Rumo ao Sul: Dia 4 (de Praia Grande a Cambará do Sul)

O sol nasceu por volta das seis da manhã e cerca de duas horas depois lá estávamos nós destruindo a mesa do café da manhã do Seu Sérgio, de malas prontas para sair. Como já dito em outros posts, aqui tínhamos que tomar uma decisão:

a. Voltar sentido litoral, cair na BR101, seguir até Terra de Areia (não deixe de experimentar um abacaxi por ali, especialidade dos caras), dobrar à direita na RS-453 ( Rota do Sol), seguir 55 km até o trevo que dá acesso a Cambará do Sul, dobrar à direita na RS-020 e vencer os últimos 34 km.  Ou…

b. Adentrar mais uma vez a Serra do Faxinal a partir de Praia Grande mesmo.  Até a entrada do Parque Nacional Aparados da Serra, que visitamos no dia anterior, são cerca de 20 km. Depois, até o centro de Cambará, mais 20km dos diabos naquele mar de pedregulhos, poças d´água e Murphy acenando o tempo todo à beira da estrada.

Como já havíamos conhecido o primeiro trecho da Serra do Faxinal no dia anterior e não haveria grandes novidades até Cambará, coletamos algumas informações com os locais e optamos por seguir a Rota do Sol. Todas as informações diziam que todo o trecho a ser vencido teria cerca de 132km de asfalto bem cuidado e paisagens deslumbrantes. Pela novidade, pelo bem do carro e também pela curta distância, seguimos por ali. De relevante acerca de segurança, vale atenção em todo o trecho da BR-101 a partir de Torres, pois ali começa outro trecho em obras daqueles. Porém, garanto: a Rota do Sol compensará todo o esforço com suas belíssimas curvas e paisagens de tirar o fôlego. De Torres a Cambará levamos  aproximadamente duas horas e meia de viagem. Nas serras do trecho final vale dar uma parada nos mirantes, respirar o ar úmido e puro da região, comer um abacaxizinho nas inúneras barracas que se multiplicam em alguns pequenos centros e curtir uma trip tranquila pelas bucólicas paisagens locais. Alguma atenção e olho no mapa nos entroncamentos e não haverá qualquer problema.

Importante: Cuidado com os radares na região da Tainhas. Caso você decida dar uma esticada Até São Francisco de Paula, Gramado ou Canela, redobre, triplique, quadruplique a atenção com os pardais. Um dos legados de Ieda Crucius para os gaúchos é essa infestação radares fixos e móvei,s ávidos por motoristas ansiosos. Caso você não esteja fugindo da polícia, vá na boa. rs

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Rumo ao Sul: Parque Nacional de Aparados da Serra

A cidade de Praia Grande-SC é toda rodeada pelos Canyons,  que são o grande atrativo da região e podem ser visitados o ano todo. O mais próximo, do Itaimbezinho, é o mais famoso, o mais procurado e também o mais estruturado. Inaugure seu passeio por lá, mas não sem antes comprar seu lanche numa das mercearias da cidade. Os pães, o queijo e o mel são o forte da cidade e não vão te deixar na mão. Compre água também e não se esqueça da capa de chuva, pois o tempo lá em cima pode estar completamente diferente.

Para visitar o Itaimbezinho, é necessário percorrer 18km sofridos na RS-429 que liga o centro da cidade a entrada do Parque Nacional de Aparados da Serra. Como já falamos, a estrada é bastante pedregosa, cheia de curvas, grandes aclives, declives pronunciados,  buracos e crateras, todas repletas de poças d´água e trechos enlameados na época das chuvas. Cheque bem as condições do veículo antes de ir e só suba com um carro de passeio se tiver mantimentos suficientes para o dia todo e agasalhos suficientes para suportar bem o frio, pois tanto a ida quanto a volta podem demorar mais que o previsto. Não é necessário 4×4 caso o motorista seja experiente e paciente.

Chegando ao parque, é só alegria. As instalações contam com um centro de visitantes que funciona de quarta a domingo, das 9h às 18h (a bilheteria fecha às 17h, a lanchonete só abre aos fins de semana, o tel é 54-504 5289.) com banheiros amplos e limpos, mapas e guias informativos. A entrada custa R$6 por cabeça, mais R$5 por carro. O cânion Itaimbezinho tem 5,8 km de extensão e pode ser todo percorrido em apenas um dia: saindo de manhã bem cedo, é possível percorrer toda a borda do cânion, dividida em duas trilhas: a do Vértice e a do Cotovelo. Ambas muito fáceis, sendo a primeira com 1.440m (ida e volta), facilmente percorridos em 45 min. de caminhada tranquila, porém sujeita a ventos bastante gelados no inverno (vá bem agasalhado).  Nesta trilha é possível observar boa parte do cânion e as sensacionais cachoeiras Véu da Noiva e Andorinhas (700m de altura).  A segunda trilha é um pouco mais longa, tem 6.306m (ida e volta) e pode ser percorrida em 2h de caminhada também tranquila, com visual ainda mais amplo e muito bacana para fotografar. Há outras trilhas que exploram o cânion de outros ângulos, sem sinalização, para as quais é necessária autorização prévia. Perguntar não ofende.

Terminada a aventura, pode-se seguir direto a Cambará do Sul pela mesma estrada e nas mesmas condições, por cerca de 19km, ou retornar a Praia Grande para dormir e continuar a saga no dia seguinte. E tem mais: ali mesmo, quase na entrada do Itaimbezinho, em frente ao Pórtico Gralha Azul,  cruza-se uma porteira e um pouco à frente um rio. Lá começa a trilha de 4km até a Fazenda Malacara, aos pés do cânion de mesmo nome (ao adentrar a porteira, pela permissão, pois as terras são particulares). Dali são mais 7 km de bela caminhada até o Cânion Malacara e se houver disposição, mais 2 km até o Cânion Churriado. É possível, ainda, tomar uma trilha de lá para o Cânion Fortaleza, já no Parque Nacional da Serra Geral, distante cerca de 10 km. Atualmente há determinação do IBAMA que proíbe essa travessia por questões ambientais e de segurança (o caminho é confuso e é fácil perder-se na mata). Informe-se.

De Praia Grande parte uma trilha mais tranquila para o Cânion Malacara, que é possível de se fazer em um único dia, porém só com agendamento pois o início da trilha coincide com a portaria da Pousada Pedra Afiada (tel. 48-532-1059 ou 3532-1059), cuja entrada é restrita. Os mais aventureiros também podem contratar um guia e percorrer a Trilha do Rio do Boi, bem mais pesada, com 8.343m (ida e volta) e duração de aproximadamente 7h de caminhada. Também por determinação legal, essas trilhas são fechadas para visitação sem acompanhamento de guias.

Importante: para encarar os cânions e divertir-se sem preocupações, saia o mais cedo possível. À tarde o nevoeiro (chamado de “viração” pelos locais) toma todo o cânion, inviabilizando ao visitante contemplar a paisagem. Não se esqueça de ir muito bem agasalhado, de touca e com roupas que barrem bem o vento, pois na região o frio é muito intenso, sobretudo quando o sol está encoberto por nuvens, ocasiões em que o minuano mostra toda sua crueldade. Caso você se perca, a dica dos locais é evitar a todo custo ir para o interior dos cânions, pois é bastante comum trilheiros experientes confundirem caminhos de bois com trilhas e saírem do caminho principal. Opte sempre em seguir os paredões pois terá mais chance de encontrar o caminho de volta. E pode esquecer o celular, pois não há nem rastro de sinal lá dentro. E anote também o telefone da mecânica local, caso o possante sofra danos mais sérios: (48) 3532-1754 (ou 9148-5759, 8813-4430, 9147-6793, 8804-8129).

De nossa parte, seguimos o roteiro à risca, acordando cedo, andando muito o dia todo e chegando de volta a Praia Grande no começo da noite, sem qualquer problema e absolutamente deslumbrados com a paisagem.  Vencemos o frio dos cânions e os sacolejos da estrada, fomos visitados por simpáticos graxains numa despretensiosa parada para fotos e desembarcamos em Praia Grande pouco depois do anoitecer. Por lá foi só fogareiro, chuveiro quente e cama. A seguir, direto ao Parque Nacional da Serra Geral!

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Rumo ao Sul : Dia 3 (Praia Grande-SC)

Praia Grande fica a 300km de Floripa, cerca de quatro horas de viagem de carro nas condições atuais da estrada. Na época, a estrada que liga a BR101 ao centro estava em ótimas condições, mas é comum essa situação mudar bastante quando chove muito na região. Informe-se na Secretaria Municipal de Turismo nos tels. (54) 3251.1320 / 3251.1557 antes de visitá-la.

A cidade é bastante simples, com centro pequeno, pouca oferta de serviços e estrutura enxuta. Não tem o charme da vizinha Cambará do Sul, mas por esse mesmo motivo é bem mais econômica. Praticamente não há vida noturna, exceto por alguns pequenos bares e pizzarias, que só tem algum movimento aos fins de semana e na temporada. Também pudera, a temperatura média anual é de 19 graus e o índice pluviométrico é de 1400 a 1600 mm/ano, nem um pouco convidativos depois das 18h, quando as ruas ficam desertas e a temperatura cai tranquilamente para baixo dos 8 graus.

Nossa base ali foi montada no Hotel e Restaurante do Sérgio. Depois de bastante procurar (e azucrinar a garota que atendia no Centro de Informações Turísticas) optamos pelo estabelecimento desse simpático catarinense, que nos atendeu com bastante zelo e forneceu boas informações sobre a região. O hotel é a típica opção mão-de-vaca na cidade: tem estacionamento privativo, suítes com banho quentinho, de decoração simples e agradável e com ótima vista para os paredões. Fica na Av. Irineu Bornhausen, 449, Centro (tel. 48-3532-0191). O quarto sai por 60 reais a diária com um bom café da manhã incluído. O hotel também serve jantar ( opcional) e dispõe de serviços de agendamento e turismo com guias da região, o que é ótimo para quem está sem transporte. Caso você se hospede em outro local (há opções para todos os gostos e bolsos), agende seu transporte com os guias pelo tel  (48) 532-1414, pois não há serviço de ônibus para as atrações.

O centro da cidade é pequeno e mal sinalizado. O ideal é buscar informações no Centro Turístico e perguntar aqui e ali, confirmando algumas informações contraditórias das poucas placas de sinalização. Com sorte  é possível avistar tucanos, gralhas azuis,  papagaios, gatos selvagens e graxains, especialmente nas estradas vizinhas, portanto, vá devagar e procure não “causar” na estrada para ser agraciado com a visita dos belos animais. E vamos ao que interessa!

trilha inicia em frente ao Pórtico Gralha Azul (entrada para Cânion Itaimbezinho). Do outro lado da estrada, cruza-se uma porteira e, mais adiante, um rio. Até a Fazenda Malacara são 4 quilômetros (aqui o melhor é pedir permissão ao Capataz para continuar a caminhada). Dali são mais 7 km de caminhada pelos campos até o Cânion Malacara e mais 2 km até o Churriado. Para chegar ao Cânion Fortaleza, caminha-se mais 10 km.
Trilha fechada a visitação por determinação do IBAMA

 Cânion Malacara © Renato Grimm

Trilha moderada a difícil, ideal para fazer em três dias.
Para quem não dispõe de tanto tempo, a opção é caminhar até o cânion Malacara e retornar no mesmo dia.
Em 5 horas, percorre-se os 22 quilômetros (ida e volta).
Dica: Nas duas opções é aconselhável o acompanhamento de guia ou o uso de uma bússola ou GPS, pois, se ocorrer a viração, você pode se perder com muita facilidade

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Rumo ao Sul : Dia 2 (Bombinhas-SC a Praia Grande-SC)

Rumo aos cânions !!

Mas não foi fácil. De Bombinhas a Floripa são 70 km bastante tranquilos, mas daí para frente é pista simples, em obras e com pouquíssimos pontos de ultrapassagem por cerca de 160 km até Tubarão. Fiz o trecho todo debaixo de uma tempestade sem precedentes, desviando de caminhões dirigidos por loucos, motos ziguezagueando ameaçadoramente entre os carros e tratores removendo sujeira e entulho da pista, que surgiam a todo momento nos trechos mais inusitados da estrada. Com visibilidade quase zero e obras para todo lado, aquele trecho em manutenção mais parecia uma zona de guerra. Felizmente, as obras hoje e dia já estão em fase final e o problema em breve deve desaparecer. De São Paulo a Tubarão foram 818km.

Depois é só seguir em direção ao Rio Grande, passando pela cidade de Araranguá. A dica aqui é ficar esperto assim que passar a cidade de Sombrio: poucos quilômetros à frente está a saída para Praia Grande-SC, que estava sem qualquer sinalização em maio de 2009.

Aqui, o motorista tem que decidir qual rota seguir. São duas opções:

1. Passeio de Tia: Passar direto por Praia Grande, seguir até Torres (já no Rio Grande) depois mais 43km até Terra de Areia (não deixe de experimentar um abacaxi por ali, especialidade dos caras) onde dobra-se a direita na RS-453 ( Rota do Sol). São 55 km até o trevo que dá acesso a Cambará do Sul, onde dobra-se à direita na RS-020, faltando apenas 34 km. Todo esse trecho tem 132km de asfalto bem cuidado. Importante: a partir de Torres, a BR-101 tem outro trecho em obras, o que requer atenção redobrada. Porém, a Rota do Sol compensará todo o esforço com suas belíssimas curvas e paisagens de tirar o fôlego. De Torres a Cambará são aproximadamente duas horas e meia de viagem.

2. Na Coragem: A outra alternativa é atacar os cânions logo de cara, adentrando Praia Grande. Até o centro da cidade é tudo asfaltado, depois a estrada é de chão e piora logo à frente: todo o leito carroçável da Serra do Faxinal é revestido de pedras soltas. A paisagem é exuberante, porém a estrada exige muita atenção e sobretudo paciência. Evite este caminho durante a noite e com neblina, especialmente se tiver chovido. Até a entrada do Parque Nacional Aparados da Serra, onde fica o Cânion Itaimbezinho, são cerca de 20 km. Depois, até o centro de Cambará, mais 20km na mesma qualidade. Dirigindo com prudência e muito cuidado, qualquer carro vence o Faxinal, mas é recomendável informar-se previamente sobre as condições da estrada na Secretaria Municipal de Turismo nos tels. (54) 3251.1320 / 3251.1557 (boa sorte!).

Qual escolhemos? Praia Grande na cabeça!

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Rumo ao Sul: Bombinhas-SC

Aqui não tecerei grandes comentários, já que passamos pela região no mês de maio (2009), ocasião em que o clima era frio, com bastante vento e chuva. O objetivo era apenas quebrar a grande distância entre São Paulo-SP e Praia Grande-RS e quem sabe comer um peixinho gostoso e relaxar um pouco antes de seguir viagem no dia seguinte.

O que descobrimos? Se no verão as areias, pousadas e bares ficam repletos de turistas, na baixa temporada Bombinhas lembra uma cidade fantasma! Muitas pousadas fechadas, restaurantes em reforma, estabelecimentos para alugar e ruas desertas.  Se você passar por lá nessa época, procure o Centro de Informações Turísticas na Av. Ver. Manoel José dos Santos, 399, Centro (tel. 47-3369-2807) e pergunte sobre estabelecimentos abertos. No nosso caso, havia apenas alguns hotéis, uma ou duas pousadas de luxo e opções mais bed and breakfast, como uma simpática pousada familiar no Bairro José Amândio: a pousada Santa Maria.

Logo em nossa primeira incursão pelo sul do Brasil, provamos um pouco da conhecida receptividade do povo catarinense. O Sr. Gilberto, proprietário da pousada, nos recebeu de braços abertos: convidou-nos a conhecer sua casa, serviu vinho, contou histórias, tratou seus hóspedes com respeito, simplicidade e atenção. O local é simples, porém limpo e organizado. Possui apartamentos para  2, 4, 6 e 8 pessoas, com ar condicionado e ventiladores, serviço de camareira e café da manhã opcional. Telefones:  47 – 3393.6131, 48 – 9613.1977 e 55 – 9969.3025. Se preferir email, escreva para monica_luis@terra.com.br. Certamente é uma das opções mais econômicas e honestas da região: 40 reais na baixa temporada.

Para comer, encontramos apenas um restaurante aberto: na Av. Ver. Manoel José dos Santos, entre as ruas Cheme e Carpa, o Restaurante Golfinhos serve filé de pescada ao molho de camarão para duas pessoas por 14 reais.  Ótimo serviço, ambiente simples porém conchegante e localização fácil.

De resto, foi passear um pouco pelas praias, avistar corujas buraqueiras e preparar o corpo para a segunda perna da viagem, rumo a Praia Grande-SC. Passeamos por apenas uma tarde, o que na baixa temporada significa conhecer toda a cidade. Bombinhas é uma das menores cidades do Brasil e certamente parece ainda menor quando está vazia. Bacana!

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Rumo ao Sul: Dia 1 (São Paulo-SP a Bombinhas-SC)

O primeiro trecho de viagem é bastante tranqüilo. A primeira decisão relevante a se tomar é vencer a Serra do Cafezal enfrentando-a de frente, pela Rod. Régis Bittencourt (trecho da BR-116 entre São Paulo e a divisa entre o Paraná e Santa Catarina) ou margear a serra via litoral, utilizando o Sistema Anchieta-Imigrantes. A primeira opção sempre foi conhecida como a mais econômica, porém hoje em dia a realidade começou a mudar. Privatizada em 2008, esse trecho da BR116 está sob responsabilidade de uma concessionária que já tratou de espalhar seis praças de pedágio no trajeto. Ao valor de R$ 1,50 para cada carro de passeio, os pedágios entraram em operação em dezembro daquele ano e já são seis: São Lourenço da Serra (km 299), Miracatu (km 370), Registro (km 427), Cajati (km 485), Barra do Turvo (Km 542) e Campina Grande do Sul (km 57, no Paraná), perfazendo o total de R$9,00. Não é tão caro, mas devido a péssima qualidade do asfalto, a grande quantidade de caminhões, a imensa falta de segurança em boa parte do trajeto e as péssimas condições da estrada, sobretudo na Serra do Cafezal (entre os Kms 228 a 253) essa opção não é uma boa. Preferia seguir pelo litoral, utilizando a Rodovia dos Imigrantes (leia aqui sobre o Sistema Anchieta Imigrantes).

Minha dica nesse sistema é optar pela Rodovia dos Imigrantes, utilizando-se a nova Pista Sul.  São 23,23 quilômetros em declive, com nove viadutos, três túneis (um deles é o maior do Brasil, com 3km de comprimento). Na estrada foram utilizados nove estádios do Morumbi em concreto e quatro torres Eiffel em aço. Uma belíssima obra de engenharia, que gerou controvérsias durante a construção, porém foi terminada e está lá para ser usada sem dó pelo motorista. Para tanto, entretanto, desembolsa-se incríveis R$17,80.  E pode ficar mais caro, caso o incauto viajante desrespeite a sinalização e seja pego por radares, distribuídos a cada 3,5km para fiscalizar quem ultrapassa 80km/h. O trajeto todo entre São Paulo e a Baixada tem 70 quilômetros e leva cerca de uma hora (em feriados pode chegar a três horas). Consulte o site da concessionária antes de viajar para informar-se sobre alterações no fluxo.

De lá, é só seguir as placas de Itanhaém/Mongaguá para cair na SP-55 , trecho conhecido como Rod. Padre Manoel da Nóbrega, que liga Cubatão (km. 270) a Miracatú (Km. 389). Nesse trecho só há cobrança de pedágio na volta, porém a quantidade de radares aumenta e todos eles são móveis, bem escondidos e prontos para fragrar os motoristas que ultrapassam os 80km/h. A estrada está em ótimas condições em 80% de sua extensão, entretanto, devido a escassez de pontes, viadutos e passarelas, os pedestres atravessam a pista a qualquer momento, motivo pelo qual a velocidade é tão reduzida e controlada.

A quilometragem de quem opta por seguir pelo litoral é maior, mas a viagem é uma das mais tranqüilas, bem sinalizadas e seguras do país. A partir daí, de Miracatu a Curitiba segue-se pelo melhor trecho da Rod. Régis Bittencourt, por cerca de 300km, totalizando 408km de viagem. Há poucos postos de combustível nesse trecho, então procure abastecer quando estiver a meio tanque, preferencialmente nos arredores de Cajati. O mesmo ocorre nos 130km restantes até Joinvile, a partir de onde a oferta de postos aumenta e torna-se regular. Atenção: há um rodoanel em Curitiba, onde deve-se tomar a direção da BR-378, rodovia que nasce em Dourados-MS, corta toda a região e leva até  Garuva, já em Santa Catarina. No caminho,  a única cidade com boa estrutura é São José dos Pinhais.

O acesso a Bombinhas é pela BR-101, no viaduto para Porto Belo, trecho em obras de duplicação. Da estrada ao centro de Porto Belo a estrada é de lajotas e exige um pouco de atenção, porém no trecho Porto Belo-Bombas o asfalto é bem cuidado.  Total da viagem: 670km.

A obra exigiu investimentos de US$ 300 milhões para enfrentar os desafios da natureza nos seus 21km de extensão. Dentre os destaques da obra estão dois dos maiores túneis rodoviários do país, com mais de 3km de extensão.
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Rumo ao Sul : Preparação

O primeiro passo da preparação – e um dos mais deliciosos, confesso – é decidir o roteiro básico. Partir de Sampa City num dia útil qualquer para evitar trânsito nas estradas, rumar em direção a Curitiba (408Km), de lá partir para a direção de Joinville (mais 130km) e dali pra Bombinhas, os derradeiros 125Km de BR-101 do primeiro dia. Seriam 643Km de pernada no primeiro dia, direto, o que não é muito mas daria pra começar. A idéia era sair na quarta-feira 13 de maio de 2009 por volta das seis horas da manhã, forrar o estômago em alguma dessas cidades e chegar em Bombinhas no meio da tarde.

Bombinhas foi escolhida como primeira parada porque apesar do tempo frio e da falta de atrações nessa época do ano, conseguimos algumas boas indicações de pernoite barato na região, a cidade é bem menos badalada que Guarda do Embaú e Camboriú, bem menor que Florianópolis e fica bem na metade do caminho para Praia Grande-RS, nosso primeiro destino efetivo.  A idéia era andar um pouco na praia, jantar num lugar legal e no dia seguinte seria levantar cedo e pegar a estrada, chegando no meio da tarde a primeira cidade dos cânions. Lá conheceríamos o Malacara e depois cruzaríamos os quarenta quilômetros de estrada de chão da  belíssima Serra do Faxinal até Cambará do Sul, onde passaríamos a noite para conhecer os famosos cânions do Itaimbezinho e Fortaleza e o que mais fosse possível dos Parques da Serra Geral e de Aparados da Serra.

Esse ponto foi o primeiro de dois grandes impasses: as informações sobre as condições da Serra do Faxinal são absolutamente conflitantes nos relatos eletrônicos e guias de viagem. Lê-se desde relatos de carros comuns como Palios, Gols e Unos cruzando sem problema o cascalho até alertas para só ir de veículos 4×4 e mesmo assim evitar trafegar em dias chuvosos . Uma alternativa seria voltar a BR-101 e descer até Torres-RS, trafegar mais 43km até Terra de Areia,  onde dobra-se a direita na RS-453, também conhecida como  Rota do Sol.  Daí os relatos apontavam para 55 km até o trevo que dá acesso a Cambará do Sul, onde pegando a direita entra-se na RS-020 e aí são só mais 34 km até Cambará do Sul. Todo o trecho tem 132Km e é todo novo e recém-asfaltado na RS-453. Os conservadores sugeriram escolher esta opção, falando muito bem da paisagem e calculando o trecho todo em duas horas. Racionalmente, já que íamos de 4×2, a escolha seria óbvia. Mas eu não me convenci. Deixei para decidir quando lá chegasse.

De lá, vencida a parte mais bacana da trip, passaríamos por Gramado e Canela para conferir um pouco das tão famosas cidades, porém já sabendo que seria bem rápido, já que compras e badalação não eram o objetivo. De lá, escolhemos passar por Bento Gonçalves para ver as vinículas e iniciar a volta para São Paulo pegando a BR-116 em direção a Lages-SC, BR-282 rumo a Bom Retiro e a seguir a SC-430 por mais 19Km direto a próxima e última parada: Urubici-SC. Lá, planejamos ver as atrações naturais da região, incluindo o famoso Morro da Igreja (onde ficam a Base Militar do Cindacta e a famosa Pedra Furada) e conhecer as duas grandes atrações rodoviárias de Santa Catarina: as a imponente Serra do Corvo Branco (no ponto mais alto, a estrada cruza dois paredões de 90m, o maior corte vertical feito em rocha no Brasil) e a belíssima Serra do Rio do Rastro. Aí tivemos nossa segunda dúvida: subir a Rio do Rastro e descer a Corvo Branco ou o oposto?

Na verdade, no primeiro roteiro que montamos, essa seria a primeira parte da viagem por dois motivos: primeiro para não tirarmos a graça de todo o resto da viagem conhecendo as melhores atrações (os cânions gaúchos) antes das outras e segundo porque fazendo essas duas estradas difíceis logo no começo da viagem evitaria que decidíssemos, por cansaço, evitá-las no final. Infelizmente tivemos que passar essa parte para o final do roteiro, porque caso contrário chegaríamos à região dos cânions gaúchos no fim de semana e o Parque de Aparados da Serra só abre de quarta a domingo. Preferimos não correr o risco de ficarmos com o roteiro engessado por um ou dois dias por conta dessa limitação. Outro motivo importante para a mudança foi que fazendo dessa forma a volta se tornou menos cansativa, já que nosso último destino estava bem mais próximo do meio do caminho, não mais no ponto mais distante da viagem. Depois vimos que a escolha foi excelente.

Dali o retorno seria direto a São Paulo ou caso necessário, pararíamos em alguma cidade entre Joinville e Curitiba ou mesmo na capital paranaense. Optamos por Curitiba, pelos motivos que vocês conhecerão ao final do relato. Bora lá!

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Rumo ao Sul: De São Paulo ao Rio Grande do Sul

Logo depois de voltar da mochilada em Salvador e Morro de São Paulo no ano passado, resolvi que era hora de tentar uma roadtrip. Venho planejando já há alguns anos uma viagem épica de Sampa City a Ushuaia, mas como por hora isso é inviável, tive que me contentar com algo que pudesse pagar e que fosse possível de realizar em cerca de 15 (quinze) dias.

Sempre tive vontade de visitar o Sul do país. As notícias dos viajantes que por lá passam são sempre as melhores possíveis e eu nunca tirei da mente as imagens dos cânions que vi numa revista cerca de dez anos atrás. A partir daí não foi difícil armar um roteiro, planilhar gastos e planejar a rota. Em pouco tempo já tinha muita informação dos amigos de blogs e fóruns, alguns telefones e indicações, mapas e um roteiro de preparação.

E não foi difícil seguir. As informações da região na internet são bastante fidedignas, os telefones de lá não mudam com muita freqüência, a condição das estradas é estável e não há muita movimentação em relação aos parques naturais e outros destinos ecoturísticos. Enfim, correu tudo mais ou menos como planejado e a viagem foi sensacional.

A partir de hoje escrevo um pouco por dia contando desde a preparação para a trip, com algumas dicas sobre coisas que descobri da melhor e da pior forma possíveis, até o roteiro ponto a ponto, com nomes, telefones e indicações, todas atualizadas. Espero que gostem e que sirva de guia para quem quiser experimentar. Aguardo também comentários e dicas complementares.

Grande abraço e boas leituras

Raulzito

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