Rumo ao Sul : Preparação

O primeiro passo da preparação – e um dos mais deliciosos, confesso – é decidir o roteiro básico. Partir de Sampa City num dia útil qualquer para evitar trânsito nas estradas, rumar em direção a Curitiba (408Km), de lá partir para a direção de Joinville (mais 130km) e dali pra Bombinhas, os derradeiros 125Km de BR-101 do primeiro dia. Seriam 643Km de pernada no primeiro dia, direto, o que não é muito mas daria pra começar. A idéia era sair na quarta-feira 13 de maio de 2009 por volta das seis horas da manhã, forrar o estômago em alguma dessas cidades e chegar em Bombinhas no meio da tarde.

Bombinhas foi escolhida como primeira parada porque apesar do tempo frio e da falta de atrações nessa época do ano, conseguimos algumas boas indicações de pernoite barato na região, a cidade é bem menos badalada que Guarda do Embaú e Camboriú, bem menor que Florianópolis e fica bem na metade do caminho para Praia Grande-RS, nosso primeiro destino efetivo.  A idéia era andar um pouco na praia, jantar num lugar legal e no dia seguinte seria levantar cedo e pegar a estrada, chegando no meio da tarde a primeira cidade dos cânions. Lá conheceríamos o Malacara e depois cruzaríamos os quarenta quilômetros de estrada de chão da  belíssima Serra do Faxinal até Cambará do Sul, onde passaríamos a noite para conhecer os famosos cânions do Itaimbezinho e Fortaleza e o que mais fosse possível dos Parques da Serra Geral e de Aparados da Serra.

Esse ponto foi o primeiro de dois grandes impasses: as informações sobre as condições da Serra do Faxinal são absolutamente conflitantes nos relatos eletrônicos e guias de viagem. Lê-se desde relatos de carros comuns como Palios, Gols e Unos cruzando sem problema o cascalho até alertas para só ir de veículos 4×4 e mesmo assim evitar trafegar em dias chuvosos . Uma alternativa seria voltar a BR-101 e descer até Torres-RS, trafegar mais 43km até Terra de Areia,  onde dobra-se a direita na RS-453, também conhecida como  Rota do Sol.  Daí os relatos apontavam para 55 km até o trevo que dá acesso a Cambará do Sul, onde pegando a direita entra-se na RS-020 e aí são só mais 34 km até Cambará do Sul. Todo o trecho tem 132Km e é todo novo e recém-asfaltado na RS-453. Os conservadores sugeriram escolher esta opção, falando muito bem da paisagem e calculando o trecho todo em duas horas. Racionalmente, já que íamos de 4×2, a escolha seria óbvia. Mas eu não me convenci. Deixei para decidir quando lá chegasse.

De lá, vencida a parte mais bacana da trip, passaríamos por Gramado e Canela para conferir um pouco das tão famosas cidades, porém já sabendo que seria bem rápido, já que compras e badalação não eram o objetivo. De lá, escolhemos passar por Bento Gonçalves para ver as vinículas e iniciar a volta para São Paulo pegando a BR-116 em direção a Lages-SC, BR-282 rumo a Bom Retiro e a seguir a SC-430 por mais 19Km direto a próxima e última parada: Urubici-SC. Lá, planejamos ver as atrações naturais da região, incluindo o famoso Morro da Igreja (onde ficam a Base Militar do Cindacta e a famosa Pedra Furada) e conhecer as duas grandes atrações rodoviárias de Santa Catarina: as a imponente Serra do Corvo Branco (no ponto mais alto, a estrada cruza dois paredões de 90m, o maior corte vertical feito em rocha no Brasil) e a belíssima Serra do Rio do Rastro. Aí tivemos nossa segunda dúvida: subir a Rio do Rastro e descer a Corvo Branco ou o oposto?

Na verdade, no primeiro roteiro que montamos, essa seria a primeira parte da viagem por dois motivos: primeiro para não tirarmos a graça de todo o resto da viagem conhecendo as melhores atrações (os cânions gaúchos) antes das outras e segundo porque fazendo essas duas estradas difíceis logo no começo da viagem evitaria que decidíssemos, por cansaço, evitá-las no final. Infelizmente tivemos que passar essa parte para o final do roteiro, porque caso contrário chegaríamos à região dos cânions gaúchos no fim de semana e o Parque de Aparados da Serra só abre de quarta a domingo. Preferimos não correr o risco de ficarmos com o roteiro engessado por um ou dois dias por conta dessa limitação. Outro motivo importante para a mudança foi que fazendo dessa forma a volta se tornou menos cansativa, já que nosso último destino estava bem mais próximo do meio do caminho, não mais no ponto mais distante da viagem. Depois vimos que a escolha foi excelente.

Dali o retorno seria direto a São Paulo ou caso necessário, pararíamos em alguma cidade entre Joinville e Curitiba ou mesmo na capital paranaense. Optamos por Curitiba, pelos motivos que vocês conhecerão ao final do relato. Bora lá!

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Rumo ao Sul: De São Paulo ao Rio Grande do Sul

Logo depois de voltar da mochilada em Salvador e Morro de São Paulo no ano passado, resolvi que era hora de tentar uma roadtrip. Venho planejando já há alguns anos uma viagem épica de Sampa City a Ushuaia, mas como por hora isso é inviável, tive que me contentar com algo que pudesse pagar e que fosse possível de realizar em cerca de 15 (quinze) dias.

Sempre tive vontade de visitar o Sul do país. As notícias dos viajantes que por lá passam são sempre as melhores possíveis e eu nunca tirei da mente as imagens dos cânions que vi numa revista cerca de dez anos atrás. A partir daí não foi difícil armar um roteiro, planilhar gastos e planejar a rota. Em pouco tempo já tinha muita informação dos amigos de blogs e fóruns, alguns telefones e indicações, mapas e um roteiro de preparação.

E não foi difícil seguir. As informações da região na internet são bastante fidedignas, os telefones de lá não mudam com muita freqüência, a condição das estradas é estável e não há muita movimentação em relação aos parques naturais e outros destinos ecoturísticos. Enfim, correu tudo mais ou menos como planejado e a viagem foi sensacional.

A partir de hoje escrevo um pouco por dia contando desde a preparação para a trip, com algumas dicas sobre coisas que descobri da melhor e da pior forma possíveis, até o roteiro ponto a ponto, com nomes, telefones e indicações, todas atualizadas. Espero que gostem e que sirva de guia para quem quiser experimentar. Aguardo também comentários e dicas complementares.

Grande abraço e boas leituras

Raulzito

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Livros para levar na mala quando visitar 10 cidades

Fonte: O Livreiro

(clique para conhecer o site)


Existem lugares que podem ser mais bem compreendidos com a ajuda de autores que viveram ou ainda moram por lá e escreveram livros retratando-os ou tendo-os como pano de fundo. Com esse mote, a escritora Filipa Melo, jovem revelação de Portugal, preparou para “Ler”, revista portuguesa, um roteiro de dez cidades para visitar e as respectivas obras que devem ser levadas na bagagem.

Para conhecer o Cairo, o escritor Naguib Mahfouz, Nobel de Literatura de 1988, é imprescindível.  Várias obras de Mahfouz são recomendadas pela autora, entre os quais sua “Trilogia do Cairo”. Se quer conhecer Bombaim, a dica é ler os livros de V.S. Naipaul. Em diversos livros, como “Meia vida”, Naipaul destrói a visão romântica sobre o país herdada por seus antepassados hindus.

Cidade que mistura como nenhuma outra “ocidente” e “oriente”, Istambul merece ser desvendada com o livro homônimo de Ohran Pamuk,  também Nobel de Literatura, em 2006.  Para conhecer Pequim, a sugestão é a obra “Histórias de Pequim”, do professor norte-americano David Kidd, apaixonado pela cultura e o modo de vida da China pré-Revolução Cultural.

O beatnik Jack Kerouac é uma das sugestões para quem vai visitar São Francisco, na Califórnia, e, entre outros livros, seu “On the road”, ou “Pé na estrada”, é obrigatório. Outro autor lembrado é Armistead Maupin, cronista e ativista gay, que escreveu sua série “Histórias da cidade”, sobre o cotidiano de Castro, primeiro “bairro gay” do mundo.

Peter Carey, autor de “30 dias em Sydney: um relato incrivelmente distorcido”, deve ser levado em conta para quem vai à cidade australiana.  Se for a  Tânger,  no Marrocos, leve a obra que o escritor americano Paul Bowles fez sobre a cidade – são mil páginas de seu diário, ainda não publicado no Brasil. Czarista por excelência, São Petersburgo é retratada de forma nostálgica e sob a perspectiva de Joseph Brodsky, Nobel de Literatura de 1987, em “Less than one”.

Quem mais poderia descrever a cidade vietnamita de Ho Chi Minh, antiga Saigon, que Marguerite Duras? Apesar de o clássico “O amante” não constar da lista da revista “Ler”, seu nome não passa em branco. A dica é “Marguerite Duras – uma biografia”, da escritora Laura Adler.

Enfim, chega-se a Veneza, talvez uma das cidades mais retratadas pela literatura. Filipa Melo indica, entre outros, clássicos como “Otelo”, de William Shakespeare, e  “Morte em Veneza”, de Thomas Mann, e  quadrinhos como “Fábula de Veneza”, de Hugo Pratt.

Leia o roteiro da “Ler” sobre as cidades literárias.

Visite a página de “Meia vida” no site O Livreiro.

Saiba mais sobre o livro “Istambul – Memória e cidade“.

Conheça um pouco da obra “On the road – Pé na estrada“.

Veja detalhes de “30 dias em Sydney: um relato incrivelmente distorcido”.

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No Ritmo do Sul

Pouca Vogal

1.  Além da Máscara (Gessinger)
2.  Depois da Curva (Gessinger/Leindecker)
3.  Breve (Gessinger/Leindecker)
4.  Vôo do Besouro (Gessinger)
5.  Pouca Vogal (Gessinger)
6.  Pra quem Gosta de Nós (Gessinger)
7.  Na Paz e na Pressão (Leindecker)
8.  Tententender (Gessinger/Leindecker)

Gravado em Setembro de 2008 no estúdio gaúcho Submarino Amarelo e passado praticamente desapercebido no resto do país, este definitivamente não é um trabalho fácil. Aliás, como tudo que Humberto Gessinger fez na vida. De qualquer forma, vale a pena conhecer, ainda que seja uma breve trilha sonora para ler o próximo post.

Os links são do site oficial da banda e estão disponíveis para download grátis desde o lançamento. Já aviso que tem um pouco de Enghaw, alguma coisinha de Cidadão Quem e aquela pegada do pampa que todo mundo conhece. São só Gessinger e Leidecker, alguns instrumentos diferentes, uma quantidade incrível de influências e algum tempero provocativo um tanto quanto controverso. É o álbum perfeito para discutir Oscar Wilde e aquele lance de grande diversidade de opiniões e a vitalidade das coisas. E eu confesso que já ouvi duas vezes e ainda não sei o que dizer.

Tem uma bula aqui e outra ali com indicações.  Mas nenhuma traz os efeitos colaterais…

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Peru na mídia, reportagens interessantes e novidades no blog

Eu sei que estava devendo, confesso, mas cá estou com algumas novidades. Antes de qualquer coisa, três links de interessantes reportagens do jornalista de aventura do Trilhas e Aventuras, André Dibb:  Pico da Neblina, Expedição Cordilheira Real – Bolívia (parte 2) e Expedição Cordilheira Real – Bolívia (parte 1). Quem gosta de destinos sul-americanos vai se interessar com certeza. E ficam os parabéns pelos textos originais sobre locais interessantes, pouco explorados física e virtualmente.

Outra dica muito legal são os videos das reportagens realizadas pelo Jornal Hoje esta semana sobre a porção amazônica do Peru. O país, que voltou à mídia com notícias negativas sobre o ressurgimento do Sendero Luminoso na semana passada, também merece todos os destaques positivos!! Seguem os links diretos, com videos:

Aproveito para contar  que estão no forno novos textos sobre o Peru e dois guias de viagem econômica que ainda estou terminando de preparar: Campos do Jordão e Mega Road Trip de São Paulo ao Rio Grande do Sul, com relatos e informações recentíssimos. Em paralelo, um texto sobre preparação de viagem com automóvel. O tempo é curto, mas aos poucos eu vou fazendo. Aguardem!

http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1175220-16020,00-BEIJAFLOR+MIRABILIS+E+RARIDADE+DA+AMAZONIA+PERUANA.html
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Consumir menos para viajar mais

Hoje pela manhã tive a oportunidade de ler um excelente artigo do Conrado Navarro sobre inteligência financeira que explorava alguns conceitos interessantes, perfeitamente aplicáveis ao tema deste blog. Navarro comentava de uma conversa com Reinaldo Domingos (autor dos festejados  “Terapia Financeira” e “O Menino do Dinheiro”) sobre dicas de como se pode viver melhor, durante mais tempo e com mais dinheiro. Sim, mais tempo e mais dinheiro significam mais viagens. O foco do artigo não era esse, mas alguns conceitos são universais e podem ser aplicados ao planejamento de viagem, motivo pelo qual vou compartilhá-los com vocês.

Hoje em dia planejamento financeiro e investimento para o futuro são obrigatórios, então por que não aproveitar a mesma disposição para planejar melhor suas viagens? Em termos práticos, não adianta culpar o momento de crise pela dificuldade em investir uma parte de sua grana. O fato é que a crise afeta a todos, mas com um objetivo claro e definido é possível. É sempre possível.

O artigo menciona que em geral os brasileiros “sonham pouco e almejam menos ainda”, com muitos vivendo uma vida aparentemente saudável e completa, mas incoerente com sua realidade financeira e incapaz de sustentar seu padrão de vida. Isso se traduz também na vida mochileira. Se o objetivo é fazer uma viagem internacional importante – sonho de muita gente – obter recursos financeiros para tanto é absolutamente factível para quem tem ao menos um emprego fixo.

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