em boas condições) e de lá para a BR-282;
c. Asfalto, em direção ao sul, descendo a SC-430, Serra do Rio do Rastro – SC438 até Lauro Müller e de lá para a BR-282;

Como já havia feito as duas serras no dia anterior, o mais racional seria seguir pela SC-430 mesmo, em direção ao litoral. Peguei um pouco de trânsito no trecho final, que conta com apenas uma pista e muitos caminhões, mas em geral a descida transcorreu muito bem e cheguei a altura de Floripa depois de cerca de três horas. De lá, foi seguir pela BR-101 até o Paraná, cruzar o Estado, atingir a BR-116 novamente e apontar em São Paulo no fim do dia. A viagem poderia ser feita de uma vez, já que Urubici-SC está a 872km da capital paulista, mas depois de uma viagem de mais de três mil quilômetros, achamos mais prudente quebrá-la e  acrescentar mais um dia a viagem.

Como Bombinhas-SC estava próxima demais e o tempo não ajudava (cerca de 18 graus na data da partida) acabamos optando por Curitiba-PR. Lá seria ideal para abastecer (De Joinville-SC a São Paulo são poucos postos de combustível), comer num lugar legal, acostumar-se aos poucos com o trânsito, dormir bem e chegar tranquilo e descansado a Sampa City no dia seguinte, pouco antes da hora do almoço.

Sem planejamento, esse trecho final acabou se revelando um pouco mais complicado, pois a referência que eu tinha de procurar um Centro de Informações Turísticas na mítica Rua 24 Horas atrapalhou nossos planos. Apesar de constar até hoje no site oficial de Curitiba (veja aqui) o emblemático ponto turístico está fechado para reformas desde 2007! Como estávamos tranquilos quanto a hotéis, pois o posto de informações do local nos daria todo o apoio, aproveitamos o final de tarde para conhecer a bonita Ópera de Arame e seu entorno. Chegando a tal Rua 24 Horas, já próximo do crepúsculo, tudo que encontramos foram mendigos, sujeira e uma placa indicando a reforma. Naquele horário, todos os postos de informação já haviam fechado (claro, porque o da Rua 24 Horas era o único que funcionava 24 horas!) e tivemos de procurar um hotel sem qualquer apoio ou indicação.

Os hotéis do centro estavam todos lotados por conta de congressos que aconteciam na cidade e isso dificultou bastante as coisas. Não conseguimos muitas informações com os habitantes apressados do centro (se o que queríamos era um retorno gradual à vida da cidade grande, estávamos conseguindo) e acabamos pegando o carro e rodando à esmo na hora do rush, à procura de um lugar decente para dormir. Salvou-nos o Hotel Siena, localizado na R. Desembargador Motta, 1181, na esquina com a Av. Silva Jardim. Diária honesta de R$80 o casal e à uma quadra do Shopping Curitiba, próximo também do Shopping Crystal Plaza, Shopping Novo Batel e do Estádio do  Clube Atlético Paranaense. O ótimo atendimento, o quarto limpo e o chuveiro quente foi tudo que aproveitamos do hotel, além do excelente jantar no Shopping Curitiba. Se passar pela metrópole, fique por lá. Carro em Curitiba no horário do rush não ajuda, então se for passear durante a semana, prefira a “Linha Turismo”, que nada mais é que um ônibus estilo “jardineira” que te leva a todos os pontos turísticos e sai a cada meia hora. Porém, confirme antes se ele ainda existe pelo telefone, para evitar lances chatos como o da tal rua que nunca fecha.

Na manhã seguinte, bora pra Sampa City. A cidade é bem sinalizada e é fácil achar a saída para a BR-116. Seguindo em frente, se tudo der certo, em menos de cinco horas já se chega a capital paulista.  O primeiro trecho de viagem é bastante tranqüilo e bonito,porém ao chegar em Miracatú o motorista terá de decidir qual caminho pegar. Vencer a Serra do Cafezal via Rod. Régis Bittencourt – trecho da BR-116 entre São Paulo e Santa Catarina passando pelo Paraná – hoje em dia não é fácil (há trechos que ficaram parcialmente interditados por meses entre 2009 e 2010). Melhor é margear a serra via litoral, utilizando o Sistema Anchieta-Imigrantes. Privatizado em 2008, esse trecho da BR116 está sob responsabilidade de uma concessionária que já tratou de espalhar seis praças de pedágio no trajeto, perfazendo quase R$10 de pedágio, eliminando a única vantagem de seguir pela serra em vez do litoral: a economia.

Não é caro, mas devido a péssima qualidade do asfalto, a grande quantidade de caminhões, a imensa falta de segurança em boa parte do trajeto e as péssimas condições da estrada, sobretudo na Serra do Cafezal (entre os Kms 228 a 253) essa opção não é uma boa. Siga pelo litoral, utilizando a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (sem pedágio) e pegando, ao final, o Sistema Anchieta Imigrantes. Fique atento à sinalização e evite ser pego pelos radares, distribuídos em ambas as estradas para fiscalizar quem ultrapassa os 80km/h. A quilometragem de quem opta por seguir pelo litoral é maior, mas a viagem é uma das mais tranqüilas, bem sinalizadas e seguras do país.

E é isso. Fim da epopéia, porta-malas cheio de comes e bebes, memória cheia de histórias e lembranças. Uma das trips mais bacanas, tranquilas e bonitas que já fiz na vida, totalmente compartilhada com vocês. Espero que tenham apreciado e que as dicas e informações lhes ajudem a viajar tão bem ou melhor que eu naquele inesquecível mês de maio de 2009.

Grande abraço,
Raulzito.

Share

Rumo ao Sul: Dia 7 ( Gramado e Canela )

Que fique claro: o objetivo aqui é roteirizar e dar dicas para aventureiros de mochila ou traçar alternativas econômicas de viagem. A idéia, quando passei pela região, era passar pelo menos um dia em Gramado e outro em Canela, mas não foi o que aconteceu. Como já vinha da melhor parte da trip – os cânions gaúchos – eu pretendia dar uma relaxada e curtir uns passeios de tia mais simples antes de partir para a orgia etílico-gastronômica de Bento Gonçalves e fechar a epopéia mais ao norte, nas montanhas de Urubici-SC. Encurtei o trecho, como vocês saberão.

Em Gramado, sugiro que peguem um mapa oficial no centro de informações turísticas (Praça Major Nicoletti, próximo à rua coberta), que facilitará sua busca por atrações, hotéis e restaurantes. Fanático por cinema, fiquei um tanto quanto decepcionado com a cidade que sedia o prêmio mais importante do país, já que não há qualquer menção a sétima arte em todos os seus 237 quilômetros quadrados. Nem mesmo o Palácio dos Festivais onde ocorre a premiação está identificado, só chamando a atenção de quem já o viu por fotos ou pela televisão. As demais atrações – leia-se museu medieval, mundo a vapor, casa do colono, fábrica de couros black bull, lago negro, compras de chocolate e o famoso café colonial – são fracas, caras e quase dispensáveis para quem gosta de natureza, aventura ou tem o bolso vazio. Realmente não combinou com a minha trip e acabei passando apenas uma tarde na cidade.

A hospedagem em Gramado é um capítulo à parte. Se na Serra Gaúcha próxima aos cânions é razoavelmente simples encontrar ótimas acomodações a preços em torno de R$80, em Gramado espere pelo menos o dobro como preço mínimo. Comer por lá, então, é verdadeiramente um tormento aos menos abastados, que tem poucas opções: o restaurante ao lado da prefeitura (R$10), o Buffet El Fuego ($20) e o Di Pietro (R$20) são as casas mais em conta. Chocolate mais barato é o Floribal (Rua Tristão de Oliveira, 1200,Centro) ou na fábrica da Prawer (no centro, em frente ao museu de carros antigos) que vale a visita pelo tour pela produção e a história do doce, mas tem preços que não justificam sua fama, ficando devendo aos famosos Montanhês, Araucária, Sabor Chocolate e Toco de Campos do Jordão-SP. Para estacionar na rua no entorno das principais lojas do centro, não se esqueça de pagar pelo “Cartão Gramado”, um sistema de estacionamento rotativo pago que custa R$1,20 por hora. Fondues e cafés coloniais, que me parecem ser o ponto alto da região, demandam mais pesquisa e este não era o objetivo quando passei por lá, quem sabe numa próxima vez. Google it!

Canela segue o mesmo ritmo. Nas pesquisas anteriores à trip li que o Camping do Parque do Sesi era boa opção no calor (local agradável, limpo, organizado e barato) mas não fiquei por lá. Visitei o Castelinho do Caracol ( www.castelinhocaracol.com.br ) que é uma residência conhecida por sua arquitetura enxaimel, datada de 1913, que teria sido erguida apenas com madeiras encaixadas, sem pregos. Você lê sobre isso em tudo quanto é lugar, mas o embuste fica claro para aqueles que pagam os R$6 de entrada para explorá-lo por dentro: o “castelo” é pequeno, pode ser visto em menos de cinco minutos e são visíveis os pregos disfarçados nos batentes das janelas do andar superior, cobertos por tinta escura. Não sei se foram postos durante a construção ou posteriormente em alguma correção ou obra de contenção, mas estão lá, tornando risível a publicidade! Isso é irrelevante, entretanto, perto do delicioso Apfelstrudel (torta de maçã alemã) com sorvete de creme, que comi na casa de chá que funciona no térreo. São R$26 para dois muito bem gastos, que compensam o desgosto de ver a casa de bonecas mais sinistra que eu já vi, instalada no sótão da casa, lembrando filmes de terror “b” dos anos 80.

O Parque do Caracol (entrada R$10) é a maior atração da cidade, com a cascata que lhe dá o nome, de 131m de altura. Lá há algumas trilhas simples para percorrer, uma feira de artesanato com preços mais altos que as lojinhas do centro, uma escada de 927 degraus que leva os visitantes do topo à base da cascata, um mirante com um elevador (que é pago à parte!)  e um restaurante que cobra R$34 num almoço para duas pessoas. Se passar por lá, vale a pena visitar pela imponência da queda d´água, mas esqueça todo o resto ali dentro. Outros locais de interesse podem ser consultados, com mapa, em www.canelaturismo.com.br.

Por fim, em frente a rodoviária da cidade, reparei no Viajante Hostel (www.pousadadoviajante.com.br) que conta com apartamentos para casal (R$72 na baixa temporada) e quartos coletivos, tv à cabo e cozinha coletiva. Bom preço para o padrão da região. Não fiquei lá, já que ainda tinha um longo caminho pela frente.

Ao todo, passei uma manhã em Canela e uma tarde em Gramado. Em relação ao caminho de Cambará do Sul em direção a Bento Gonçalves, especialmente no entorno de São Francisco de Paula, Gramado e Canela, recomendo especial atenção aos radares (também chamados de pardais pelos residentes) e pela total ausência de postos de combustível nas estradas. Caso precise abastecer, terá que entrar em alguma cidade com alguns litros de antecedência, já que as vicinais que saem das estradas principais não são curtas e não raro a falta de sinalização confunde o motorista que tem que corrigir o caminho algumas vezes. Os mapas da região são um pouco confusos, especialmente o Guia Rodoviário Quatro Rodas ( http://mapas.viajeaqui.abril.com.br/guiarodoviario/guia_Rodoviario_viajeaqui.aspx ) que é bem apertado nesse trecho e esconde alguns entrocamentos importantes. Vá com calma ao explorar a região, especialmente à noite como eu fiz.

Próxima parada: Bento Gonçalves !

Share

Rumo ao Sul: Dia 5 ( Cambará do Sul – RS )

Antes de qualquer coisa, vale dizer que Cambará do Sul é uma das cidadezinhas mais bacanas e interessantes que já visitei. Muito mais bem cuidada, vistosa e acolhedora que a vizinha catarinense Praia Grande, dá vontade de passar um bom tempo por lá.  Passamos por lá em meados de maio, época em que teoricamente não faz tanto frio… mas presenciamos termômetros apontando temperaturas de um dígito depois do sol se pôr.

Chegamos com inúmeras opções de hospedagem anotadas dos guias e da internet, mas os preços estavam sensivelmente diferentes dos relatos e publicações. Bem mais cara que Praia Grande, Cambará deu mais trabalho para encontrar uma opção mais em conta, já que quase todas as pousadas são mais bem cuidadas e tem uma estrutura mais confortável. Rodamos bastante, visitamos vários lugares e perguntamos aqui e ali para conseguir o melhor custo benefício possível. No fim das contas, escolhemos o Recanto das Gralhas (54-3251-1383, 90 mangos a diária em maio/2009).  A pousada da Dona Celi é muito agradável, confortável, bem decorada, tem tv, frigobar, roupa de cama e banho, lençol térmico (sensacional), aquecedor, banheiro privativo e um bom café da manhã com queijos, sucos, bolos e manteiga caseira. Fica na Rua Antônio Raupp, 584, bem no centro da cidade, fácil de achar. Curiosidade: o elenco de A Casa das Sete Mulheres ficou por lá durante as filmagens (há algumas fotos da série expostas na área comum). Caso esteja lotada, outra opção mais barata e confortável pode ser a Pôr-do-Sol, próxima. Para os loucos, há duas pousadas com local para camping também: Pousada Corucacas e Pousada Pampa Rural. Faça seu testamento antes de ir.

Depois de algum tempo rodando a procura de uma boa pousada – estômago já roncando – um aroma de carne na brasa nos chamou a atenção, bem em frente ao número 1069 da Rua Dona Úrsula: uma construção pitoresca, toda em madeira rústica, de onde se ouvia música regional e parecia bem mais convidativa que andar no vento gelado. O nome do restaurante é Galpão Costaneira, um dos melhores e mais saborosos buffets que já provei, com comida à moda gaúcha direto do fogão a lenha e carnes grelhadas servidas na mesa. Por 16 pilas você ficará maluco com a comida mais saborosa que provei na região, regada um dos melhores sucos de uva do Rio Grande (por $2,50) e ótimas sobremesas, também inclusas. Vai parecer suficiente, mas não é: jamais saia de lá sem pedir por apenas $4 mangos adicionais um rechaud de churrasco gaúcho com queijo qualho. E não se engane: rechaud gaúcho não usa álcool, mas sim carvão! A carne não resseca, assa por igual e o sabor é muito melhor. Lá funciona todo dia, das 11h30 às 15h e das 19h30 às 22h, mas só aos sábados e domingos tem showzinho do gaiteiro “Tio Gripa” que é um espetáculo à parte. A decoração do lugar também é bem bacana: os clientes deixam nas mesas seus bilhetes e cartões de visita. Imperdível.

Para a noite, outro lugar bacana é o Rosabistrô. Na volta do Cânion Fortaleza, estávamos com roupas de trilha, cansados e ávidos por um lugar bacana para encostar o corpo e tomar um vinhozinho, mas sem muita pretensão. Ir direto para a pousada tomar banho e trocar de roupa seria decretar o fim da noite, já que os termômetros já oscilavam entre sete e oito graus antes de 20h, o que tornaria sair da cama quentinha para o vento gelado uma tarefa hercúlea. O barzinho superou as expectativas: quente, aconchegante, com um cardápio enxuto mas eficiente e inacreditavelmente barato: foram duas taças de tinto seco, uma tônica, uma porção de batatas souté com creme de queijo e dois caldinhos por apenas R$24!! O local também conta com sala de sinuca separada do salão principal, lareira e uma televisão 42″ que naquela noite tocava Skank e Vítor e Leo.  Rua João Francisco Ritter, 631, em frente ao ginásio de esportes (54-3951-1538).

O Cânion do Itaimbezinho fica a 18 km do centro de Cambará do Sul e o Fortaleza a 22 km, então você já sabe que ir à pé é mais complicado. O ideal é ir com seu carro. Conforme já relatado, a estrada é bastante ruim, mas com paciência e alguma experiência dá para ir com um 4×2. Se não quiser arriscar, pode usar o transporte oferecido pelas agências ou por alguma pousada ou ainda pegar um táxi.  Se estiver na região e quiser saber como andam as estradas antes de ir, fale com a Secretaria Municipal de Turismo (turismocambara@tca.com.br e (54) 3251.1557).  Leve a dica a sério especialmente se tiver chovido bastante dias antes de sua visita. Na seca, sua guerra particular será com as pedras soltas da estrada.

Algumas pousadas dirão para não ir ao Fortaleza sem guia. Saiba que qualquer turista pode percorrer ambos os parques sem o acompanhamento de qualquer guia, especialmente o Aparados da Serra (Itaimbezinho) que é muito bem estruturado. No Serra Geral também é possível, mas caso haja qualquer limitação com o transporte ou os companheiros de viagem, não há absolutamente nenhuma estrutura. Apenas uma porteria e um militar separam os 22km de estrada de chão dos 17mil hectares do parque. E não há nada além de natureza em nenhum dos lados. Mas sempre é interessante passear com um bom guia que conhece a região para aprender sobre a história e a geografia. Escolha, então, entre a liberdade e a cultura e pé na estrada.

Importante: só há três agências bancárias no local (Banrisul, Sicredi e Banco Postal) e nem todas as pousadas trabalham com cartão de crédito e débito, então vá previnido e com dinheiro no bolso.  Para as caminhadas nos cânions, especialmente se estiver muito frio, leve uma mochila de ataque para carregar suas roupas, comida extra, uma lanterna e primeiros socorros. Caso você não adentre a mata fechada, nem tente descer os paredões do cânion, será difícil se perder na Serra Geral, mas o seguro morreu de velho. Lembre-se que o tempo na montanha é relativo, o clima muda muito rápido e pode escurecer mais rápido do que você calculou. Não raro, o turista se empolga por ali e volta mais tarde do que deveria.

Por fim, dizem que as melhores épocas para quem curte um friozão de congelar os ossos são junho e julho, quando também pode nevar e os campos ficam brancos e secos, ideiais para fotos fantásticas. Pois bem, eu recomendo ir em maio: mais barato, cânions desertos só para você, restaurantes mais intimistas, pousadas silenciosas e se não tem neve, ao menos uma geadinha pela manhã você pega. Não tem como errar.

A seguir, post exclusivo do Parque Nacional da Serra Geral.

Share

Rumo ao Sul: Dia 4 (de Praia Grande a Cambará do Sul)

O sol nasceu por volta das seis da manhã e cerca de duas horas depois lá estávamos nós destruindo a mesa do café da manhã do Seu Sérgio, de malas prontas para sair. Como já dito em outros posts, aqui tínhamos que tomar uma decisão:

a. Voltar sentido litoral, cair na BR101, seguir até Terra de Areia (não deixe de experimentar um abacaxi por ali, especialidade dos caras), dobrar à direita na RS-453 ( Rota do Sol), seguir 55 km até o trevo que dá acesso a Cambará do Sul, dobrar à direita na RS-020 e vencer os últimos 34 km.  Ou…

b. Adentrar mais uma vez a Serra do Faxinal a partir de Praia Grande mesmo.  Até a entrada do Parque Nacional Aparados da Serra, que visitamos no dia anterior, são cerca de 20 km. Depois, até o centro de Cambará, mais 20km dos diabos naquele mar de pedregulhos, poças d´água e Murphy acenando o tempo todo à beira da estrada.

Como já havíamos conhecido o primeiro trecho da Serra do Faxinal no dia anterior e não haveria grandes novidades até Cambará, coletamos algumas informações com os locais e optamos por seguir a Rota do Sol. Todas as informações diziam que todo o trecho a ser vencido teria cerca de 132km de asfalto bem cuidado e paisagens deslumbrantes. Pela novidade, pelo bem do carro e também pela curta distância, seguimos por ali. De relevante acerca de segurança, vale atenção em todo o trecho da BR-101 a partir de Torres, pois ali começa outro trecho em obras daqueles. Porém, garanto: a Rota do Sol compensará todo o esforço com suas belíssimas curvas e paisagens de tirar o fôlego. De Torres a Cambará levamos  aproximadamente duas horas e meia de viagem. Nas serras do trecho final vale dar uma parada nos mirantes, respirar o ar úmido e puro da região, comer um abacaxizinho nas inúneras barracas que se multiplicam em alguns pequenos centros e curtir uma trip tranquila pelas bucólicas paisagens locais. Alguma atenção e olho no mapa nos entroncamentos e não haverá qualquer problema.

Importante: Cuidado com os radares na região da Tainhas. Caso você decida dar uma esticada Até São Francisco de Paula, Gramado ou Canela, redobre, triplique, quadruplique a atenção com os pardais. Um dos legados de Ieda Crucius para os gaúchos é essa infestação radares fixos e móvei,s ávidos por motoristas ansiosos. Caso você não esteja fugindo da polícia, vá na boa. rs

Share

Rumo ao Sul: Parque Nacional de Aparados da Serra

A cidade de Praia Grande-SC é toda rodeada pelos Canyons,  que são o grande atrativo da região e podem ser visitados o ano todo. O mais próximo, do Itaimbezinho, é o mais famoso, o mais procurado e também o mais estruturado. Inaugure seu passeio por lá, mas não sem antes comprar seu lanche numa das mercearias da cidade. Os pães, o queijo e o mel são o forte da cidade e não vão te deixar na mão. Compre água também e não se esqueça da capa de chuva, pois o tempo lá em cima pode estar completamente diferente.

Para visitar o Itaimbezinho, é necessário percorrer 18km sofridos na RS-429 que liga o centro da cidade a entrada do Parque Nacional de Aparados da Serra. Como já falamos, a estrada é bastante pedregosa, cheia de curvas, grandes aclives, declives pronunciados,  buracos e crateras, todas repletas de poças d´água e trechos enlameados na época das chuvas. Cheque bem as condições do veículo antes de ir e só suba com um carro de passeio se tiver mantimentos suficientes para o dia todo e agasalhos suficientes para suportar bem o frio, pois tanto a ida quanto a volta podem demorar mais que o previsto. Não é necessário 4×4 caso o motorista seja experiente e paciente.

Chegando ao parque, é só alegria. As instalações contam com um centro de visitantes que funciona de quarta a domingo, das 9h às 18h (a bilheteria fecha às 17h, a lanchonete só abre aos fins de semana, o tel é 54-504 5289.) com banheiros amplos e limpos, mapas e guias informativos. A entrada custa R$6 por cabeça, mais R$5 por carro. O cânion Itaimbezinho tem 5,8 km de extensão e pode ser todo percorrido em apenas um dia: saindo de manhã bem cedo, é possível percorrer toda a borda do cânion, dividida em duas trilhas: a do Vértice e a do Cotovelo. Ambas muito fáceis, sendo a primeira com 1.440m (ida e volta), facilmente percorridos em 45 min. de caminhada tranquila, porém sujeita a ventos bastante gelados no inverno (vá bem agasalhado).  Nesta trilha é possível observar boa parte do cânion e as sensacionais cachoeiras Véu da Noiva e Andorinhas (700m de altura).  A segunda trilha é um pouco mais longa, tem 6.306m (ida e volta) e pode ser percorrida em 2h de caminhada também tranquila, com visual ainda mais amplo e muito bacana para fotografar. Há outras trilhas que exploram o cânion de outros ângulos, sem sinalização, para as quais é necessária autorização prévia. Perguntar não ofende.

Terminada a aventura, pode-se seguir direto a Cambará do Sul pela mesma estrada e nas mesmas condições, por cerca de 19km, ou retornar a Praia Grande para dormir e continuar a saga no dia seguinte. E tem mais: ali mesmo, quase na entrada do Itaimbezinho, em frente ao Pórtico Gralha Azul,  cruza-se uma porteira e um pouco à frente um rio. Lá começa a trilha de 4km até a Fazenda Malacara, aos pés do cânion de mesmo nome (ao adentrar a porteira, pela permissão, pois as terras são particulares). Dali são mais 7 km de bela caminhada até o Cânion Malacara e se houver disposição, mais 2 km até o Cânion Churriado. É possível, ainda, tomar uma trilha de lá para o Cânion Fortaleza, já no Parque Nacional da Serra Geral, distante cerca de 10 km. Atualmente há determinação do IBAMA que proíbe essa travessia por questões ambientais e de segurança (o caminho é confuso e é fácil perder-se na mata). Informe-se.

De Praia Grande parte uma trilha mais tranquila para o Cânion Malacara, que é possível de se fazer em um único dia, porém só com agendamento pois o início da trilha coincide com a portaria da Pousada Pedra Afiada (tel. 48-532-1059 ou 3532-1059), cuja entrada é restrita. Os mais aventureiros também podem contratar um guia e percorrer a Trilha do Rio do Boi, bem mais pesada, com 8.343m (ida e volta) e duração de aproximadamente 7h de caminhada. Também por determinação legal, essas trilhas são fechadas para visitação sem acompanhamento de guias.

Importante: para encarar os cânions e divertir-se sem preocupações, saia o mais cedo possível. À tarde o nevoeiro (chamado de “viração” pelos locais) toma todo o cânion, inviabilizando ao visitante contemplar a paisagem. Não se esqueça de ir muito bem agasalhado, de touca e com roupas que barrem bem o vento, pois na região o frio é muito intenso, sobretudo quando o sol está encoberto por nuvens, ocasiões em que o minuano mostra toda sua crueldade. Caso você se perca, a dica dos locais é evitar a todo custo ir para o interior dos cânions, pois é bastante comum trilheiros experientes confundirem caminhos de bois com trilhas e saírem do caminho principal. Opte sempre em seguir os paredões pois terá mais chance de encontrar o caminho de volta. E pode esquecer o celular, pois não há nem rastro de sinal lá dentro. E anote também o telefone da mecânica local, caso o possante sofra danos mais sérios: (48) 3532-1754 (ou 9148-5759, 8813-4430, 9147-6793, 8804-8129).

De nossa parte, seguimos o roteiro à risca, acordando cedo, andando muito o dia todo e chegando de volta a Praia Grande no começo da noite, sem qualquer problema e absolutamente deslumbrados com a paisagem.  Vencemos o frio dos cânions e os sacolejos da estrada, fomos visitados por simpáticos graxains numa despretensiosa parada para fotos e desembarcamos em Praia Grande pouco depois do anoitecer. Por lá foi só fogareiro, chuveiro quente e cama. A seguir, direto ao Parque Nacional da Serra Geral!

Share

Rumo ao Sul : Dia 3 (Praia Grande-SC)

Praia Grande fica a 300km de Floripa, cerca de quatro horas de viagem de carro nas condições atuais da estrada. Na época, a estrada que liga a BR101 ao centro estava em ótimas condições, mas é comum essa situação mudar bastante quando chove muito na região. Informe-se na Secretaria Municipal de Turismo nos tels. (54) 3251.1320 / 3251.1557 antes de visitá-la.

A cidade é bastante simples, com centro pequeno, pouca oferta de serviços e estrutura enxuta. Não tem o charme da vizinha Cambará do Sul, mas por esse mesmo motivo é bem mais econômica. Praticamente não há vida noturna, exceto por alguns pequenos bares e pizzarias, que só tem algum movimento aos fins de semana e na temporada. Também pudera, a temperatura média anual é de 19 graus e o índice pluviométrico é de 1400 a 1600 mm/ano, nem um pouco convidativos depois das 18h, quando as ruas ficam desertas e a temperatura cai tranquilamente para baixo dos 8 graus.

Nossa base ali foi montada no Hotel e Restaurante do Sérgio. Depois de bastante procurar (e azucrinar a garota que atendia no Centro de Informações Turísticas) optamos pelo estabelecimento desse simpático catarinense, que nos atendeu com bastante zelo e forneceu boas informações sobre a região. O hotel é a típica opção mão-de-vaca na cidade: tem estacionamento privativo, suítes com banho quentinho, de decoração simples e agradável e com ótima vista para os paredões. Fica na Av. Irineu Bornhausen, 449, Centro (tel. 48-3532-0191). O quarto sai por 60 reais a diária com um bom café da manhã incluído. O hotel também serve jantar ( opcional) e dispõe de serviços de agendamento e turismo com guias da região, o que é ótimo para quem está sem transporte. Caso você se hospede em outro local (há opções para todos os gostos e bolsos), agende seu transporte com os guias pelo tel  (48) 532-1414, pois não há serviço de ônibus para as atrações.

O centro da cidade é pequeno e mal sinalizado. O ideal é buscar informações no Centro Turístico e perguntar aqui e ali, confirmando algumas informações contraditórias das poucas placas de sinalização. Com sorte  é possível avistar tucanos, gralhas azuis,  papagaios, gatos selvagens e graxains, especialmente nas estradas vizinhas, portanto, vá devagar e procure não “causar” na estrada para ser agraciado com a visita dos belos animais. E vamos ao que interessa!

trilha inicia em frente ao Pórtico Gralha Azul (entrada para Cânion Itaimbezinho). Do outro lado da estrada, cruza-se uma porteira e, mais adiante, um rio. Até a Fazenda Malacara são 4 quilômetros (aqui o melhor é pedir permissão ao Capataz para continuar a caminhada). Dali são mais 7 km de caminhada pelos campos até o Cânion Malacara e mais 2 km até o Churriado. Para chegar ao Cânion Fortaleza, caminha-se mais 10 km.
Trilha fechada a visitação por determinação do IBAMA

 Cânion Malacara © Renato Grimm

Trilha moderada a difícil, ideal para fazer em três dias.
Para quem não dispõe de tanto tempo, a opção é caminhar até o cânion Malacara e retornar no mesmo dia.
Em 5 horas, percorre-se os 22 quilômetros (ida e volta).
Dica: Nas duas opções é aconselhável o acompanhamento de guia ou o uso de uma bússola ou GPS, pois, se ocorrer a viração, você pode se perder com muita facilidade

Share