Põe água no feijão que eu tô chegando. rs
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I´ll be back
Rumo ao Sul : Dia 11 ( Bento Gonçalves – Urubici )
Entre Bento Gonçalves-RS e São Paulo-SP são longos e cansativos 1026km. Vencido 1/3 do caminho está Urubici-SC, a exatos 872km da capital paulista e a 167km de Florianópolis-SC. Para quebrar a viagem de volta, você pode escolher qualquer cidade do litoral catarinense – como a capital Floripa – ou alguma coisa na serra, como a sede do Parque Nacional de São Joaquim. Aí depende do fôlego, da grana, da vontade e do interesse. Como na ida ficamos em Bombinhas e o tempo estava horrível (maio/2008), descartamos Floripa por causa do trânsito e optamos por Urubici, que fica a meio caminho entre a serra e o litoral, porém ainda bem longe de São Paulo.
Não fomos pelo interior pela quantidade enorme de advertências dadas por conhecidos e obtidas na internet. Todas falavam no quão cansativa é a viagem entre as serras gaúchas e catarinenses em direção ao Paraná, por causa das inúmeras curvas, grande quantidade de caminhões, trechos longos em pista simples e a falta de sinalização da BR-116. E pude confirmar tudo isso em todo o trajeto de BG a Lages, bastante cansativo, apesar de muito bonito. Demorei uma manhã inteira para percorrer a BR até Lages, depois peguei a BR-282 em direção a Bom Retiro e por fim a saída à direita para a SC-430, que leva a Urubici nos últimos 19km. Achei que foi uma boa escolha: a região de Urubici é linda e os roteiros rodoviários da Serra do Corvo Branco e da Rio do Rastro são de uma beleza cênica incrível. Adiante, mais detalhes.
Rumo ao Sul: Dias 8 e 9 ( Bento Gonçalves )
Bem-vindo a capital brasileira da uva e do vinho, terra de boa comida, habitantes simpáticos e hospitaleiros, muita beleza, cultura e diversão à moda italiana. Passei dois agradáveis dias na região e gostei de absolutamente tudo que vi, tomei, comi, ouvi e presenciei. De início, informo que os 110 km que separam Gramado de Bento Gonçalves estão bem conservados e sinalizados, não oferecendo qualquer dificuldade, mesmo à noite. Na chegada da cidade, no chamado Pipa Pórtico (uma pipa de vinho, de 17m de altura) há um centro de informaçõees turísticas bastante completo, as quais você pode adiantar aqui.
A cidade é grande e bem estruturada. Tem agências bancárias do BB, Bradesco, Real, Banrisul, CEF, HSBC, Itaú, Unibanco e Santander, vários caixas eletrônicos e a maioria do comércio aceita cartões de débito e crédito. Há muitos pontos turísticos, suficientes para se passar ao menos uma semana por ali. Destaque para a Via del Vino, Museu e Monumento do Imigrante, a Calçada da Arte, o passeio típico de Maria Fumaça, o Palácio Municipal, a Fundação das Artes, o Parque Temático Epopéia Italiana, diversas igrejas de valor histórico e os quatro grandes roteiros: Vinhos de Montanha, Vale do Rio das Antas, Vale dos Vinhedos e Caminhos de Pedra, com destaque para esses dois últimos que descrevo abaixo.
O Vale dos Vinhedos é sensacional. Legado dos imigrantes italianos, tem uma paisagem linda, pessoas simpáticas, sinalização perfeita e inúmeros parreirais que enfeitam a visão e provêm ótimos vinhos. É indispensável um mapa (conseguido em qualquer casa de apoio ao turista da cidade) para seguir as atrações das dezenas de vinículas do vale. Não deixe de visitar as vinículas grandes como a Aurora, a Miolo e a Casa Valduga, onde você aprende muito sobre vinhos e ainda pode abater os valores pagos pela visita guiada nas lojas de vinho ou trocar por taças personalizadas e conheça também as pequenas, como Cave de Pedra e as familiares, como a Dom Cândido. Nas grandes você aprende muito, faz visitas guiadas e interessantes e trás bons presentes para casa, enquanto nas pequenas você faz amizade, tem tratamento personalizado, aproveita preços melhores, come bem e a bom preço e aprende sobre os costumes do local. Há também muitos hotéis, restaurantes e queijarias. Procure comprar vinhos com a indicação do IPVV, que identifica produtos com procedência da região.
Os Caminhos de Pedra também valem a visita. Trata-se de um roteiro cultural e gastronômico na zona rural de BG, onde pode-se entrar em contato com a cultura italiana das famílias que chegaram há mais de um século na região, sem um tostão no bolso mas com muita vontade de trabalhar. A cultura dos trabalhadores, a religiosidade das famílias e as casas com queijos, molhos e mates fabricados artesanalmente podem ser visitadas em uma tarde ou com calma, num dia inteiro.
Casa fundada em 1900, na Casa da Erva Mate Ferrari, curti muito a demostração de como é feita a erva-mate num processo artesanal, movido a roda d’água, com degustação do chimarrão, lojinha artesanato e artigos diversos para chimarrão. O mate dos caras é muito bom e a conversa da Sra. Jaqueline é ainda melhor. Na Casa da Ovelha ( http://www.casadaovelha.com.br ) não deixe de provar e aprender sobre os queijos pecorino toscano (prove o fresco e o maturado!) e feta e o doce de leite de ovelha, muito saboroso e diferente. Mais informação aqui. Visite também o El Cantutio del Pomodoro e della Gasosa, cujo nome já o apresenta (molhos caseiros caros, mas excelentes, como o Pesto e de Tomate Seco) e se quiser saber um pouco mais, converse com o Célio e a Maristella, que certamente lhe darão uma aula de molho de tomate.
Para ficar, escolhi a Pousada Santo Antonio. Quartos simples, porém aconchegantes, atendimento show de bola, estrutura muito boa (café da manhã, estacionamento, garagem, internet, sinuca, sala de tv e som, indicação de pontos turísticos e reservas de passeios) e preço excelente (de R$70 a R$110 por casal, variando época e tipo de apartamento). O proprietário foi muito atencioso conosco, buscando-nos na entrada da cidade e fazendo um delicioso pinhão na chapa nas noites frias. Para comer bem e barato na cidade, procure o Tigrão, bem próximo da pousada, que serve almoço, jantar, lanches e a la carte (Rua São Paulo, nº 311, Bairro Borgo) ou consulte o guia gastronômico da cidade. Não deixe de pedir as direções no hotel antes de sair, pois o centro tem trânsito confuso e não é tão bem sinalizado quanto às principais atrações.
Passei dois dias na região e parti para Urubici-SC, última parte da trip rodoviária pelo sul antes do retorno a São Paulo. Na saída, comprei bons vinhos a preços ridículos nas vendas à beira da estrada e provei ótimos sucos na Casa do Suco, que fica na estrada Bento-Farroupilha (RST 452 – Km. 115,4). Alerta: essas lojinhas da estrada no sentido norte parecem feitas para encher o porta-malas!
Rumo ao Sul: Dia 6 ( Parque Nacional da Serra Geral )
Lar do Cânion Fortaleza, o Parque Nacional da Serra Geral é atingido pela CS-012, estrada que começa na continuação da Av. Getúlio Vargas, a principal de Cambará, que começa na RS-20 e termina na estrada para o parque. Do centrinho até o local reservado para estacionamento, próximo à borda do cânion, são cerca de 23 km com trechos mistos: o primeiro terço é no asfalto e o restante em estrada de terra pedregosa com condições que vão de razoáveis a ruins, com um pouco menos de dificuldade para carros de passeio 4×2 e motoristas acostumados que o trecho que liga a cidade de Praia Grande a entrada do parque (leia mais sobre a RS-429 aqui). O parque fica aberto todos os dias, das 08h às 17h e não cobra absolutamente nada do visitante. Não há, entretanto, qualquer estrutura para visitação e o único banheiro fica na portaria do IBAMA, na entrada do parque. Quando chegar à portaria, será atendido por um agente que anotará a placa do veículo e o número de ocupantes, alertando para que o veículo retorne às 17h impreterivelmente, alertando sob penalidades cabíveis.
Aqui vale a mesma dica do Parque de Aparados: para encarar os cânions e divertir-se sem preocupações, saia o mais cedo possível. À tarde é frequente que o nevoeiro (chamado de “viração” pelos locais) tome todo o cânion, inviabilizando ao visitante contemplar a paisagem. Não se esqueça de ir muito bem agasalhado, de touca e com roupas que barrem bem o vento, pois na região o frio é muito intenso, sobretudo quando o sol está encoberto por nuvens, ocasiões em que o minuano mostra toda sua crueldade. Caso você se perca, a dica dos locais é evitar a todo custo ir para o interior dos cânions, pois é bastante comum trilheiros experientes confundirem caminhos de bois com trilhas e saírem do caminho principal. Opte sempre em seguir os paredões pois terá mais chance de encontrar o caminho de volta. E pode esquecer o celular, pois não há nem rastro de sinal lá dentro.
Vale alertar também que não se deve alimentar os graxains e outros animais, que não raro cruzam a estrada dão trela para os turistas. A lista de animais que podem ser avistados é grande: lontra, graxains, veado-campeiro, macaco-prego, bugio, caxinguelê, papagaio-de-peito-roxo, curicaca, gralha-azul e até mesmo o puma vivem por ali. Dar comida a qualquer deles, além de desmotivá-lo a buscar o próprio alimento, pode prejudicar a saúde animal, desbalanceando seu metabolismo. Bater fotos, entretanto, não tira pedaço e certamente os aficcionados vão se divertir demais fazendo isso.
A visita ao parque dura quanto o mochileiro quiser. O circuito clássico/oficial dura aproximadamente três horas, totalizando cerca de 7km de percurso. Tanto a Trilha do Mirante quanto a Trilha da Pedra do Segredo tem 3,5km e já oferecem um visual estupendo, em meio às araucárias, típicas dos campos de altitude, e a vista de tirar o fôlego dos paredões vistos diretamente da borda do cânion. Lá de cima, em dias claros, é possível avistar as praias da gaúcha Torres de um lado e pequenas cidades catarinenses de outro. Lembre-se: não há placas, proteções, estrutura ou qualquer apoio ao turista na Serra Geral, portanto tudo que fizer será por sua conta e risco. Além dos trechos citados, o trilheiro fica solto para visitar toda e qualquer área dos cânions e está à mercê de sua própria sorte aventurando-se nas bordas do abismo, não raro cobertas por mata traiçoeira que esconde buracos e pedras soltas, algumas envoltas em lama. Fantástico para os aventureiros, fatal para os imprudentes.
Na trilha do mirante (bem definida, vista de longe, subindo à direita de quem chega a área de estacionamento) é possível observar quase todo o cânion do Fortaleza, contemplando sua imensidão e beleza. É o maior cânion do Parque Nacional da Serra Geral, com cerca de 7,5 km de extensão, largura de até 2000m e altitude de 1.240m acima do nível do mar, 500m de altura no local. Não há como descrever a vista lá de cima, é ver para crer mesmo. Curiosidade: o nome do cânion refere-se ao formato dos rochedos, que lembram as muralhas de uma fortaleza, cobertas por um verde escuro belíssimo, constituído majoritariamente de folhas de urtigão de até 1,5m de diâmetro. Do topo da trilha do mirante t
têm-se a melhor vista do cânion que lembra essa formação.
Ilha do Cardoso : Natureza Intacta ao lado de São Paulo
Vinte e dois mil hectares de mata atlântica para apenas quatrocentos habitantes. Te parece uma boa proporção? Pode ficar ainda melhor!
A Ilha do Cardoso é um distrito da cidade de Cananéia, cidade localizada no meio do caminho entre São Paulo (258km) e Curitiba (260km), última cidade do litoral paulista antes da divisa com o Paraná. Geograficamente, a Ilha do Cardoso fica próxima a suas irmãs mais famosas, Ilha do Mel e Ilha Comprida, mas com viés totalmente diferente: aqui a beleza é totalmente selvagem. É lá que fica o Parque Estadual da Ilha do Cardoso, porção mais rica em vegetação de Mata Atlântica e diversidade biológica do Sudeste brasileiro. Singulares costões rochosos, grande variedade de animais selvagens, muita restinga e manguezais intactos, uma quantidade imensa de aves que sobrevoam o mar todas as manhãs e finais de tarde, pôr-do-sol cinematográfico garantido quase todos os dias e um dos céus mais estrelados de São Paulo são diversão garantida para quem não se importa em deixar o celular em casa e abdicar da luz elétrica por alguns dias.
A maioria dos turistas que visitam o local costumam ficar no Vilarejo do Marujá, lado mais pop da ilha, cujas referências estão bastante espalhadas pela internet afora e não há qualquer dificuldade na preparação. Mas o mochileiro maluco quer mais, muito mais.
Dividida entre a porção oceânica – repleta de águas claras, mar bravo, costões rochosos e muita vegetação atlântica – e a porção de selva – basicamente formada por manguezais, fauna e flora abundantes – a Ilha do Cardoso é diversão garantida para quem gosta de natureza e pretende fugir da civilização sem rodar ou gastar muito. E já que o negócio é integração, a grande dica é ficar do outro lado da ilha, local ainda mais isolado! Confira:
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Consumir menos para viajar mais
Hoje pela manhã tive a oportunidade de ler um excelente artigo do Conrado Navarro sobre inteligência financeira que explorava alguns conceitos interessantes, perfeitamente aplicáveis ao tema deste blog. Navarro comentava de uma conversa com Reinaldo Domingos (autor dos festejados “Terapia Financeira” e “O Menino do Dinheiro”) sobre dicas de como se pode viver melhor, durante mais tempo e com mais dinheiro. Sim, mais tempo e mais dinheiro significam mais viagens. O foco do artigo não era esse, mas alguns conceitos são universais e podem ser aplicados ao planejamento de viagem, motivo pelo qual vou compartilhá-los com vocês.
Hoje em dia planejamento financeiro e investimento para o futuro são obrigatórios, então por que não aproveitar a mesma disposição para planejar melhor suas viagens? Em termos práticos, não adianta culpar o momento de crise pela dificuldade em investir uma parte de sua grana. O fato é que a crise afeta a todos, mas com um objetivo claro e definido é possível. É sempre possível.
O artigo menciona que em geral os brasileiros “sonham pouco e almejam menos ainda”, com muitos vivendo uma vida aparentemente saudável e completa, mas incoerente com sua realidade financeira e incapaz de sustentar seu padrão de vida. Isso se traduz também na vida mochileira. Se o objetivo é fazer uma viagem internacional importante – sonho de muita gente – obter recursos financeiros para tanto é absolutamente factível para quem tem ao menos um emprego fixo.