Categoria: Cultura
Nove de Julho
Nove de julho, ok. Taí um feriado cheio de significado para quem gosta de história, mas que não passa de uma boa desculpa para fugir para a praia por parte da maioria dos paulistanos.
Vou aproveitar a data e escrever alguma coisa sobre um dos monumentos mais interessantes e emblemáticos que temos em São Paulo, que depois da construção da polêmica Ponte Estaiada foi meio que deixado de lado: o Obelisco do Ibirapuera.
São Paulo relembra hoje setenta e oito anos da chamada Revolução Constitucionalista, violento movimento que marcou a luta paulista na Revolução de 30, cuja derrota militar é celebrada como um triunfo cívico na materialização que significa aquela bonita construção.
Enquanto os desfiles cívico-militares acontecem, praticamente ninguém se lembra que os restos mortais de muitos soldados estão guardados sob o monumento. Também pudera: o estado do local é lastimável e virou até outdoor alguns anos atrás. Hoje está fechado para visitação por motivos jurídicos e carece de investimentos e melhorias.
Àqueles que se interessam por detalhes do movimento, do monumento e da batalha por sua conservação, indico artigo muito bacana do periódico Migalhas. O texto conta um pouco da revolução, dos soldados e do passado e futuro do monumento, que eu considero como o mais bonito de Sampa (depois do Estádio do Morumbi, claro, hehehe).
Quem quiser se aprofundar um pouco mais pode visitar o blog da família Júlio Prestes, cuja figura está intimamente ligada à Revolução e seus motivos e que contém vasto material a respeito. Outro site imperdível é o Tudo por São Paulo.
Mais sobre Sampa City e sua história? Em São Paulo Passado você encontra material suficiente para perder horas pensando no que foi e no que poderia ter sido. Já Memórias do Front fala com autoridade do movimento de 1930 e São Paulo Abandonada trata da condição atual de imóveis históricos paulistanos.
São belos guias para o turista que vem a São Paulo conhecer tudo com propriedade e também para o paulistano descobrir algo mais sobre a terra onde vive.
Grande abraço e curtam o feriado!
Gastronomia e viagens
Na falta de tempo para escrever algo por aqui, compartilho com vocês um texto muito interessante sobre gastronomia e viagens.
Sempre soube de estudos sobre características comuns surgidas em povos distantes geograficamente, como aquelas teorias do paleocontato de Däniken, que verificou detalhes culturais similares na arte de alguns povos isolados, mas nunca tinha imaginado tudo isso relacionado a comida e sobrevivência. Visitem o texto original no site Viagem a Gastronomia. Ótima pedida.
Você não come o que gosta; gosta do que come
Celso Japiassu
É possível conhecer um povo pela sua história, acompanhando sua evolução e suas conquistas civilizatórias. Ou então ler a obras dos seus escritores, seus poetas, músicos, seus diferentes artistas, tomar conhecimento do trabalho dos seus cientistas, da obra dos seus politicos, compreender suas crenças e mitologia. É interessante também analisar a cultura popular de um país dando uma olhada na programação da sua tv. Ela mostra como esse povo se diverte, se informa e como se relaciona entre si, quais os seus preconceitos e visão do mundo. É uma alternativa à história, à sociologia e à antropologia, que são as formas científicas de se conhecer um povo e a sua civilização. Mas penso que uma maneira mais prática de se conhecer um povo é saber como este povo come. Um turista, apressado e superficial como são todos os turistas, pode ter uma boa noção sobre como são os habitantes do lugar onde se encontra pela primeira vez na vida, visitando os museus e os monumentos da cidade; mas uma feira livre lhe dirá com mais precisão o que essas pessoas plantam, criam, produzem e comem. E até mesmo como pensam. Sua vida diária está exposta nas barracas de feira junto com a matéria prima que vai abastecer sua cozinha e guarnecer sua mesa. É como se você chegasse na casa de alguém e de imediato fosse direto visitar a cozinha. É uma forma de conhecer a intimidade daquela casa, com a diferença de que, visitando uma feira ou um mercado popular, não há qualquer invasão de privacidade. Continue lendo “Gastronomia e viagens”
Mochila nas costas: São Paulo a Foz do Iguaçú de ônibus
De carro, de ônibus ou à pé, todas as viagens têm seu lado fascinante. De carro, o ponto forte é a liberdade de ir e vir a qualquer hora, ficar quanto tempo quiser e ir embora assim que enjoar, mas a preocupação é constante com a procura de locais seguros para deixar o veículo e todos os cuidados que implicam uma viagem longa (combustível, óleo, manutenção etc.). Viajando de ônibus essa preocupação acaba e o viajante fica só, com a mochila nas costas, decidindo se pega uma condução ou se vai à pé. Como em 2009 viajei muito por aí de carro, optei por fazer um pouco mais de exercício dessa vez e fazer uma megatrip de ônibus. Os detalhes vocês conhecerão a seguir.
Inicialmente, a idéia era aproveitar as férias para conhecer direito o litoral catarinense, mas a exemplo da viagem ao sul do ano passado, o tempo não ajudou e tive que adiar esse destino mais uma vez. No início de março desse ano, as única regiões brasileiras com sol eram o oeste do Paraná e o nordeste. Como deixei para decidir na última hora e não haviam passagens para o nordeste, optei pela alternativa mais próxima: Foz do Iguaçú! Acabo de votar e afirmo categoricamente: experiência inesquecível. Confirmei muitas informações colhidas na internet pelos colegas forumeiros e agora aproveito para deixar minha contribuição com todas informações atualizadas. Espero que aproveitem bem.
Foz do Iguaçu, com toda a sua diversidade de atrativos, representa um dos mais belos destinos turísticos do mundo e hoje é a segunda cidade mais visitada do Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. Possui riquezas naturais incomparáveis, como o Parque Nacional do Iguaçu, tombado como Patrimônio Natural da Humanidade e onde estão localizadas as maravilhosas Cataratas do Iguaçu. Seus parques são administrados com esmero e servem de modelo em todo o país, a usina hidrelétrica de Itaipú, maior hidroelétrica do mundo em produção, é modelo de gestão compartilhada entre países no mundo inteiro e consegue a façanha de ser tão interessante quanto os atrativos naturais da região. A região ainda tem inúmeras opções de diversão, como trilhas interpretativas, rafting, rapel, escalada em rocha, arvorismo, passeios de barco em meio às quedas, sobrevôo das Cataratas de helicóptero, o lindo Parque das Aves, o Marco das Três Fronteiras, o encontro dos rios Iguaçu e Paraná e por aí vai. Nem acredito que demorei tanto tempo para conhecê-la!
Primeiro, um resumo rápido da viagem. Depois, todas as informações “técnicas” e dicas.
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Rumo ao Sul: Dias 14 e 15 ( de Urubici a São Paulo, passando por Curitiba)
Três Estados num só dia seria o título para o capítulo final dessa epopéia pelo sul do Brasil, mas no fim da viagem optamos por fechar a conta de forma mais tranquila e quebramos novamente o trajeto. Basicamente, eram três a opções para deixarmos Urubici para trás em direção a São Paulo, lembrando que descartei a BR-116 pelas dicas colhidas de conhecidos e de sites diversos da internet:
a. Asfalto, em direção ao norte, com 2,5 horas de viagem pela SC-430, chegando à BR-282 e depois na região de Florianópolis, na BR-101 (171 km no total).;
b. Terra, descendo a Serra do Corvo Branco (49km até Grão Pará – em boas condições) e de lá para a BR-282;
c. Asfalto, em direção ao sul, descendo a SC-430, Serra do Rio do Rastro – SC438 até Lauro Müller e de lá para a BR-282;
Como já havia feito as duas serras no dia anterior, o mais racional seria seguir pela SC-430 mesmo, em direção ao litoral. Peguei um pouco de trânsito no trecho final, que conta com apenas uma pista e muitos caminhões, mas em geral a descida transcorreu muito bem e cheguei a altura de Floripa depois de cerca de três horas. De lá, foi seguir pela BR-101 até o Paraná, cruzar o Estado, atingir a BR-116 novamente e apontar em São Paulo no fim do dia. A viagem poderia ser feita de uma vez, já que Urubici-SC está a 872km da capital paulista, mas depois de uma viagem de mais de três mil quilômetros, achamos mais prudente quebrá-la e acrescentar mais um dia a viagem.
Como Bombinhas-SC estava próxima demais e o tempo não ajudava (cerca de 18 graus na data da partida) acabamos optando por Curitiba-PR. Lá seria ideal para abastecer (De Joinville-SC a São Paulo são poucos postos de combustível), comer num lugar legal, acostumar-se aos poucos com o trânsito, dormir bem e chegar tranquilo e descansado a Sampa City no dia seguinte, pouco antes da hora do almoço.
Sem planejamento, esse trecho final acabou se revelando um pouco mais complicado, pois a referência que eu tinha de procurar um Centro de Informações Turísticas na mítica Rua 24 Horas atrapalhou nossos planos. Apesar de constar até hoje no site oficial de Curitiba (veja aqui) o emblemático ponto turístico está fechado para reformas desde 2007! Como estávamos tranquilos quanto a hotéis, pois o posto de informações do local nos daria todo o apoio, aproveitamos o final de tarde para conhecer a bonita Ópera de Arame e seu entorno. Chegando a tal Rua 24 Horas, já próximo do crepúsculo, tudo que encontramos foram mendigos, sujeira e uma placa indicando a reforma. Naquele horário, todos os postos de informação já haviam fechado (claro, porque o da Rua 24 Horas era o único que funcionava 24 horas!) e tivemos de procurar um hotel sem qualquer apoio ou indicação.
Os hotéis do centro estavam todos lotados por conta de congressos que aconteciam na cidade e isso dificultou bastante as coisas. Não conseguimos muitas informações com os habitantes apressados do centro (se o que queríamos era um retorno gradual à vida da cidade grande, estávamos conseguindo) e acabamos pegando o carro e rodando à esmo na hora do rush, à procura de um lugar decente para dormir. Salvou-nos o Hotel Siena, localizado na R. Desembargador Motta, 1181, na esquina com a Av. Silva Jardim. Diária honesta de R$80 o casal e à uma quadra do Shopping Curitiba, próximo também do Shopping Crystal Plaza, Shopping Novo Batel e do Estádio do Clube Atlético Paranaense. O ótimo atendimento, o quarto limpo e o chuveiro quente foi tudo que aproveitamos do hotel, além do excelente jantar no Shopping Curitiba. Se passar pela metrópole, fique por lá. Carro em Curitiba no horário do rush não ajuda, então se for passear durante a semana, prefira a “Linha Turismo”, que nada mais é que um ônibus estilo “jardineira” que te leva a todos os pontos turísticos e sai a cada meia hora. Porém, confirme antes se ele ainda existe pelo telefone, para evitar lances chatos como o da tal rua que nunca fecha.
Na manhã seguinte, bora pra Sampa City. A cidade é bem sinalizada e é fácil achar a saída para a BR-116. Seguindo em frente, se tudo der certo, em menos de cinco horas já se chega a capital paulista. O primeiro trecho de viagem é bastante tranqüilo e bonito,porém ao chegar em Miracatú o motorista terá de decidir qual caminho pegar. Vencer a Serra do Cafezal via Rod. Régis Bittencourt – trecho da BR-116 entre São Paulo e Santa Catarina passando pelo Paraná – hoje em dia não é fácil (há trechos que ficaram parcialmente interditados por meses entre 2009 e 2010). Melhor é margear a serra via litoral, utilizando o Sistema Anchieta-Imigrantes. Privatizado em 2008, esse trecho da BR116 está sob responsabilidade de uma concessionária que já tratou de espalhar seis praças de pedágio no trajeto, perfazendo quase R$10 de pedágio, eliminando a única vantagem de seguir pela serra em vez do litoral: a economia.
Não é caro, mas devido a péssima qualidade do asfalto, a grande quantidade de caminhões, a imensa falta de segurança em boa parte do trajeto e as péssimas condições da estrada, sobretudo na Serra do Cafezal (entre os Kms 228 a 253) essa opção não é uma boa. Siga pelo litoral, utilizando a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (sem pedágio) e pegando, ao final, o Sistema Anchieta Imigrantes. Fique atento à sinalização e evite ser pego pelos radares, distribuídos em ambas as estradas para fiscalizar quem ultrapassa os 80km/h. A quilometragem de quem opta por seguir pelo litoral é maior, mas a viagem é uma das mais tranqüilas, bem sinalizadas e seguras do país.
E é isso. Fim da epopéia, porta-malas cheio de comes e bebes, memória cheia de histórias e lembranças. Uma das trips mais bacanas, tranquilas e bonitas que já fiz na vida, totalmente compartilhada com vocês. Espero que tenham apreciado e que as dicas e informações lhes ajudem a viajar tão bem ou melhor que eu naquele inesquecível mês de maio de 2009.
Grande abraço,
Raulzito.
Livros para levar na mala quando visitar 10 cidades
(clique para conhecer o site)
Existem lugares que podem ser mais bem compreendidos com a ajuda de autores que viveram ou ainda moram por lá e escreveram livros retratando-os ou tendo-os como pano de fundo. Com esse mote, a escritora Filipa Melo, jovem revelação de Portugal, preparou para “Ler”, revista portuguesa, um roteiro de dez cidades para visitar e as respectivas obras que devem ser levadas na bagagem.
Para conhecer o Cairo, o escritor Naguib Mahfouz, Nobel de Literatura de 1988, é imprescindível. Várias obras de Mahfouz são recomendadas pela autora, entre os quais sua “Trilogia do Cairo”. Se quer conhecer Bombaim, a dica é ler os livros de V.S. Naipaul. Em diversos livros, como “Meia vida”, Naipaul destrói a visão romântica sobre o país herdada por seus antepassados hindus.
Cidade que mistura como nenhuma outra “ocidente” e “oriente”, Istambul merece ser desvendada com o livro homônimo de Ohran Pamuk, também Nobel de Literatura, em 2006. Para conhecer Pequim, a sugestão é a obra “Histórias de Pequim”, do professor norte-americano David Kidd, apaixonado pela cultura e o modo de vida da China pré-Revolução Cultural.
O beatnik Jack Kerouac é uma das sugestões para quem vai visitar São Francisco, na Califórnia, e, entre outros livros, seu “On the road”, ou “Pé na estrada”, é obrigatório. Outro autor lembrado é Armistead Maupin, cronista e ativista gay, que escreveu sua série “Histórias da cidade”, sobre o cotidiano de Castro, primeiro “bairro gay” do mundo.
Peter Carey, autor de “30 dias em Sydney: um relato incrivelmente distorcido”, deve ser levado em conta para quem vai à cidade australiana. Se for a Tânger, no Marrocos, leve a obra que o escritor americano Paul Bowles fez sobre a cidade – são mil páginas de seu diário, ainda não publicado no Brasil. Czarista por excelência, São Petersburgo é retratada de forma nostálgica e sob a perspectiva de Joseph Brodsky, Nobel de Literatura de 1987, em “Less than one”.
Quem mais poderia descrever a cidade vietnamita de Ho Chi Minh, antiga Saigon, que Marguerite Duras? Apesar de o clássico “O amante” não constar da lista da revista “Ler”, seu nome não passa em branco. A dica é “Marguerite Duras – uma biografia”, da escritora Laura Adler.
Enfim, chega-se a Veneza, talvez uma das cidades mais retratadas pela literatura. Filipa Melo indica, entre outros, clássicos como “Otelo”, de William Shakespeare, e “Morte em Veneza”, de Thomas Mann, e quadrinhos como “Fábula de Veneza”, de Hugo Pratt.
Leia o roteiro da “Ler” sobre as cidades literárias.
Visite a página de “Meia vida” no site O Livreiro.
Saiba mais sobre o livro “Istambul – Memória e cidade“.
Conheça um pouco da obra “On the road – Pé na estrada“.
Veja detalhes de “30 dias em Sydney: um relato incrivelmente distorcido”.
No Ritmo do Sul
Pouca Vogal
1. Além da Máscara (Gessinger)
2. Depois da Curva (Gessinger/Leindecker)
3. Breve (Gessinger/Leindecker)
4. Vôo do Besouro (Gessinger)
5. Pouca Vogal (Gessinger)
6. Pra quem Gosta de Nós (Gessinger)
7. Na Paz e na Pressão (Leindecker)
8. Tententender (Gessinger/Leindecker)
Gravado em Setembro de 2008 no estúdio gaúcho Submarino Amarelo e passado praticamente desapercebido no resto do país, este definitivamente não é um trabalho fácil. Aliás, como tudo que Humberto Gessinger fez na vida. De qualquer forma, vale a pena conhecer, ainda que seja uma breve trilha sonora para ler o próximo post.
Os links são do site oficial da banda e estão disponíveis para download grátis desde o lançamento. Já aviso que tem um pouco de Enghaw, alguma coisinha de Cidadão Quem e aquela pegada do pampa que todo mundo conhece. São só Gessinger e Leidecker, alguns instrumentos diferentes, uma quantidade incrível de influências e algum tempero provocativo um tanto quanto controverso. É o álbum perfeito para discutir Oscar Wilde e aquele lance de grande diversidade de opiniões e a vitalidade das coisas. E eu confesso que já ouvi duas vezes e ainda não sei o que dizer.
Tem uma bula aqui e outra ali com indicações. Mas nenhuma traz os efeitos colaterais…
Perca um livro
A idéia é sensacional. O projeto O “Perca um Livro” consiste basicamente em “perder” um livro em qualquer lugar público que você escolher, que será achado e lido por outras pessoas que, então, farão o mesmo. Grátis, simples, fácil assim. Para começar, cadastre seu livro aqui, imprima a etiqueta e cole-a no livro. A partir daí você pode rastrear o livro e descobrir para quais lugares ele viajou, fazer amigos deixando recados no livro, enfim, as possibilidade são infinitas.
A idéia é inspirada em projetos europeus similares e foi trazida ao Brasil pela editora Zeiz , que já “perdeu” 150 exemplares do livro “A Unidade dos Seis – O Herdeiro Especial” ( primeiro volume da trilogia A Unidade dos Seis) . Os livros “perdidos” contém orientações que ensinam o próximo leitor a repetir o mesmo procedimento e por aí vai. A idéia é os livros criem uma corrente que incentive outras pessoas a fazerem o mesmo com outros livros, disseminando entre as pessoas o hábito da leitura. Taí um grande, útil e criativo viral!