A cidade de Praia Grande-SC é toda rodeada pelos Canyons, que são o grande atrativo da região e podem ser visitados o ano todo. O mais próximo, do Itaimbezinho, é o mais famoso, o mais procurado e também o mais estruturado. Inaugure seu passeio por lá, mas não sem antes comprar seu lanche numa das mercearias da cidade. Os pães, o queijo e o mel são o forte da cidade e não vão te deixar na mão. Compre água também e não se esqueça da capa de chuva, pois o tempo lá em cima pode estar completamente diferente.
Para visitar o Itaimbezinho, é necessário percorrer 18km sofridos na RS-429 que liga o centro da cidade a entrada do Parque Nacional de Aparados da Serra. Como já falamos, a estrada é bastante pedregosa, cheia de curvas, grandes aclives, declives pronunciados, buracos e crateras, todas repletas de poças d´água e trechos enlameados na época das chuvas. Cheque bem as condições do veículo antes de ir e só suba com um carro de passeio se tiver mantimentos suficientes para o dia todo e agasalhos suficientes para suportar bem o frio, pois tanto a ida quanto a volta podem demorar mais que o previsto. Não é necessário 4×4 caso o motorista seja experiente e paciente.
Chegando ao parque, é só alegria. As instalações contam com um centro de visitantes que funciona de quarta a domingo, das 9h às 18h (a bilheteria fecha às 17h, a lanchonete só abre aos fins de semana, o tel é 54-504 5289.) com banheiros amplos e limpos, mapas e guias informativos. A entrada custa R$6 por cabeça, mais R$5 por carro. O cânion Itaimbezinho tem 5,8 km de extensão e pode ser todo percorrido em apenas um dia: saindo de manhã bem cedo, é possível percorrer toda a borda do cânion, dividida em duas trilhas: a do Vértice e a do Cotovelo. Ambas muito fáceis, sendo a primeira com 1.440m (ida e volta), facilmente percorridos em 45 min. de caminhada tranquila, porém sujeita a ventos bastante gelados no inverno (vá bem agasalhado). Nesta trilha é possível observar boa parte do cânion e as sensacionais cachoeiras Véu da Noiva e Andorinhas (700m de altura). A segunda trilha é um pouco mais longa, tem 6.306m (ida e volta) e pode ser percorrida em 2h de caminhada também tranquila, com visual ainda mais amplo e muito bacana para fotografar. Há outras trilhas que exploram o cânion de outros ângulos, sem sinalização, para as quais é necessária autorização prévia. Perguntar não ofende.
Terminada a aventura, pode-se seguir direto a Cambará do Sul pela mesma estrada e nas mesmas condições, por cerca de 19km, ou retornar a Praia Grande para dormir e continuar a saga no dia seguinte. E tem mais: ali mesmo, quase na entrada do Itaimbezinho, em frente ao Pórtico Gralha Azul, cruza-se uma porteira e um pouco à frente um rio. Lá começa a trilha de 4km até a Fazenda Malacara, aos pés do cânion de mesmo nome (ao adentrar a porteira, pela permissão, pois as terras são particulares). Dali são mais 7 km de bela caminhada até o Cânion Malacara e se houver disposição, mais 2 km até o Cânion Churriado. É possível, ainda, tomar uma trilha de lá para o Cânion Fortaleza, já no Parque Nacional da Serra Geral, distante cerca de 10 km. Atualmente há determinação do IBAMA que proíbe essa travessia por questões ambientais e de segurança (o caminho é confuso e é fácil perder-se na mata). Informe-se.
De Praia Grande parte uma trilha mais tranquila para o Cânion Malacara, que é possível de se fazer em um único dia, porém só com agendamento pois o início da trilha coincide com a portaria da Pousada Pedra Afiada (tel. 48-532-1059 ou 3532-1059), cuja entrada é restrita. Os mais aventureiros também podem contratar um guia e percorrer a Trilha do Rio do Boi, bem mais pesada, com 8.343m (ida e volta) e duração de aproximadamente 7h de caminhada. Também por determinação legal, essas trilhas são fechadas para visitação sem acompanhamento de guias.
Importante: para encarar os cânions e divertir-se sem preocupações, saia o mais cedo possível. À tarde o nevoeiro (chamado de “viração” pelos locais) toma todo o cânion, inviabilizando ao visitante contemplar a paisagem. Não se esqueça de ir muito bem agasalhado, de touca e com roupas que barrem bem o vento, pois na região o frio é muito intenso, sobretudo quando o sol está encoberto por nuvens, ocasiões em que o minuano mostra toda sua crueldade. Caso você se perca, a dica dos locais é evitar a todo custo ir para o interior dos cânions, pois é bastante comum trilheiros experientes confundirem caminhos de bois com trilhas e saírem do caminho principal. Opte sempre em seguir os paredões pois terá mais chance de encontrar o caminho de volta. E pode esquecer o celular, pois não há nem rastro de sinal lá dentro. E anote também o telefone da mecânica local, caso o possante sofra danos mais sérios: (48) 3532-1754 (ou 9148-5759, 8813-4430, 9147-6793, 8804-8129).
De nossa parte, seguimos o roteiro à risca, acordando cedo, andando muito o dia todo e chegando de volta a Praia Grande no começo da noite, sem qualquer problema e absolutamente deslumbrados com a paisagem. Vencemos o frio dos cânions e os sacolejos da estrada, fomos visitados por simpáticos graxains numa despretensiosa parada para fotos e desembarcamos em Praia Grande pouco depois do anoitecer. Por lá foi só fogareiro, chuveiro quente e cama. A seguir, direto ao Parque Nacional da Serra Geral!