Ótimo post de um dos meus blogs preferidos: Mochilão Trips !
Categoria: Preparação
Dicas para sua roadtrip
Manja aquele filme do Spielberg sobre um cidadão incauto que cai na besteira de ultrapassar um psicopata num caminhão e é perseguido – e aterrorizado – por ele durante horas? Pois é, a triste notícia do falecimento de um amigo num trágico acidente essa semana me lembrou do filme e de como pequenos detalhes como uma inocente ultrapassagem ou mesmo um cálculo errado no combustível podem transformar sua diversão numa bela duma encrenca. Mas há salvação.
Mochileiro gonzo
No começo da segunda metade da década de 60, em pleno auge das novas liberdades editoriais de que gozava o New Journalism na imprensa norte-americana, surge uma interpretação extremada dos seus princípios sob a forma de um jornalista free-lancer do Kentucky, chamado Hunter S. Thompson. Criador e principal representante de uma modalidade de jornalismo literário denominada Gonzo Journalism, Thompson propôs a transposição da barreira essencial que separa o jornalismo da ficção: o compromisso com a verdade. Também chamado de jornalismo fora-da-lei, jornalismo alternativo e cubismo literário, o gênero inventado por Thompson tem sua força baseada na desobediência de padrões e no desrespeito de normas estabelecidas, além da insistência em quatro grandes temas: sexo, drogas, esporte e política. (Rodrigo Alvares, daqui)
Pois é. Ninguém, reforço, ninguém é mais gonzo no Brasil que Arthur Veríssimo. Jornalista, apresentador de tv, autor de livros e dvds, mochileiro profissional e louco, um apaixonado pela vida e pela narração da vida. Vida real, relatada visceralmente. Recomendo uma passadinha no seu blog no site da já mítica e sobrevivente Revista Trip, que apesar de ter poucos e curtos posts, dá uma idéia da linha hipnótica que o cara segue na revista.
Tem posts lá que têm a graça de arrancar o verniz da tua vida. Meus preferidos: ativismo de verdade em Direto do front, filosofia de vida no Kaialash em Na Montanha Sagrada e uma inusitada partida de futebol com chollas na Bolívia em Que Bonito É.
E já que você vai lá, aproveite e confira uma entrevista muito bacana com Thomas Kohnstamm, outro gonzo consagrado que conta como é a vida (pessoal e profissional) de um escritor de guias de viagem. Coisa rápida, mas vai desconstruir a imagem mental que muita gente criou da profissão…
Documentos para mochilar no exterior
Mochilar no exterior é sempre uma aventura e tanto, mesmo para viajantes experientes. E como viajar com segurança é sempre fundamental, de saída o primeiro item do seu check list deve ser a verificação dos seus documentos.
Antes de tudo, providencie seu passaporte. O procedimento é trabalhoso, mas bastante simples. Basta obter a documentação exigida pela Polícia Federal, solicitar a emissão via internet (aqui), pagar a guia emitida também via internet (algo em torno de R$130 em 2011) junto com a solicitação de emissão, agendar sua visita ao posto de atendimento mais próximo e aguardar o prazo de emissão, que varia muito de Estado para Estado e conforme a época do ano (férias, feriados etc.).
Nos países do MERCOSUL não é necessário passaporte, mas se você tiver o seu poderá carimbar nos postos de controle e trazer um belo souvenir para casa. Além disso, com um passaporte válido em mãos, não haverá qualquer dúvida acerca da sua identidade e o agente público dificilmente poderá criar algum problema. Caso não consiga emitir o documento a tempo ou preferir arriscar, consulte a relação de documentos exigidos nesses países aqui.
Caso vá dirigindo ou pretenda alugar um carro no exterior, é necessário obter uma PID – Permissão Internacional para Dirigir e adquirir um Seguro Carta Verde. Todas as informações para emitir esse documentos estão no post Roadtrip no Exterior .
Outro dado importante é que se você cruzar a fronteira com um veículo, tem que portar o respectivo documento de propriedade. Se você não for o proprietário, vai precisar de uma autorização dele permitindo que você o dirija no exterior. E se o possante estiver alienado, você terá que ligar para a financeira e solicitar uma autorização para que ele circule no exterior (nesse caso, boa sorte!). Nos dois últimos casos,o documento deve ser chancelado pela embaixada/consulado do país que você vai visitar, o que demanda certa antecedência.
Quanto ao veículo em si, pesquise sobre o país para onde vai: na Argentina o carro tem que carregar dois (?!) triângulos de sinalização e cabo de aço com quatro metros de comprimento para reboque, no Chile não é permitido o uso de película (insul-film etc.) nos vidros dos carros e as autoridades apreendem os ilegais ou exigem que você tire o filme na unha e por aí vai. Também nunca é demais contactar a sua seguradora e perguntar por uma “extensão de percurso”, normalmente válida para a Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Bolívia.
Hoje, uma grande quantidade de países também exigem do turista o Certificado Internacional de Vacinação. Orientações sobre a saúde dos viajantes e informações sobre a emissão do certificado você encontra no site específico da ANVISA. Locais que emitem a carteira estão relacionados aqui. Em Sampa, a opção clássica é o Centro de Referência Imunológica do Hospital das Clínicas, que fica na Rua Eneas de Carvalho, 155. Funciona no térreo entre 7h e 15h, apenas de segunda a sexta. Você não vai pagar nada, a carteira valerá por dez anos a partir de dez dias depois da vacina (prazo que leva para que a imunização tenha efeito). Note que alguns países exigem trinta dias de antecedência e não os dez de praxe. Informe-se e confira também o post cuidados com remédios ao viajar, que dentre outras dicas lista alguns remédios imprescindíveis para uma viagem tranquila ao exterior.
E por falar em validade, todo e qualquer documento que você precisar no exterior deve ter validade com data porterior ao seu RETORNO ao Brasil. Procure deixar os documentos no cofre do hotel onde está hospedado e circule apenas com cópias, com exceção dos documentos do veículo quando estiver dirigindo e do passaporte, que deve estar sempre com você. Guarde também uma cópia autenticada em local seguro e diferente de onde está o seu passaporte (bolso, sacola, mala, moneybelt, sapato, cueca etc.). Pode ser útil na ida, na volta, em trânsito, num consulado ou quando você for sequestrado pelas FARC. Bem, nesse caso nem tanto…
Finalmente, se for para o MERCOSUL, vale baixar a Cartilha do Cidadão disponível no site brasileiro oficial do tratado. Lá você encontra informações oficiais, interessantes e atualizadas.
Boa viagem!
Roadtrip no exterior: CNH ou PID? E Carta Verde?
Perguntinha clássica. Curto e grosso: a resposta é PID. Explico.
PID significa Permissão Internacional para Dirigir, que é um documento emitido pelo DETRANs do seu Estado, escrito em língua portuguesa e nas línguas determinadas na Convenção de Viena, que é a grosso modo um acordo internacional que permite a aos países que a ele aderiram emitir esse documento padronizado que permite ao portador dirigir em qualquer um desses países, desde que apresente também sua CNH original.
Segundo o DENATRAN, para obter a permissão o condutor deverá possuir uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) válida (a PID é emitida com a mesma validade, categoria e restrições médicas do documento nacional) e apresentar os documentos exigidos pelo DETRAN do seu Estado. Aproveite e solicite a sua quando for renovar a CNH.
Você vai ler por aí que não é necessário tirar a PID, que os países do MERCOSUL aceitam numa boa a CNH brasileira, que países com fiscalização rodoviária rígida como os EUA e a França não costumam criar problemas com o documento, que nenhuma locadora de carro exige a carteira internacional e outras tantas listas de países que aceitam a CNH nacional formalmente, que toleram seu uso ou que não reconhecem o documento. Esqueça tudo isso.
O que você deve saber é a lista dos países que aceitam a PID (aqui) e se for viajar para qualquer deles tire o documento e viaje tranquilo. Quem porta a CNH e a PID passa muito mais rápido por bloqueios em estradas, aluga carros com muito mais facilidade, se identifica muito rapidamente em países que a aceitam como identidade civil e corre bem menos risco de ser ludibriado por policiais ou agentes de trânsito corruptos no estrangeiro. O motivo é um só: quem lê o documento localiza mais rapidamente as informações e fica sabendo que você é um viajante preparado e experiente.
O documento não é caro e garante a sua tranquilidade quando um agente público te parar numa estrada qualquer mundão afora. Deixa a PID de lado é um gasto em grana que pode te economizar tempo e preocupações.
Outra coisa é a famigerada Carta Verde, esta sim, legalmente obrigatória para todos os países integrantes do MERCOSUL
É um seguro obrigatório para automóveis matriculados no país de origem em viagem internacional no âmbito do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). A apólice, em caso de acidente, cobre danos pessoais e materiais causados a terceiros não transportados pelo veículo segurado, tais comomorte, invalidez permanente, despesas médico-hospitalares etc. Todas as seguradoras brasileiras estão habilitadas a emitir a Carta Verde, porém o desconhecimento é generalizado e não raro você se depara com um atendente que nem sabe o que é. Procure sua seguradora e na falta dela dê uma googlada básica. O documento vale pelo tempo que você contratar e não é dos mais caros.
O pessoal da Região Sul gosta de solicitar o documento numa seguradora localizada em São Borja (cidade da fronteira com a Argentina) chamada Proteges que – dizem – tem o melhor preço do país. Há diversas outras opções nas grandes cidades de fronteira como Foz do Iguaçú e Uruguaiana, por exemplo.
Veja também os posts sobre documentos pessoais necessários para viajar para o exterior e quais remédios levar num mochilão e boa viagem!
Sete dicas para brasileiros não passarem vergonha no exterior
Atualizado em 03/11/2019
Já é um clichê. Você está tomando sua caipirinha lá naquele boteco bacana de Paraty e eis que um gringo encosta no balcão, àquela hora da noite em que as palavras saem molhadas, e ele lança aquele “charmosos, otimistas, sorridentes, hospitaleiros” que o Seth gostava de falar no iG nos longínquos anos 2000. Aqui tudo pode, diz o gringo.
Nem tudo, mas é fato que somos bastante flexíveis quanto a regras de convivência por aqui. Se você nunca parou para pensar que essa boa vontade com turistas não seja regra no resto do mundo, é bom maneirar na capirinha.
1) Não tirar os sapatos ao entrar em casa. Nos EUA e o Japão, existe o costume de tirar os calçados logo depois de entrar em casa e circular de meias. Ou seja, se for convidado para uma refeição na casa de alguém, é de bom tom deixar os sapatos do lado de fora. Se você não fizer isso, será mal visto nos EUA e será advertido no Japão. Em qualquer situação, terá que deixar os sapatos ao lado da porta de entrada e é bom que suas meias estejam em bom estado. Como é um costume difundido nesses países, também o é estar com meias impecáveis sempre;
2) Fazer Joinha. É, amigo. Aquele sinal janota de levantar o polegar concordar, com aquele sorriso de “tá certo”, “vai lá” ou mesmo “obrigado” não é tão legal no exterior. Fazer com as duas mãos ao mesmo tempo então… é bem Homer Simpson. Em boa parte do mundo não quer dizer nada, noutros cantos é um comportamento esquisito (acredito, há povos em que o gestual conta mais que o oral) e há locais em que é considerado vulgar, ofensivo (sobretudo na Ásia). Evite fazer figa: na Grécia, Tunísia, Turquia e Holanda é um extremamente vulgar;
3) Tomar banho excessivamente. E por banho excessivo, acredite, alguns países entendem um por dia. Sim, brasileiros são o povo que mais toma banho no mundo. Moramos num país em que água nunca foi problema (exceto em São Paulo) e estamos acostumados e suar um pouquinho e jpa correr para o banho. Por aí não é assim não. Na Europa, onde a água é caríssima (mais que internet, mais que gás, mais que quase tudo) por exemplo, tomar um banho por dia só em dias muito quentes e se não houver piscina no seu hotel (mergulhou, tá limpo). Em hostels e hotéis mais baratos, é comum chuveiros terem temporizadores. Em hotéis mais caros, minutos extras são cobrados à parte. Portanto, se você alugar um apartamento ou ficar na casa de alguém, preste atenção para não ofender ninguém. Nem causar-lhe uma dívida que demorará meses para pagar;
4) Usar roupas de praia estilo brasileiro. Para encurtar a história: no Brasil pode-se usar qualquer coisa na praia. Homem em mulher. Pode até mesmo usar nada, ou quase nada, em vários lugares. Por aí, não é assim não. Se homem, para evitar olhares tortos e problemas com turistas-embriagados-patrulheiros-da-moralidade, o ideal é usar um calção e pronto. Mulheres, eu sei, biquinis grandes são horríveis. Para não ficar com marcas grandes demais no bronzeado, fique na água com o que se sentir mais a vontade e invista numa saída de praia enquanto estiver fora dela. Infelizmente é comum em alguns países que se interprete biquinis curtos como um convite ou uniforme de profissões, digamos, alternativas;
5) Papel higiênico. Sem meias palavras: caso você não saiba, mora num país pobre. A falta de uma boa rede de esgoto que trate adequadamente os resíduos é um enorme problema para boa parte da população (mais da metade, para ser mais preciso) e é por isso que jogamos papel higiênico usado no cesto de lixo, não na descarga. Japão, Suíca, Dinamarca, França, Espanha, Inglaterra… todos esses países tem quase 100% de esgoto tratado adequadamente, daí eles podem se dar ao luxo de jogar papel higiênico na privada. E acham bastante nojento você jogar o seu num cesto;
6) Beijar muito. Beijo é coisa de brasileiro. Tem gringo que vai pra cama, troca fluídos na boa, mas se sente acanhado em beijar na boca. Então pense bem: é muito mais aceitável em público do que em outros países. No Brasil beija-se bastante na boca, especialmente os mais jovens. É bastante comum namorar no parque, no bar, no cinema, na praia. Mesmo entre amigos. Lá fora, fazer isso em alguns países pode ser considerado inadequado, imoral, contravenção e até crime. Evite fazer isso em público, exceto em festas e eventos mais descolados, onde vale a pena observar o que os outros estão fazendo e manter-se nesse limite. Em hostels, em que é comum formar turmas de amigos que acabaram de se conhecer, evite beijar na boca na presença dos outros em passeios, jantares, piqueniques ou qualquer local de uso comum. Gringo acha feio;
7) Não dar gorgeta. Esse é o que eu acho mais chato, mas necessário. No Brasil, a conta já vem com a gorgeta incluída, não precisamos fazer conta nem falar de dinheiro com ninguém. E amamos ser simples assim. O fato é que nossa legislação trabalhista garante um salário mínimo ao garçom e as gorjetas são extras, repassadas aos garçons individualmente ou mesmo divididas por igual, depois de descontadas as taxas das maquininhas. No exterior, como nos EUA, por exemplo, é muito comum que a única remuneração do garçom seja a gorgeta, motivo pelo qual é muito feio, antiético, sovina (e em alguns lugares, ilegal) você não dar gorgeta. Mesmo se não tiver gostado do atendimento.
Lembra aquela famosa cena do “I don´t tip” do personagem Mr. Pink em Cães de Aluguel? Apesar de engraçado, é muito feio. Não faça.
Há sites especializados no assunto, como o TipAdvisor, que apesar do trocadilho infame, é bem completo e divertido de explorar. Na dúvida, o ideal é perguntar assim que se chega no país. Eu gosto de perguntar no balcão do meu primeiro hotel. Sempre me explicaram com cortesia e precisão, às vezes até mesmo na minha língua. Não tem erro;
8) Exigir cerveja gelada. E tomar em qualquer lugar. Às vezes descobre-se da pior forma, mas acredite, o ideal é aprender com a experiência dos outros. A primeira coisa que você deve saber é que o consumo de álcool, apesar de permitido, tolerado e até incentivado, em alguns casos, isso não é de forma alguma pacífico ao redor do globo. Nos EUA, em muitos cidades o consumo e venda de álcool são punidos por lei. Alabama, Alasca, Arkansas, Flórida, Kentucky, Mississippi e Texas, são Estados que possuem desde restrições para consumo na rua até proibição da comercialização. Na Índia, há Estados em que turistas devem adquirir uma autorização para comprar bebidas alcoólicas, e noutros, mais ao norte do país, a comercialização também é proibida. Nos Emirados Árabes e no Chile, comprar e consumir é OK, mas JAMAIS em público. Se você for pego bebendo em Bangladesh, no Iêmem, na Líbia ou no Irã, pode ser preso. No Paquistão também, a não ser que prove não ser muçulmano (lembre de pegar a certidão de batismo na gaveta da vovó).
Quanto à temperatura, a regra é que nos países tropicais prefere-se cervejas menos encorpadas e bem geladas. Nos equatoriais, leia-se Europa, o sabor da cerveja é importante há muito tempo, bem antes das cervejas artesanais chegarem por aqui. A ideia é desfrutar da bebida como fazemos com os destilados;
9) Tratar os outros como escravos. Em alguns países é feio, estranho, surreal, bizarro… ter escravos como muitas famílias ainda tem no Brasil. Sabe aquela cena da família sentada na mesa, pedindo pra empregada trazer queijo ralado? Ou o copo de água? É restrita a pessoas muito ricas em boa parte do mundo. E em outros cantos isso não existe, nem mesmo nessa situação. Primeiro pela sensação de independência e auto-estima, muito caras a determinados povos. E em segundo porque ter uma empregada doméstica na casa é tão caro, mas tão caro, que é preferível gastar com algum item luxuoso uma vez na vida do que cogitar ter uma. Outra coisa: uma criança européia, em geral, não pede um copo de leite, ela abre a caixinha coloca no seu próprio copo. Ela não pede para comprar chocolate, ela pega o dinheiro e vai. Ela não manda alguém lhe fazer um lanche, ela mesma abre a geladeira e faz. Aliás, outra peculiaridade nossa: tratar as crianças como se fossem incapazes. Crianças aprendem desde cedo a fazer tarefas domésticas em várias partes do mundo, saem muito cedo de casa (muito antes de “casar”) e não há nada de errado nisso. Então, manere se estiver na casa de alguém e ficar pedindo a algum prestador de serviço da casa que te sirva;
10) Falar sobre política. Antes podia. Agora, perdemos esse direito. Essa eu não preciso explicar.
Anotado? Boa viagem! 🙂
Finalmente: Guia de Museus Brasileiros
A relação do viajante com os museus é um dos temas mais interessantes pelos quais a conversa “mochila” pode enveredar. Muitos viajam apenas para conhecê-los, outros os enxergam como quadjuvantes nas viagens e reservam pouco tempo para apreciar suas belezas e há ainda aqueles que só os visitam se o tempo estiver ruim. Não importa qual é o seu perfil, você vai gostar de saber que o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/Ministério da Cultura) acaba de publicar um guia que dados fundamentais de 3.118 museus (até 24/07/2011) de todos o Brasil, tais como ano de criação, endereço, acervo, acessibilidade, infraestrutura para recebimento de estrangeiros, site, email e telefone para contato, dentre outros.
O guia conta com 1.150 endereços só na região Sudeste e tem informações bem organizadas e atualizadas. Os museus estão divididos por região, estado e município, contam com legendas explicativas e um índice remissivo ao final. O site Museus na página dedicada ao Guia disponibiliza a obra em formato PDF separado por regiões, como neste aqui que cataloga todos os museus do Sudeste.
Conforme informações do Cadastro Nacional de Museus, este é seu primeiro produto editorial e o mais atual e o mais completo guia já produzido na área no Brasil. A expectativa é de que ele facilite o acesso do público aos acervos brasileiros e promova a difusão de informações sobre o setor no país. É claro que o mochileiro mais exigente sempre espera um pouco mais de apuro e informação, mas num país ainda imenso, caótico e deficiente de estrutura turística como o nosso, só o fato de ter sido esgotada essa fase inicial de levantamento dos museus já é algo a comemorar. Apesar de nem todos os museus terem informações de horário de funcionamento, por exemplo, ao menos alguns meios de contato foram listados em todos eles e isso por si só já é suficiente para organizar a visita. Aliás, mesmo que o horário esteja lá, sabe como é… melhor confirmar antes de por a mochila nas costas.
Conheça também o site Museus.art.br, de iniciativa da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro. Apesar de conter links um tanto desatualizados, o site tem informações interessantes sobre a programação de museus do mundo todo, acervos e exposições virtuais. Curte o assunto? Conheça também a versão nacional da Revista Museu. Dotada de um acervo riquíssimo de reportagens, links e guias sobre o assunto, o forte da revista é a programação cultural, com guias atualizados e com enfoque diferenciado de tudo que acontece na área. Bora musear por aí!
Rumo ao Sul: Dia 5 ( Cambará do Sul – RS )
Antes de qualquer coisa, vale dizer que Cambará do Sul é uma das cidadezinhas mais bacanas e interessantes que já visitei. Muito mais bem cuidada, vistosa e acolhedora que a vizinha catarinense Praia Grande, dá vontade de passar um bom tempo por lá. Passamos por lá em meados de maio, época em que teoricamente não faz tanto frio… mas presenciamos termômetros apontando temperaturas de um dígito depois do sol se pôr.
Chegamos com inúmeras opções de hospedagem anotadas dos guias e da internet, mas os preços estavam sensivelmente diferentes dos relatos e publicações. Bem mais cara que Praia Grande, Cambará deu mais trabalho para encontrar uma opção mais em conta, já que quase todas as pousadas são mais bem cuidadas e tem uma estrutura mais confortável. Rodamos bastante, visitamos vários lugares e perguntamos aqui e ali para conseguir o melhor custo benefício possível. No fim das contas, escolhemos o Recanto das Gralhas (54-3251-1383, 90 mangos a diária em maio/2009). A pousada da Dona Celi é muito agradável, confortável, bem decorada, tem tv, frigobar, roupa de cama e banho, lençol térmico (sensacional), aquecedor, banheiro privativo e um bom café da manhã com queijos, sucos, bolos e manteiga caseira. Fica na Rua Antônio Raupp, 584, bem no centro da cidade, fácil de achar. Curiosidade: o elenco de A Casa das Sete Mulheres ficou por lá durante as filmagens (há algumas fotos da série expostas na área comum). Caso esteja lotada, outra opção mais barata e confortável pode ser a Pôr-do-Sol, próxima. Para os loucos, há duas pousadas com local para camping também: Pousada Corucacas e Pousada Pampa Rural. Faça seu testamento antes de ir.
Depois de algum tempo rodando a procura de uma boa pousada – estômago já roncando – um aroma de carne na brasa nos chamou a atenção, bem em frente ao número 1069 da Rua Dona Úrsula: uma construção pitoresca, toda em madeira rústica, de onde se ouvia música regional e parecia bem mais convidativa que andar no vento gelado. O nome do restaurante é Galpão Costaneira, um dos melhores e mais saborosos buffets que já provei, com comida à moda gaúcha direto do fogão a lenha e carnes grelhadas servidas na mesa. Por 16 pilas você ficará maluco com a comida mais saborosa que provei na região, regada um dos melhores sucos de uva do Rio Grande (por $2,50) e ótimas sobremesas, também inclusas. Vai parecer suficiente, mas não é: jamais saia de lá sem pedir por apenas $4 mangos adicionais um rechaud de churrasco gaúcho com queijo qualho. E não se engane: rechaud gaúcho não usa álcool, mas sim carvão! A carne não resseca, assa por igual e o sabor é muito melhor. Lá funciona todo dia, das 11h30 às 15h e das 19h30 às 22h, mas só aos sábados e domingos tem showzinho do gaiteiro “Tio Gripa” que é um espetáculo à parte. A decoração do lugar também é bem bacana: os clientes deixam nas mesas seus bilhetes e cartões de visita. Imperdível.
Para a noite, outro lugar bacana é o Rosabistrô. Na volta do Cânion Fortaleza, estávamos com roupas de trilha, cansados e ávidos por um lugar bacana para encostar o corpo e tomar um vinhozinho, mas sem muita pretensão. Ir direto para a pousada tomar banho e trocar de roupa seria decretar o fim da noite, já que os termômetros já oscilavam entre sete e oito graus antes de 20h, o que tornaria sair da cama quentinha para o vento gelado uma tarefa hercúlea. O barzinho superou as expectativas: quente, aconchegante, com um cardápio enxuto mas eficiente e inacreditavelmente barato: foram duas taças de tinto seco, uma tônica, uma porção de batatas souté com creme de queijo e dois caldinhos por apenas R$24!! O local também conta com sala de sinuca separada do salão principal, lareira e uma televisão 42″ que naquela noite tocava Skank e Vítor e Leo. Rua João Francisco Ritter, 631, em frente ao ginásio de esportes (54-3951-1538).
O Cânion do Itaimbezinho fica a 18 km do centro de Cambará do Sul e o Fortaleza a 22 km, então você já sabe que ir à pé é mais complicado. O ideal é ir com seu carro. Conforme já relatado, a estrada é bastante ruim, mas com paciência e alguma experiência dá para ir com um 4×2. Se não quiser arriscar, pode usar o transporte oferecido pelas agências ou por alguma pousada ou ainda pegar um táxi. Se estiver na região e quiser saber como andam as estradas antes de ir, fale com a Secretaria Municipal de Turismo (turismocambara@tca.com.br e (54) 3251.1557). Leve a dica a sério especialmente se tiver chovido bastante dias antes de sua visita. Na seca, sua guerra particular será com as pedras soltas da estrada.
Algumas pousadas dirão para não ir ao Fortaleza sem guia. Saiba que qualquer turista pode percorrer ambos os parques sem o acompanhamento de qualquer guia, especialmente o Aparados da Serra (Itaimbezinho) que é muito bem estruturado. No Serra Geral também é possível, mas caso haja qualquer limitação com o transporte ou os companheiros de viagem, não há absolutamente nenhuma estrutura. Apenas uma porteria e um militar separam os 22km de estrada de chão dos 17mil hectares do parque. E não há nada além de natureza em nenhum dos lados. Mas sempre é interessante passear com um bom guia que conhece a região para aprender sobre a história e a geografia. Escolha, então, entre a liberdade e a cultura e pé na estrada.
Importante: só há três agências bancárias no local (Banrisul, Sicredi e Banco Postal) e nem todas as pousadas trabalham com cartão de crédito e débito, então vá previnido e com dinheiro no bolso. Para as caminhadas nos cânions, especialmente se estiver muito frio, leve uma mochila de ataque para carregar suas roupas, comida extra, uma lanterna e primeiros socorros. Caso você não adentre a mata fechada, nem tente descer os paredões do cânion, será difícil se perder na Serra Geral, mas o seguro morreu de velho. Lembre-se que o tempo na montanha é relativo, o clima muda muito rápido e pode escurecer mais rápido do que você calculou. Não raro, o turista se empolga por ali e volta mais tarde do que deveria.
Por fim, dizem que as melhores épocas para quem curte um friozão de congelar os ossos são junho e julho, quando também pode nevar e os campos ficam brancos e secos, ideiais para fotos fantásticas. Pois bem, eu recomendo ir em maio: mais barato, cânions desertos só para você, restaurantes mais intimistas, pousadas silenciosas e se não tem neve, ao menos uma geadinha pela manhã você pega. Não tem como errar.
A seguir, post exclusivo do Parque Nacional da Serra Geral.